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Esposa se revolta em não ser avisada da morte do marido em CDP de São Vicente

Esta é a segunda família que denuncia que detento morreu em CDP de São Vicente, litoral paulista, e que família não foi avisada no dia do óbito. SAP nega que não tenha avisado parentes.

Uma moradora de Itanhaém, no litoral paulista, denuncia que só soube que o marido preso morreu no dia seguinte ao falecimento. Ele estava detido no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente. Neste domingo (15), a garçonete Paula Juliana Roque, de 31 anos, disse que só soube da morte de Rafael Godê Vidal, de 28. Porque ligou para o CDP pedindo notícias do marido.

Apesar da versão da esposa, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) alega que fez contato com a família (leia a nota completa abaixo).

Segunda família

Essa é a segunda família que relata que um detento do CDP de São Vicente morreu e os parentes não foram avisados. Em maio deste ano, uma mãe denunciou que só soube que o filho preso morreu e foi enterrado uma semana após o ocorrido. Ela ainda relatou que ele foi enterrado como indigente e que espera por justiça.

Rafael foi preso por tráfico de drogas há cerca de nove meses. De acordo com a esposa, quando ele foi detido, chegou ao CDP sem comorbidades e andando normalmente. No local, conforme relata a companheira, contraiu tuberculose, Covid-19 e passou a andar de cadeira de rodas. “Ele estava sem conseguir comer, sem banho de sol, não conseguia fazer nada porque estava debilitado. Já houve negligência até com o estado de saúde dele”, relata.

“No domingo passado (8) minha sogra foi visitar ele, só que chegando lá, o agente disse que ela não poderia visitar. O motivo foi que meu marido estava em transe hospitalar. Ou seja, estava no hospital de São Paulo desde sexta, para depois voltar ao CDP, e que ela teria que ligar só na próxima sexta para ter notícias dele. Começa que nem que ele estava indo para São Paulo fomos avisados”, diz a companheira.

A esposa afirma que achou estranho e não esperou até a próxima sexta-feira para fazer a ligação, entrando em contato já no dia seguinte que a sogra foi tentar visitar Rafael, na segunda-feira (9).

“Foi nessa ligação, só assim, que tive a notícia que ele [marido] morreu no domingo, foi o que me falaram por telefone. Precisei ligar para avisarem a família, sendo que tinham todos nossos contatos e sendo que ele já tinha morrido quando a minha sogra foi fazer a visita e não avisaram, justificando que não disseram porque a assistente social não estava no CDP, e que ela que tinha que dar a notícia. Imagina se eu espero até sexta, conforme orientaram lá, para ligar, ele seria internado como indigente e nem iríamos saber”, diz a garçonete.

Advogado

O advogado da Comissão de Assuntos Penitenciários da OAB de São Vicente, Rui Elizeu de Matos Pereira, representa a família de Rafael e explica que esse não é o primeiro caso que recebe de família que não foi avisada da morte de preso do CDP de São Vicente.

“O Rafael ainda era, tecnicamente, primário, ele não tinha ainda condenação definitiva, ainda estava sendo processado e se defendendo. Agora, aguardamos a família formalizar a denúncia e assim que isso ocorrer, vamos informar o Ministério Público, que provavelmente irá pedir instauração de inquérito para apurar as circunstâncias da morte desse rapaz. Também pretendemos entrar com ação contra o Estado, porque ele era um cidadão jovem, com chances de sair rapidamente da prisão, passar por ressocialização e cuidar da família. Então isso que ocorreu é uma responsabilidade do estado”, diz Pereira.

SAP

Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária afirma que o preso Rafael Godê Vidal estava em tratamento e fazia uso de medicação para tuberculose. Informa também que ele passou por uma internação em maio deste ano, em decorrência do mesmo problema de saúde, no Hospital Municipal de São Vicente.

A SAP afirma que o detento recebeu total assistência da equipe de saúde da unidade prisional e foi encaminhado para consulta em 6 de agosto no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, em São Paulo, onde dois dias depois veio a óbito.

A Secretaria ainda alega que a unidade foi avisada do falecimento no dia 9 e imediatamente entrou em contato com a família para comunicar o ocorrido. Afirma também que, no mesmo dia, o irmão do custodiado foi até a unidade retirar o documento de identidade.

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