Reservatórios de regiões brasileiras tem o índice mais baixo no século
A média é de 32,10% nas hidrelétricas do Centro-Oeste e Sudeste
Se não basta a preocupação com a pandemia, outro alerta é com os reservatórios de hidrelétricas das regiões do Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. O armazenamento médio é o mais baixo de todo o Século 21. A última vez que os dados foram tão baixos no mês de maio foi no ano de 2001, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
O armazenamento médio nas duas regiões ao final de maio de 2021 era de 32,10%. Em 2001, na mesma época, era de 29,87%. O Governo Federal negou qualquer risco de armazenamento. No entanto, reconhece a gravidade da situação, já emitiu alerta de risco hídrico e anunciou medidas para evitar escassez de energia.
A queda no nível dos reservatórios já provoca o encarecimento das tarifas de energia no país. E, no governo, há preocupação de que a crise no setor elétrico possa prejudicar a recuperação da economia brasileira e pressionar a inflação.
De acordo com especialistas, a crise atual pode ser mais grave que a registrada em 2015, quando também houve temores de um racionamento.
Chuva abaixo do ideal
É sábio que as estações do outono e inverno são períodos de menor volume de chuva. Mas até mesmo o maior período de chuvas, entre novembro de 2020 e abril de 2021, houve o menor volume de chuvas dos últimos 91 anos.
O baixo nível dos reservatórios, e a expectativa de que não haverá recuperação nos próximos meses, que são de seca no Sudeste e Centro-Oeste, já provocam preocupações de que o país possa enfrentar um novo racionamento de energia.
Nesta semana, a Agência Nacional de Águas (ANA) atendeu a um pedido do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) e declarou situação crítica de escassez dos recursos hídricos na Região Hidrográfica do Paraná, que abrange parte dos territórios de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.
Consequência para o bolso dos brasileiros
Depois do racionamento de 2001, o Brasil promoveu a diversificação do sistema elétrico. Ou seja, investiu em diferentes fontes de geração de energia, como a térmica, a eólica e a solar. É essa diversificação, especialmente o parque de usinas termelétricas, que dá hoje mais segurança ao sistema e permite que o país atenda à demanda por energia.
Quando os reservatórios estão com armazenamento baixo, o governo reduz a geração das hidrelétricas para poupar água e, no lugar, aciona mais termelétricas. Entretanto, a energia gerada pelas térmicas é mais cara e mais poluente, pois essas usinas usam combustíveis, como óleo e gás natural, para produzir.
Para cobrir os custos extras com o uso mais intenso de térmicas, em 2015 a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou o sistema de bandeiras tarifárias. O sistema aplica uma cobrança adicional nas contas de luz em situações como a verificada atualmente no país.
Neste mês de junho, vigora no país o patamar 2 da bandeira vermelha, a mais cara. Isso significa que será cobrado nas contas de luz de todos os consumidores do país um valor adicional de R$ 6,24 para cada 100 kWh de energia consumidos.
É a primeira vez neste ano que a agência aciona a bandeira vermelha nível 2. Durante o mês de maio, vigorou a bandeira vermelha 1, que aplica cobrança adicional de R$ 4,16 para cada 100 kWh consumidos.
LEIA TAMBÉM
Na semana do Meio Ambiente, Jundiaí emite alerta contra queimadas