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Bolsonaro rebate ataques sobre a Amazônia

Durante evento em Dubai, o presidente falou sobre as queimadas e desmatamento

O presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) está em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos para um evento com investidores. Mas ao invés de falar sobre os investimentos que busca para o Brasil, ele respondeu a questões envolvendo as queimadas e desmatamentos na Amazônia, que estão com índices preocupantes. De acordo com Bolsonaro, os ataques que o Brasil sofre em relação à Amazônia não são justos”.

Bolsonaro convidou os investidores árabes a conhecer a floresta. Ele mentiu ao dizer que, “por ser uma floresta úmida, não pega fogo”. “Afirmar que a floresta é úmida como um todo era algo verdadeiro há 60 ou 70 anos; hoje, com 20% desmatado, isso não é mais um fato”, explica o ambientalista Antonio Oviedo, assessor do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), ONG presente na Amazônia há 25 anos.

“Ela é úmida em áreas como no interior do Rio Solimões ou no Alto do Rio Negro, onde não tem muitas estradas, mas mesmo lá o fogo já tem entrado, por conta do desmatamento. Quando se fragmenta a floresta em blocos, vem o efeito de borda. Quanto mais bordas tiver, mais seca fica, e facilita a entrada do fogo”, afirma Oviedo.

Contraponto

A diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, reforça que “o desmatamento, a exploração da madeira e outras atividades humanas mudam a condição da floresta úmida como barreira ao fogo”. O Ipam trabalha desde 1995 pelo desenvolvimento sustentável na região.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também apontam, de forma repetida, os focos de incêndio acima da média na floresta nos últimos meses. Em junho, houve o maior número de focos para o mês em 14 anos; no mês de julho, foram quase 5 mil focos; em agosto, 28 mil.

‘Mais de 90% de área preservada’

Bolsonaro também afirmou que a Amazônia tem mais de 90% de área preservada, “exatamente igual” a como era em 1500.

“Os ataques que o Brasil sofre quando se fala em Amazônia não são justos. Lá, mais de 90% daquela área está preservada, está exatamente igual quando foi descoberto no ano de 1500. A Amazônia é fantástica”, declarou.

A afirmação também não é verdadeira, conforme explica Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas – iniciativa do Observatório do Clima e de outras ONGs, universidades e empresas de tecnologia que mapeia anualmente a cobertura e uso do solo do Brasil.

“O bioma Amazônia tem de vegetação nativa aproximadamente 86%. Só que tem pelo menos 4% do bioma que é vegetação secundária. Então 20% da Amazônia já foram desmatadas. Se você considera as áreas que tiveram fogo ou exploração florestal irregular e também outros tipos de impacto – como os efeitos de borda, o garimpo – pelo menos outros 20% da Amazônia estão impactados”, afirma Azevedo.

“Então a gente não pode falar de uma Amazônia totalmente conservada. A Amazônia está passando por uma ameaça forte. Inclusive, o que os estudos recentes têm mostrado é que em algumas regiões a Amazônia já não cumpre o papel de ser a principal fonte de absorção de carbono. Em alguns lugares, ela já está sendo uma fonte de emissão líquida – o que é algo terrível para a questão climática”, pontua.

Viagem ao Oriente Médio

Jair Bolsonaro participou nesta segunda de um fórum de investimentos em Dubai, nos Emirados Árabes, como parte da programação da viagem oficial a países do Oriente Médio. Uma comitiva de ministros acompanhou o presidente no evento.

Bolsonaro está no terceiro dia de agendas nos Emirados Árabes, primeiro destino de uma viagem por três países do Golfo Pérsico. O presidente irá na terça-feira (16) ao Bahrein e na quarta (17) ao Catar com o objetivo de apresentar oportunidades de negócios em áreas como infraestrutura, agricultura e defesa.

O “Invest in Brazil Forum” é organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), um órgão do governo federal.

Durante a abertura do evento, o presidente também fez propaganda do cargueiro KC-390 fabricado pela Embraer. A aeronave é motivo de atrito entre a fabricante e a Força Aérea Brasileira (FAB), que anunciou a redução da compra de unidades da aeronave – de 28 para 15.

A Embraer declarou que adotará medidas cabíveis em relação ao acordo com a FAB, o que sinaliza um possível litígio na Justiça. O governo deseja abrir uma renegociação com a empresa.

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