Prefeitura de Santos alugou série de imóveis por valores mais altos do que praticados no mercado
Documentos apontam que prédios arrendados pelo Executivo pertencem a aliados do atual prefeito, Rogério Santos (Republicanos), que concorre à reeleição em segundo turno contra a deputada federal Rosana Valle (PL)


A Prefeitura de Santos alugou série de imóveis por valores mais altos do que praticados no mercado, segundo documentos obetidos pela revista Veja.
De acordo com os documentos, os prédios arrendados pelo Executivo pertencem a aliados do atual prefeito, Rogério Santos (Republicanos), que concorre à reeleição em segundo turno contra a deputada federal Rosana Valle (PL).
Ainda de acordo com as informações, a prefeitura de santos teria fechado em 2024 ao menos três contratos de aluguel ou aquisição de prédios. Estes acordos foram realizadoa a preços que chegam ao triplo da média do setor privado.
Sendo assim, as transações envolvem empresários e políticos ligados à gestão atual e também ao ex-prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), atualmente deputado federal.
Contratos
Em um dos contratos, firmado com a construtora Engeterpa, do empresário Rogério Conde, presidente do diretório municipal do União Brasil e da Companhia de Habitação da Baixada Santista (Cohab Santista) em 3 de julho de 2024, foi realizado sem licitação.
Conde foi nomeado pelo prefeito para presidir a entidade no início do ano e o União Brasil faz parte da coligação de Rogério Santos.
Valores
No documento obtido pela Veja, está determinado que o acordo prevê aluguel mensal de 94.600 reais, com duração de 60 meses, para sediar um departamento da Secretaria Municipal de Finanças na rua Quinze de Novembro, nº 108, na região central de Santos — o valor supera em três vezes as ofertas de imóveis similares na mesma rua.
No mês seguinte, a prefeitura celebrou a aquisição, na mesma rua, de um prédio para abrigar o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Condepasa). No intervalo recorde de seis meses, o poder público aprovou a desapropriação e o pagamento de 5,5 milhões de reais pelo imóvel que, no mesmo mês, fora anunciado por 3,8 milhões em imobiliárias locais. O endereço pertence à família do ex-deputado federal Vicente Cascione (PL), um dos cabos eleitorais de Rogério Santos à reeleição.
Outra transação
Em setembro, uma nova transação vem a tona. o aluguel de espaços no Edifício Guilherme Martinelli, também localizado no Centro.
Cinco salas locadas por por 30 mil reais ao mês, mais de três vezes o valor cobrado por imobiliárias santistas para arrendar pisos inteiros do prédio comercial.
Por fim, o contrato foi firmado entre a Prefeitura e a FGJ Filhos Empreendimentos e Participações, holding controlada pelo empresário Fabrício Guimarães Julião, CEO do Fórum Brasil Export e ex-sócio das agências de publicidade Buldogue e Urban 7. Ambas as empresas foram pivôs do escândalo de contratações irregulares pela prefeitura que resultaram, em 2024, na condenação do ex-prefeito Paulo Alexandre Barbosa à inelegibilidade por improbidade administrativa, e na proibição de Fabrício Julião de fechar novos contratos com o poder público.
Prefeitura
A assessoria de comunicação da prefeitura de Santos declarou que não há irregularidades nos contratos e assegurou que os valores contratados estão dentro da média do mercado, embora os fatos apurados pela reportagem mostrem o contrário.
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