Educação

Conheça o papel da escola no desenvolvimento de habilidades para a atual sociedade

Mais do que ensinar a ler e escrever, ela também explora outros campos

Estima-se que 33% da população brasileira tenha entre zero e 19 anos de idade. Boa parte está inserida na escola que é essencial para ser inserida na sociedade. Se hoje em dia vivemos em meio a um bombardeio digital de informações, que impactam nossa produtividade e foco e exigem de nós priorização, organização, pensamento crítico e autogerenciamento.

Mas já imaginou como será no futuro próximo, quando essas crianças da geração Alpha (nascidos a partir de 2010) e esses adolescentes da geração Z (nascidos entre 1996 e 2010) chegarem ao mercado de trabalho?

A Rede Noticiaz ouviu a educadora Graziela Miê Peres Lopes que deu detalhes sobre este ação de desenvolvimento e quais os melhores passos a serem seguidos.

1 – São 69,8 milhões de crianças e adolescentes crescendo, como é preparar essas mentes para um futuro que está logo ali, qual é o papel da escola e dos professores?

Um desafio mais urgente e atual é como preparar os estudantes para o momento presente! Temos quase 8 bilhões de pessoas no mundo. Com a internet, mudamos a maneira de lidar com as informações e com os relacionamentos. As oportunidades são gigantes. Temos um enorme volume de informações disponíveis e muitas possibilidades de interação com pessoas diversas, imersas nas mais variadas culturas, e suas produções.

Já para agora há uma série de habilidades que são muito importantes para não nos perdermos, como por exemplo saber priorizar aquilo que é relevante. Não sabemos exatamente como será o futuro. Mas dá para perceber que será ainda mais complexo e dinâmico do que os tempos atuais e é essencial que tenhamos as habilidades necessárias para que possamos atuar no mundo de uma forma positiva.

Não sabíamos, por exemplo, o que estava por vir com a pandemia. Ela pegou todos desprevenidos. Foi necessário uma série de habilidades para lidar com imprevistos, gerir nossas emoções e enfrentar os nossos medos. A escola precisa entender esse contexto atual contemporâneo e perceber quais são as habilidades que nossos estudantes precisam desenvolver para utilizar as tecnologias de forma a gerar impactos positivos na sociedade.

Isso vale tanto para as tecnologias que já estão aí, como é o caso da internet, quanto para as que estão por vir, como por exemplo as terapias gênicas, a inteligência artificial e o metaverso. Temos que criar oportunidades na escola para que os estudantes possam efetivamente desenvolver habilidades essenciais – socioemocionais, colaborativas, de liderança, de autogestão, de aprendizagem, de autonomia – para proporcionar o uso adequado dessas ferramentas pelos estudantes e causar transformação no nosso planeta.

2 – As escolas não podem mais se limitar ao conhecimento estático dos livros e aos ensinamentos compartilhados por professores em sala de aula, são necessárias mais inovações, as mudanças são tão constantes assim?

O mundo hoje é dinâmico. As novidades são rapidamente espalhadas. O conhecimento muda muito rápido. A escola não pode ficar parada. É importante trazer contexto para as informações, trazer algo que seja significativo para esses estudantes.

Trazer o mundo que está fora da escola para dentro da escola, em notícias atuais, reflexões contemporâneas. Mas também levar esses estudantes para fora. A escola não precisa ser limitada por muros ou perímetros. Temos visto possibilidades de aprendermos no mundo o tempo todo, estamos o tempo todo aprendendo.

É importante que as escolas deem ferramentas para que os estudantes sigam engajados em suas jornadas de aprendizado. Um caminho interessante para atingir esse objetivo é promover atividades que tragam os conteúdos escolares para um contexto que tem a ver com o que os alunos querem fazer, o que faz sentido no mundo deles.

3 – E como adequar tantas mudanças e inovações em uma rotina diária de sala de aula e ensino?

Os estudantes têm interesses diversos que podem e devem ser validados e valorizados. A gente pode falar de games, de redes sociais, de alimentação, de empreendedorismo, de construir coisas e mais uma infinidade de coisas.

É possível trabalhar todas as áreas do conhecimento (matemática, português, artes, corpo e movimento, etc) a partir desses ou de quaisquer outros interesses das crianças e jovens. Temos que oferecer oportunidades para que eles possam construir desde já as coisas que fazem sentido na vida deles. É uma maneira de trazer esse mundo dinâmico, que muda bastante, esse contexto, para dentro da escola.

