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Artigo: Edson vai, o Rei Pelé fica

Não querendo fazer a comparação com o chamado “Antes de Cristo, Depois de Cristo”, até porque Jesus Cristo está acima de todos nós, meros mortais. Mas podemos fazer esta modesta analogia com o futebol. Antes de 1956, o futebol era um esporte. Mas depois de 1956, na estreia de Edson Arantes do Nascimento com a camisa do Alvinegro Praiano, contra o Corinthians de Santo André, aí o futebol se tornou arte, entretenimento, cultura, profissão, mas principalmente, uma causa social.

Foi com seus dribles, gols, irreverência, criatividade, improviso e ousadia que Edson ganhou o Brasil e o Mundo vestindo as cores do Santos Futebol Clube e da Seleção Brasileira. Daí em diante, o Edson deu lugar a Pelé. A partir dele que muitos meninos, principalmente de classes mais humildes deste país, que quiseram ser “Pelé”, provando que o futebol é um lugar de todos, para todos e praticado por todas as pessoas, de todas as classes sociais, credos, culturas e opções sexuais.

De novo não querendo comparar com a história bíblica, mas assim como Abraaão, Moisés, Josué e foram os primeiros nomes da fé, antes que Jesus Cristo chegasse, o mesmo ocorria no futebol. Giuseppe Meazza, Leônidas da Silva, Puskas, Just Fontaine e Di Stefano sem dúvida são marcantes para o futebol. Mas foi a partir de Pelé que o futebol ganhou uma nova cara e um apelo mundial.

Diversos jogadores da atualidade podem estar conseguindo obter inúmeras conquistas e recordes que Pelé chegou. Em questão de números. Mas os tempos eram outros, a técnica também e ainda assim Pelé transformava o difícil, o complexo, em algo rotineiro, comum, tranquilo e como um toque de diferença. Não a toa que em 1.364 jogos, foram 1.283 gols anotados (nas contas do Livro dos Recordes), Desse total, só no Santos foram 1.116 jogos e 1.091 gols. E pela Seleção Brasileira 113 jogos e 95 gols (Contas da CBF). Embora a FIFA reconheça 91 jogos e 77 gols. Além disso 37 títulos conquistados na carreira, entre três Copas do Mundo (19587-1962-1970), dois Mundiais Interclubes (1962-1963), duas Libertadores da América (1962-1963), seis Campeonatos Brasileiros e 10 Campeonatos Paulistas.

Os números são espantosos, mas Pelé não se resume em números. Mas o que ele revolucionou o futebol. Junto com o Santos, ele parou uma guerra, diante da fama que ele conseguiu trazer junto com o Alvinegro Praiano. Todo mundo que escutava no rádio o que aquele clube brasileiro de preto e branco fazia, especialmente com um camisa 10 vindo de Três Corações, fazia questão de ver de perto pra testemunhar com os próprios olhos.

Da mesma maneira como nos dias de hoje ficamos maravilhados com Messi, agora campeão do Mundo com a Argentina, Mbappé, campeão mundial em 2018, Cristiano Ronaldo, Haaland e etc, entre as décadas de 1950 e 1970, o mundo parava pra ver Pelé. E deixavam os estádios com os olhos mareados e encantados como se todos fossem crianças pequenas felizes.

Não vou abordar aqui a questão pessoal do Edson, até porque, assim como nós, seres humanos, também temos os nossos pecados, nossas falhas e erros. Mas sim de Pelé, que amava estar em público e com o público. E quanto mais gente, especialmente com torcida adversária, mais ele mostrava e inovava nos lances, buscando achar o melhor caminho da bola passar pelo marcador e pelo goleiro. Quando era provocado então, aí que o talento era mostrado de uma maneira que deixava impactos.

Eram jeitos que só Deus não duvidava, mas eram impressionantes aos nossos modestos olhos. E graças a Pelé que o futebol se tornou o mais querido, o predileto e uma cultura do povo brasileiro. Até porque por mais que a modernidade avance, a agente não tenha mais com maior frequência campos de terra batida, várzea, jogar na rua ou na garagem da casa, ainda podemos ver todo menino e menina pegando uma bola, dando os primeiros chutes e vestindo a mística Camisa 10. E na brincadeira de futebol, sempre tem aquele que diz “ser o Pelé”. A inspiração e o sonho em ser o melhor e o maior está presente.

A grandeza dele é tanta, que ele foi eleito e até hoje é o Atleta do Século, após eleição em 1980. A atuação dele tomava conta de todos os tipos de esportes. O desempenho dele superava qualquer expectativa e se muitos duvidavam, aí os números estão até hoje para serem superados. Alguns conseguiram, mas não tiveram a mesma dimensão e impacto do que Pelé teve.

Não, não vou dizer adeus ao Rei Pelé. Porque ele estará vivo enquanto este Planeta Terra existir. O Edson se vai e merece todas as devidas homenagens pela revolução e triunfo que teve neste mundo terreno. Mas Pelé, o legado, a magia e tudo o que simbolizou para difundir este ficará eternamente. Obrigado e Viva ao Rei!

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