Saúde

Ministro da Saúde explica decisão de não recomendar vacina da Covid para adolescentes

Segundo ele, a decisão foi considerada 'intempestiva'

Nesta quinta-feira (16) o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga se pronunciou sobre a decisão de restringir a vacinação contra a Covid-19 para os adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades. Somente quem apresenta comorbidades ou deficiência está liberado para ser imunizado. Um dos motivos é por conta da falta de evidências consolidadas sobre o benefício da imunização neste grupo.

De acordo com Queiroga, pouco mais de 3,5 milhões de adolescentes foram vacinados no Brasil de forma “intempestiva”. Ou seja, sem a anuência do plano nacional que previa a aplicação entre os prioritários desta faixa etária (12 a 17 anos). Segundo Queiroga, deste total, 1,5 mil apresentaram eventos adversos, o que representa 0.042% do total.

“Não é um número grande, mas temos que ficar atentos” – Marcelo Queiroga, ministro da Saúde

Marcelo Queiroga diz que adolescentes sem comorbidades que já tomaram a 1ª dose não devem tomar a segunda dose. A decisão do ministro é baseada na decisão do Reino Unido de não vacinar todos os adolescentes. A recomendação foi tomada com base em um efeito colateral raríssimo provocado pela vacina da Pfizer: uma inflamação no coração chamada de miocardite. O governo britânico diz que vai aguardar mais estudos.

Por outro lado, o próprio ministro disse que já há indicações de que o risco de miocardite associado à Covid é maior do que o associado à vacinação.

Grupo autorizado

Nesta quarta-feira (15), o Ministério da Saúde publicou uma nota informativa para avisar que tirou os adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades da lista de vacinação.

Agora, a vacinação deve ficar restrita a três perfis específicos nesta faixa etária:

  • adolescentes com deficiência permanente,
  • adolescentes com comorbidades,
  • e adolescentes que estejam privados de liberdade.

A nota informativa desta quarta contraria uma outra publicada pela pasta em 2 de setembro, que recomendava a vacinação para esses adolescentes a partir do dia 15. A decisão do Ministério da Saúde foi tomada dentro de um contexto de aumento dos relatos de falta de vacinas no país, sobretudo para a segunda dose.

Em uma das suas justificativas para deixar de prever o público amplo, a pasta argumentou na nota informativa que a “Organização Mundial de Saúde não recomenda a imunização de criança e adolescente, com ou sem comorbidades”.

Entretanto, a afirmação não corresponde ao posicionamento da entidade. A OMS afirma que “crianças e adolescentes são menos propensos a ter complicações por causa da doença”, mas na sequência não traz indicação contrária: diz apenas que a vacinação ampla deste público é “menos urgente” do que vacinar outros grupos, como pessoas mais velhas, com comorbidades e trabalhadores da saúde.

No Brasil, o imunizante da Pfizer é o único que tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicado nesta faixa etária. Pelo mundo, outras vacinas já são aplicadas em menores de 18 anos.

Secretários contestam e querem a vacina

Na quarta-feira (15), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que participa das decisões sobre os rumos do Plano Nacional de Imunizações, afirmou que a “vacinação de todos os adolescentes é segura e será necessária”.

Nesta quinta, o Conass e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) solicitaram posicionamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a vacinação de adolescentes.

O pedido dos conselhos foi feito com base na nova orientação do Ministério da Saúde e também num “possível evento adverso grave relacionado à vacina Pfizer em adolescente do estado de São Paulo”. O ofício não explica que evento adverso é este. Mas de acordo com informações extraoficiais, o caso teria ocorrido em São Bernardo do Campo. Um adolescente teria se vacinado e sentido os efeitos do imunizante. O caso ainda está sendo apurado.

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