Nesta terça-feira (3) a CPI da Covid foi retomada e o reverendo Amilton Gomes de Paula foi ouvido. Ele foi o responsável por negociar a venda de 400 milhões de doses de vacina para o governo federal, mas o que chamou a atenção foi o choro do depoente.
“Eu creio que o maior erro que fiz foi abrir as portas da minha casa aqui em Brasília. Sou de Brasília. Eu abri a porta da minha casa num momento que eu estava enfrentando a perda de um ente querido da minha família. E eu queria vacina para o Brasil”, disse o reverendo que, em seguida, chorou. Ele também pediu “desculpas ao Brasil”.
“Eu tenho culpa sim. Eu hoje de madrugada, antes de vir pra cá, eu dobrei os meus joelhos, orei, e aí peço desculpa ao Brasil. E o que eu cometi não agradou, primeiramente, aos olhos de Deus”, completou.
Respostas de senadores
Os senadores não pouparam críticas ao reverendo devido ao caso da vacina e ainda foi questionado pelos políticos. Um deles foi o senador Jean Paul Prates (PT-RN), que fez um duro pronunciamento contra a atuação do reverendo e reforçou que o intuito e a fundação que ele dirige era o de “enganar”.
“É estelionato puro. Nós estamos diante de falsários e estelionatários que tentam enganar incautos na administração pública e ou beneficiar espertos e oportunistas”, disse o senador. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), questionou ao reverendo do que ele se arrependia. Em uma breve resposta, Amilton afirmou: “[Me arrependo] de ter estado nessa operação das vacinas”.
Amilton Gomes é fundador de uma entidade privada chamada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). O reverendo é considerado uma peça-chave na investigação da CPI, que tenta esclarecer como o governo brasileiro negociou a aquisição de imunizantes por meio de intermediários.
Amilton Gomes participou de negociação para a venda de 400 milhões de doses da AstraZeneca, em um momento de escassez de doses de imunizantes em todo o mundo. Essa negociação é investigada pela CPI, pelas suspeitas de irregularidades.
O reverendo e a entidade que fundou, a Senah, receberam aval do então diretor de Imunização do Ministério da Saúde Laurício Monteiro Cruz para negociar a vacina AstraZeneca em nome do governo com a empresa americana Davati Medical Supply.
‘Não me lembro’
Durante o depoimento, o reverendo disse mais de 20 vezes não se lembrar de determinadas situações que foram tema de perguntas de senadores.
Entre outras situações, ele disse não se lembrar:
- das pessoas que participaram com ele de uma reunião no Ministério da Saúde;
- do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias;
- de ter tirado fotos com integrantes do governo;
- de mensagens trocadas com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti.
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