Relacionamento tóxico: o perigo para o início do abuso e da violência

Conseguir um relacionamento amoroso não é uma tarefa fácil. Mantê-lo é um desafio maior ainda, já que envolve um convívio de culturas, comportamentos e mentalidades diferentes que se unem com o propósito de amor e respeito. E um dos perigos que devem ser alertados é quando o relacionamento é tóxico.

O tema veio à tona após um alerta feito por Tadeu Schmidt, apresentador do Big Brother Brasil. Na escolha do primeiro Paredão, o jornalista alertou os brothers Bruna Griphao e Gabriel, que viviam um casal. Tudo por conta de declarações do modelo, que soaram de maneira tóxica e que poderia causar danos psicológicos e até físicos.Após o alerta, os dois decidiram se separar.

Em tempos de cuidados por relacionamentos saudáveis e atenção com o risco de violência doméstica, todo cuidado é pouco durante o convívio amoroso. A Rede Notíciaz ouviu a psicóloga da Santa Casa de Santos, Rita de Cássia Martins Russo, que explicou sobre os riscos de relacionamentos tóxicos e abusivos. Acompanhe:

Quais os sinais detectados neste tipo de relacionamento? É possível perceber quando se está sofrendo abuso?

É possível perceber sim, através de alguns atos, palavras e comportamentos, mas é preciso não nos limitarmos a achar que o abuso ocorre só quando uma pessoa é humilhada, desvalorizada, sofre críticas constantes, é desrespeitada em suas escolhas ou é manipulada pelo outro.

Tudo vai muito além disso, entretanto, precisamos considerar que existem diferentes tipos de perfis e também vários tipos de transtornos que o “abusador” pode demonstrar sem perceber. É importante lembrar que as relações abusivas/ tóxicas, não acontecem só em relacionamentos amorosos, mas também nos ambientes familiares, no trabalho, nas amizades e em outros âmbitos.

Alguns sinais mais evidentes podem começar a aparecer e chamar a atenção, são eles:

1. Imaturidade emocional= que aparece com a dificuldade do “abusador” de não se dispor à possibilidade de renunciar aos seus desejos, pois acredita que o mundo gira a seu redor. Desse modo a pessoa que sofre “abuso”, sempre deverá se adaptar às regras e desejos do “abusador”, que pode apresentar um perfil permeado por manipulação, egocentrismo e dominação para com o outro, porém, ele fará uso da expressão “pele de cordeiro”, isso é, parecerá cheio de boas intenções, se isentando de qualquer culpa ou do reconhecimento do seu erro/ responsabilidade;

2. Possessividade= aparece onde o “abusador”acredita que é o dono do outro, limitando sua liberdade
utilizando a fala: “tudo é para seu bem”;

3. Punição= o “abusador” pode utilizar da punição com o ato de se afastar da outra pessoa, fechando a cara,
não querendo conversar, ignorando o outro;

4. Dependência= é comum que o “abusador” dependa dele (fica mais fácil manipular),

5. Interferência nas escolhas= também acontece o fato do “abusador” acabar esquecendo que o outro tem vida própria, tem suas preferências e desejos, interferindo assim, em suas escolhas;

6. Mentiras= o “abusador” tende a mentir por coisas simples, e acaba procrastinando sua promessas ao outro, que nunca são cumpridas com ações efetivas sobre elas;

7. Pouco acolhedor e muito crítico= o “abusador” acolhe pouco e critica muito, deixando sempre claro que quer ver o outro bem, que está ali para ajudar e com as melhores intenções.

Por que esses relacionamento abusos/tóxicos ocorrem?

Muitos aspectos estão atrelados aos relacionamentos abusivos/tóxicos e que podem tomar proporções perigosas. Vale a pena citar que homens e mulheres estão sujeitos a serem abusados, mas a coisa fica mesmo mais delicada para o lado das mulheres, onde precisamos considerar que elas sempre sofreram muito por conta de uma sociedade
machista e opressora.

Hoje, o número de mulheres que sofrem de violência doméstica é altíssimo. Um dos aspectos importantes para o surgimento do relacionamento abusivo, acontece principalmente pela pouca abertura para o diálogo, pela dificuldade de agir com empatia (se colocar no lugar do outro), também pela falta de apoio mútuo, por competição, culpa, baixa
autoestima, entre outros.

Então, sutilmente, o ciclo de abusos psicológicos, morais e sexuais acontecem e podem resultar em vários fatores negativos para a vítima, como a dependência do “abusador”, gerando falta de confiança em si mesmo, insegurança, instabilidade emocional e a falsa sensação de que sem o outro não consegue viver e ser feliz. Para completar
o ciclo, o “abusador” se arrepende e pede desculpas, prometendo mudar, criando uma dinâmica que faz o abusado ignorar os sinais e assim o ciclo se inicia.

Que tipo de ajuda a Psicologia pode oferecer para quem sofreu com esses relacionamentos?

A Psicologia irá contribuir muito auxiliando o indivíduo a lidar, principalmente, com as consequências deixadas pelo “abusador”, para assim conseguir seguir em frente, ressignificando a sua vida, até conseguir construir uma melhor versão de si mesmo.

O autoconhecimento, também trará grandes descobertas, onde a pessoa irá aprender a olhar mais para si, identificar seus sentimentos, desejos e emoções para se livra mais facilmente dos comportamentos tóxicos, além de aprender a se validar e não se atentar tanto para a opinião dos outros, acerca de si mesmo e de sua vida., por fim, também irá auxiliar a compreender o sentido do perdão para si e para o outro.

Que diferenças existem entre os relacionamentos tóxicos dos abusivos?

Na verdade toda relação abusiva é tóxica. O abuso começa onde um dos pares passa a querer ter o controle sobre o outro, roubando-lhe a individualidade, isto é, o direito de ser ele mesmo. Assim, dessa forma a toxidade da relação vai sendo percebida. Vale ainda ressaltar, que muitas vezes, o “abusador” é hostil, mas pode não ter consciência que gera mal ao outro (podendo até ser patológico como já citado anteriormente).

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