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Rogério Caboclo é suspenso da presidência da CBF até 2023 por assédio sexual

Ele também responde por outras acusações

Saiu a decisão nesta quarta-feira (29) onde Rogério Caboclo terá de deixar a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ele é acusado de assédio sexual e moral e a decisão da suspensão foi unânime da Assembleia Geral. A pena vai durar 21 meses e será válida até março de 2023.

Dessa forma, Caboclo só voltaria ao poder faltando um mês para o fim do mandato. Mas há outras acusações contra ele sendo investigadas na Comissão de Ética da CBF, além de uma investigação do Ministério Público do Trabalho, contexto que torna praticamente impossível sua volta.

A Assembleia Geral da CBF, que tomou a decisão da suspensão nesta quarta, é um colegiado formado pelos presidentes das 27 federações estaduais de futebol. Eles referendaram a punição de 21 meses sugerida pela Comissão de Ética da entidade.

Foi a primeira vez na história centenária da CBF que um presidente foi punido dessa maneira pela Assembleia Geral. Rogério Caboclo precisava de 7 dos 27 votos para se salvar e voltar ao cargo. Mas a votação terminou 27 a 0 contra ele.

Denúncia e tempo de apuração

Foram 117 dias entre a apresentação da denúncia da funcionária à Comissão de Ética e a punição anunciada nesta quarta-feira. Neste período, outras duas mulheres também afirmaram ter sido assediadas por Rogério Caboclo.

Quando Rogério Caboclo foi afastado da CBF, a entidade passou a ser comandada por Antonio Carlos Nunes, o Coronel Nunes, vice mais velho. Há um mês, no entanto, dirigentes da entidade decidiram trocá-lo por outro vice: Ednaldo Rodrigues, ex-presidente da Federação Bahiana de Futebol.

Futuro

Ednaldo deverá concluir o mandato de Caboclo, que dura até abril de 2023. O estatuto da CBF determina que eleições devem ser convocadas no período de um ano antes disso – ou seja, entre abril de 2022 e abril de 2023 será escolhido o próximo presidente da CBF.

Ednaldo Rodrigues respondeu a perguntas dos jornalistas depois da Assembleia Geral. O dirigente afirmou que houve explanação de advogados das duas partes – funcionária que fez a denúncia e Caboclo. Segundo o atual presidente da CBF, os integrantes da Assembleia ficaram convictos de que houve assédio por parte do dirigente afastado.

“As 27 federações estaduais tiveram acesso a todo o conteúdo do processo. Elas sempre puderam ter ciência do processo, quem tinha dúvida sobre como votar teve a convicção plena de que houve o crime de assédio. Federações e vice-presidentes estão juntos no combate veemente à discriminação e ao assédio. Qualquer tipo de violência tem que ser combatida, especialmente contra a mulher. A CBF neste momento, nesta decisão histórica, mostra que nesta casa isso não pode mais acontecer”.

Ednaldo acrescentou que o salário e os benefícios de Caboclo na CBF estão suspensos desde o segundo mês do afastamento e assim permanecerão enquanto durar a pena.

Funcionária assediada

A punição desta quarta diz respeito somente à primeira denúncia. Entre os fatos narrados pela funcionária da CBF, estão constrangimentos sofridos em viagens e reuniões com o presidente e na presença de diretores da entidade.

Na denúncia, a funcionária detalha o dia em que o dirigente, após sucessivos comportamentos abusivos, perguntou se ela se “masturbava”. Entre outros episódios, segundo a funcionária, Caboclo ofereceu a ela um biscoito de cachorro, chamando-a de “cadela”.

Ainda há dois outros casos contra Rogério Caboclo na Comissão de Ética. Um diretor da CBF o acusou de assédio moral e de obrigá-lo a invadir o computador da funcionária que o denunciou por assédio. Uma ex-funcionária da CBF também acusou Caboclo de assédio sexual e agressão.

Além disso, outra ex-funcionária, que não apresentou denúncia na entidade, declarou em depoimento ao Ministério Público ter sido assediada num voo de trabalho para Madri. Caboclo nega todas as acusações.

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