Esporte

Corinthians se classifica nos pênaltis, mas perde o técnico Cuca que deixa o comando

Timão conseguiu reverter a vantagem do Remo, mas treinador não resiste a pressão em razão das acusações de estupro

Um clima de alegria, alívio, mas também de despedida e pressão tomaram conta da Neo Química Arena nesta quarta-feira (26). Pela terceira fase da Copa do Brasil, o Corinthians teve a dura missão de reverter os 2 a 0 sofridos pelo Remo no jogo de ida. O Timão conseguiu devolver o placar e vencer nos pênaltis. Alegria pura? Nada disso. Diante da forte pressão em razão de uma acusação de estupro em 1987, o técnico Cuca não resistiu e pediu demissão do cargo.

Sobre o jogo, o primeiro tempo foi de amplo domínio corintiano. Tanto que abriu o placar logo no primeiro minuto de jogo, com Adson finalizando em curva, sem chances para o goleiro. O “abafa” continuou por cerca de 15 minutos, com direito a bola no travessão de Róger Guedes.

Aos poucos, porém, o Remo foi se recuperando do choque inicial e começou a ter mais a bola nos pés, neutralizando a pressão corintiana – e chegou até a criar, aproveitando espaços deixados na defesa e erros de passe. Muriqui foi o jogador mais perigoso, armando contra-ataques.

No segundo tempo,o ritmo do Corinthians caiu demais, facilitando a vida de um Remo que já começava a gostar do rumo que o jogo tomava, ou seja, diminuindo a velocidade e fazendo o tempo passar. Nem as entradas de Matheus Araújo e Matheus Bidu mudaram o panorama. No ataque do Remo, Muriqui segurou praticamente sozinho várias vezes e levou perigo à defesa.

O Timão entrou no “modo desespero” nos minutos finais, trocou peças e colocou Gil como centroavante. Aos 47, enfim, o segundo gol veio: Fagner cruzou na área, e Róger Guedes completou de cabeça para as redes, decretando os 2 a 0.

Vieram as decisões por pênaltis e Cássio mais uma vez foi herói ao defender o pênalti de Leonan, definindo os 5 x 4. A defesa, além disso, fez o ídolo se tornar o goleiro com mais penalidades defendidas no Corinthians, com 28, ultrapassando Ronaldo Giovanelli.

Adeus Cuca

Após a partida, o clima foi de euforia, mas também de um clima tenso. O técnico Cuca foi bastante hostilizado por parte da torcida, que pedia que ele saísse, em razão das acusações de estupro conta uma jovem, que na época tinha 13 anos, em 1987, quando ele ainda era jogador do Grêmio. Cuca sempre negou ter participado diretamente do ato e a jovem chegou a não reconhecê-lo. Porém, segundo os advogados da vítima, ele foi sim, reconhecido, o que aumentou ainda mais a pressão.

A passagem de Cuca pelo Corinthians durou menos de uma semana. Ele foi anunciado como substituto de Fernando Lázaro na última quinta-feira e fez a estreia no domingo, em derrota por 3 a 1 para o Goiás, fora de casa, pela 2ª rodada do Brasileirão.

Desde sua chegada o técnico foi alvo de protestos de parte da torcida do Timão, que não aceitou a contratação de um condenado por estupro em 1989, na Suíça. A diretoria dizia acreditar na inocência do treinador, que assim se declara.

Cuca disse ter sofrido muita pressão nos últimos dias, inclusive afirmando que a decisão de deixar o cargo se deu na terça-feira, antes do jogo contra o Remo.

“E antes desse sonho se realizar, tiveram três, quatro dias muito pesados para mim. De pesadelo. Foi quase um massacre o que acabou acontecendo. Eu estava muito concentrado nessa decisão, não queria tirar o foco. E isso acaba levando para os jogadores. Hoje me emocionaram. Estou aqui há cinco dias, mas todos ofertaram para mim. Eu não pedi nada, mas eles sentiram, como ex-atleta que sou, o que estou passando. O que estou passando, e quero ser bem breve, porque não quero ser vítima de nada, é a pior coisa que um homem pode passar. Quando está em xeque a dignidade dele. Quando invade as redes sociais das filhas e mulher com ameaças e ofensas descabidas”, conta.

“Chega um momento em que, sinceramente… Eu vou fazer 60 anos no mês que vem, você pesa o que vale e o que não vale a pena na vida. Neste momento, quero fazer valer a pena minha família, a coisa mais importante que tenho no mundo. Não esperava a avalanche que aconteceu aqui. São coisas já passadas há muito tempo, ressurgidas como se tivessem acontecido hoje. Fui julgado e punido pela internet, entre aspas. Isso tem uma consequência muito grande”.

Eu saio neste momento, não é pelo o que eu queria. Se espera uma vida inteira para estar aqui. É um pedido da minha família. “Pai, vem, estamos precisando”. Amanhã estou em casa, vou cuidar de vocês – disse Cuca, em breve pronunciamento.

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