Queremos formar estudantes que tenham vontade, curiosidade, que saibam buscar as ferramentas para ir atrás do conhecimento. Temos que formar o estudante para seguir aprendendo, porque o mundo mudou e vai continuar mudando cada vez mais rápido. É preciso que sejam estudantes sempre, atualizando o mindset, para olhar para o presente e o futuro de maneira atualizada.

4 – Como evitar os choques de gerações entre professores e alunos?

Essa atualização de mindset tem que ser para todos, não apenas para estudantes, crianças, jovens. Essa atualização constante é muito importante. No mercado atual, as pessoas precisam ter diversidade de habilidades. São muitas as possibilidades de empreender, novas startups chegando.

Há novas possibilidades de profissões que a tecnologia trouxe, que essa atual configuração de sociedade trouxe. Não é diferente para os professores. É uma realidade para todos. O conteúdo, as informações são dinâmicas, surgem o tempo todo. Precisamos criar metodologias mais ágeis, mais interativas e usufruir de todas as possibilidades que o mundo atual oferece, aplicativos, interações. Isso é muito positivo porque possibilita ampliar o que se tem falado muito, que é a criatividade.

Criatividade é essencial e não tem como criar se tivermos referências limitadas. O professor deve se atualizar sempre, também precisa ter curiosidade, autoaprendizado, vontade de fazer algo mais colaborativo, inclusive com os estudantes.

5 – Como uma escola deve se portar diante dessas possíveis dificuldades e mudanças?

Tenho sorte de atuar em uma escola pela qual sou apaixonada há dez anos. Escola bastante inovadora e que traz a possibilidade de trabalhar dentro desse mindset que é mais autoral, mais colaborativo, e que promove o desenvolvimento de uma série de habilidades.

Trabalhamos com projetos, com metodologias ativas, com gestão participativa que envolve o estudante, que traz o estudante para esse protagonismo, para ele mostrar pelo que se interessa, o que quer aprender, a fazer perguntas, o que é essencial hoje em dia.

É preciso trabalhar com a formação dos gestores para que possam promover uma formação também colaborativa, olhar para as habilidades, levar em consideração necessidades específicas dos educadores, interesses da comunidade. A gestão tem que estar bem alinhada com os valores, promovendo isso em toda a comunidade escolar para haver uma aprendizagem significativa.

A Lumiar faz isso há muitos anos, nasceu há 20 anos com um currículo voltado às habilidade, entendeu que é preciso focar no desenvolvimento do protagonismo, saber se colocar, saber refletir, saber argumentar, saber colaborar, trabalhar em conjunto e fazer algo que seja significativo porque isso vai trazer muito engajamento e muito prazer para os estudantes e para os professores. A própria BNCC,  já olha para as competências e habilidades. É uma tendência global.

6 – Atividades que rompem os limites da sala de aula e dos muros das escolas já virou realidade, certo?

Como falamos, o mundo é complexo e dinâmico e a probabilidade é de que o futuro seja ainda mais complexo e dinâmico que o presente. Tem algumas habilidades que são fundamentais. Gerenciar o tempo, priorizar o que importa, o que é relevante, para não se perder. Lidar com imprevistos. Gerenciar as emoções. Agir com criatividade.

Saber se expressar bem, com clareza, para chegar mais rápido ao resultado esperado. Ter curiosidade e autonomia para aprender. Muitas coisas novas chegam o tempo todo, temos que fazer a leitura do mundo. O letramento não é só ler e escrever. Tem o letramento digital, racial. Tem muitos tipos, para olhar o mundo é preciso compreender, ler, interpretar e conhecer. Cuidar da saúde física e mental.

Hoje há práticas para se centrar, focar, lidar com ansiedade. Atualização do mindset é fundamental porque podem surgir novas habilidades que ainda não conhecemos e que vamos ter que enxergar e desenvolver. Para desenvolver habilidades, precisamos de oportunidades. A escola traz oportunidades significativas para o desenvolvimento de habilidades.

A Lumiar trabalha com projetos como gravar um podcast, montar uma exposição, construir um planetário e realizar uma performance. Contextos diversos que favorecem momentos para desenvolver habilidades na prática. Quanto mais diversas forem as práticas, mais oportunidades teremos de desenvolver habilidades que sejam diferentes.

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