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Operação para salvar “navio fantasma” é realizado no Porto de Santos

Trabalhos visam evitar graves danos ambientais

O navio oceanográfico Professor W. Besnard, que está abandonado no Porto de Santos, recebe mais uma operação especial. A missão é evitar um desastre ambiental, com o risco de afundamento da embarcação. Além disso, com o naufrágio, há risco de prejudicar o tráfego de navios. De acordo com autoridades ambientais, já foram retirados mais de 24 mil litros de água de dentro da embarcação, que corre o risco de afundar, oferecendo danos ambientais, acidentes. O navio histórico está atracado em Santos desde 2008.

A ação é uma iniciativa da Santos Port Authority (SPA), concessionária que administra o Porto, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os órgãos iniciaram a operação na última terça-feira (26), após ter sido constatada a condição de afundamento da embarcação. Segundo o Ibama, a retirada da água de dentro do navio deve acontecer por mais alguns dias.

“Dois caminhões a vácuo já retiraram 24 mil litros de água, mas ainda é pouco. A quantidade de água dentro do navio é muito grande e estamos em um período de chuva, então tem mais água entrando. Como a água é contaminada, não podemos tirar e jogar no canal. Então, são dois processos, ela [a água] é retirada e drenada para que o óleo seja removido. Após a drenagem, a água é lançada ao mar, e o óleo armazenado em uma bag para ser descartado de maneira correta”, explicou a agente ambiental federal Ana Angélica Alabarce, responsável pelo Ibama na região.

Não é a primeira vez

Esta não é a primeira vez que a SPA e o Ibama precisam atuar para evitar o naufrágio do navio histórico. Em julho de 2020 foi realizada uma operação semelhante, resultando na remoção de, aproximadamente, 130 mil litros de água e óleo de dentro do casco.

Ana Angélica ressalta que o naufrágio do navio pode causar dano ambiental e prejudicar a navegação, além de oferecer muitos prejuízos ao Porto de Santos. “É uma irresponsabilidade de quem deveria ser responsável pela embarcação de não fazer nada. A SPA teve a iniciativa de fazer essa operação, mas não é responsabilidade da concessionária. Ela faz para evitar acidentes que podem trazer danos e perigos a todos”.

Segundo a Autoridade Portuária, a instituição determinou ao Instituto do Mar (Imar), entidade proprietária da embarcação, que realize providências urgentes. Porém, segundo a SPA, como não houve qualquer ação por parte do Imar, a concessionária mobilizou recursos próprios para atender essa emergência. “Os recursos despendidos para a operação serão cobrados em juízo”, afirmou em nota.

A agente ambiental acrescentou que além de pedir providências ao responsável pelo navio, o Ibama também já multou o proprietário, mas nada foi feito. “Não pagam a multa. Pelo SPA é R$ 500 por dia e pelo Ibama é de R$ 1 mil por dia, até a retirada do navio do local. A autuação rola desde 2018, mas a pessoa não tem condições de arcar, e está sempre prometendo que vai fazer alguma coisa, mas não faz”.

Histórico

O navio Prof. W. Besnard foi doado pela Universidade de São Paulo (USP) para Ilhabela, que queria afundá-lo e transformá-lo em um recife artificial. Em 2019, a Prefeitura de Ilhabela decidiu doar a embarcação ao Imar, com a intenção de transformá-lo em museu flutuante. O navio, porém, continua atracado no Porto de Santos sem muitos cuidados.

Segundo a SPA, a concessionária iniciou uma ação contra a Prefeitura de Ilhabela para retirada do navio do Porto de Santos, em 2018, e em 2021, a ação transitou em julgado em favor da Autoridade Portuária de Santos, com obrigação de remoção da embarcação e imposição de multa diária por descumprimento. Após o não cumprimento da sentença pela Prefeitura, em setembro de 2022, foi publicada decisão ratificando a determinação de retirada imediata da embarcação.

Navio

Com 49,3 metros de comprimento, o Besnard foi construído por encomenda do governo paulista e foi lançado ao mar em 1966. A embarcação passou pela costa brasileira, fez expedições no arquipélago de Cabo Verde e realizou mais de 260 viagens para a formação de pesquisadores passando por mais de 10 mil pontos para coletas para estudos científicos.

O navio levou as primeiras equipes de pesquisa brasileiras à Antártida. Depois disso, passou por duas reformas na década de 90 e um grande incêndio em 2008, que o deixou inoperante.

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