Lições positivas da pandemia da Covid-19
Reflexão sobre a pandemia, por Claudemir Battaglini
Certo é que todos já estamos cansados dessa Pandemia de Covid-19 e até de se falar nela, mas há que se reconhecer, como em tudo na vida, que há algumas lições positivas para reflexão e melhoria da nossa própria vida e do planeta como um todo, além de funcionar como medidas de prevenção.
São inegáveis os efeitos nefastos da Pandemia de Covid 19: milhões de mortes em todo o planeta, número ainda maior de pessoas infectadas e que se recuperaram, sequelas diversas e ainda até desconhecidas, retração econômica, desemprego, aumento da pobreza, fome, miséria, variantes do vírus e por aí afora…
E há teorias de que o vírus começou a se propagar pelo contato humano com animal infectado ou manipulação inadequada em laboratório. Sabemos, com certeza, que a propagação foi rápida, mundial e causando inúmeros problemas.
Como constou de artigo anterior (https://jundiagora.com.br/dia-mundial-do-meio-ambiente/, 05.06.20), os cientistas apontam que muitos dos males que causamos ao planeta pode levar à destruição da espécie humana. Nessa linha, vale destaque para o alerta, entre outros, de Leonardo Boff, em sua obra Virtudes para um outro Mundo Possível, tratando nosso planeta pela representação mitológica de GAIA, superorganismo, nossa mãe, gigantesca e poderosa:
“Atualmente pelo excesso de clorofluorcarboretos (CFC) e outros ingredientes poluidores, possivelmente o superorganismo-Terra se veja na iminência de inventar novas adaptações. Elas não precisam ser benevolentes para com a espécie humana. Podem irromper fomes crônicas, secas prolongadas e até grande mortandade de espécies. Segundo alguns analistas, não é descartável a hipótese de que a espécie homo possa, ela mesma, vir a desaparecer. Gaia a terá, com terrível dor, eliminado, para permitir que o equilíbrio global pudesse persistir e outras espécies pudessem viver e assim continuar a trajetória cósmica da evolução. Se Gaia teve que se liberar de milhares de espécies ao largo de sua biografia, quem nos garante que não se veja coagida a se livrar da nossa? Ela ameaça todas as demais espécies, é terrivelmente agressiva e está se mostrando geocida, ecocida e verdadeiro satã da Terra.”
Qualquer semelhança com os males causados pela Pandemia, não é mera coincidência, merecendo reflexão e atitude de todos, porque habitamos este planeta, nossa única casa. O que fizermos ao planeta, nosso lar, receberemos em troca. Ainda não nos salvamos por completo, variantes estão surgindo e outros vírus ainda mais letais podem aparecer.
Não obstante, há lições, aprendizados, que devemos seguir aplicando, aprimorando, para melhoria do nosso planeta, nossa vida e nossa saúde.
Um avanço foi a possibilidade de novas vacinas em tempo recorde, ainda que algumas dúvidas ainda pairem sobre o tema. Essa tecnologia certamente nos ajudará no futuro.
Outras lições deixadas foram as inovações e aprimoramento dos mecanismos tecnológicos para realização de aulas e reuniões online, além do trabalho remoto (home office), compras pela internet com delivery, etc. Isso reduziu significativamente o trânsito, notadamente nas grandes cidades, mesmo nos horários de pico, reduzindo, por consequência, a emissão de poluentes na atmosfera (menos queima de combustíveis fósseis). Permitiu melhorar a qualidade de vida, dedicação a outras atividades, por conta de menos tempo em congestionamentos, além de um ar mais puro.
Estudos demonstram maior produtividade de muitos segmentos a partir do trabalho remoto. Certo que há atividades onde isso em tese não é possível, com necessidade de ser presencial, como empregados de uma loja física. Entretanto, mesmo aqui, um rodízio entre os vendedores e dedicação de quem estiver remotamente na divulgação dos produtos e das marcas, podem ampliar as vendas online. Basta vontade, criatividade e aperfeiçoamento.
As aulas presenciais são importantes, mas um modelo misto é cada vez mais aplicado com sucesso, compatibilizando trabalho e estudos, além de outras atividades.
O avanço tecnológico e suas ferramentas, entre elas para aulas e reuniões por aplicativos, podem reduzir muitos deslocamentos e economia em vários aspectos, inclusive de recursos públicos tão necessários para saúde, educação, moradia. Um exemplo disso foi episódio recente onde membro do governo federal se deslocou aos Estados Unidos, para supostas reuniões, com gastos significativos (passagens aéreas e hospedagem), sem que houvesse muita justificativa para esse deslocamento, notadamente quando poderia ter realizado as reuniões online. Aliás, diga-se de passagem, que o telefone também foi inventado para reduzir as distâncias, aproximar as pessoas e evitar deslocamentos desnecessários.
Não que o trabalho remoto e reuniões online devam ser a regra, mas se ajudam e funcionam devem ser mantidas e aperfeiçoadas, porque reduzem gigantescos problemas do tempo moderno, como trânsito e poluição (por consequência, aquecimento global, efeito estufa, alterações climáticas), sem contar que esses problemas geram doença e estresse.
Afinal, “tempo é dinheiro” e cuidar da saúde física e mental é essencial, pois “mens sana in corpore sano” (uma mente sã em um corpo são), reduzindo no futuro despesas e gastos volumosos com tratamentos e hospitalizações.
Outras lições que devem ficar, sem prejuízo de outras, são a higiene constante das mãos, uso de máscara descartável em ambiente coletivo (notadamente quando alguém estiver com sintomas ou suspeita – como os orientais fazem para evitar proliferação e contágio de gripes, etc.), uso de luva descartável e acrílico de proteção para alimentos em buffets.
Não basta lamentar sobre o problema, mas é fundamental obter soluções, mantê-las, aprimorá-las, aprender com as duras lições da vida, pois isso é amadurecer e crescer, inclusive como espécie em constante evolução.
E, finalizando, devemos ter uma integração com a natureza, com nossa única casa, nosso planeta, lembrando parte do discurso do Cacique Seattle ao Governador de Washington, em 1854, reproduzido por Leonardo Boff, em sua obra Ecologia Grito da Terra, Grito dos Pobres:
“De uma coisa sabemos: a Terra não pertence ao homem. É o homem que pertence à Terra. Disto temos certeza. Todas as coisas estão interligadas como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. O que fere a Terra fere também os filhos e filhas da Terra. Não foi o homem que teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que fizer à trama, a si mesmo fará.”