Uma saudade que gerou apuro no cemitério
Jovem relata a experiência de uma visita aos familiares, quando acabou confinada no local


Ir ao cemitério para muitos não é algo legal, no entanto para outros é importante porque além de visitar um ente querido, também é uma forma de amenizar a saudade. Só que conforme a estadia, as lembranças vem, o tempo passa e algumas vezes a pessoa mal vê os minutos virarem horas. E aí, perrengues acabam acontecendo.
A Rede Notíciaz conta uma história que a jovem Natany Somaio, de 30 anos, passou no Cemitério do Paquetá, em Santos. Litoral de São Paulo. Na última segunda-feira (27), ela foi ao local após sentir a saudade apertar da mãe e dos demais familiares, já que sentiu-se mal e segundo ela, a ida ao cemitério e a visita aos parentes serve como um “desabafo”.
“Cheguei no local por volta de umas 15:15h/15:20h, cumprimentei um dos moços que lá trabalham e entrei. Fui até a campa da minha mãe e lá fiquei. Desabafando, colocando algumas músicas que ela gostava, falando sobre a vida e o quanto eu sentia sua falta e a queria aqui, eis que me deparei com um gato simplesmente lá me olhando do alto do muro ao meu lado”, conta.
“Amo animais, então lá fiquei maravilhada com o lindo gato que ali estava, e em alguns minutos tentando descer pra perto de mim, ele se afastou um pouco e mais a frente desceu em uma lápide e veio até mim. Ficou a todo tempo comigo, me confortando e me fazendo companhia”.
Só que passada toda a nostalgia e o encanto que teve no local, aí o apuro aconteceu. “O tempo passou sem que eu percebesse, quando dei por mim, eram 17:03h. Na minha cabeça, o cemitério ficava até as 18h, então pensei; vou até o túmulo de 2 outros familiares, vou no velário acender minha vela e vou embora. E foi aí que tudo começou. Quando saí do velário, passei pela parede lateral pra dar oi à um conhecido meu que lá também está enterrado e fui direto ao portão. Ele estava trancado”.
Natany contou que acreditava ter ocorrido um equívoco dos funcionários, só que ninguém apareceu e o pânico veio na vida dela. Não tinha absolutamente ninguém. Ainda sem cair a ficha, dei uma volta no cemitério pra ver se achava alguém, gritava: ‘Alguém aí! Oi! Me ajuda?!!’ e nada. Foi aí que comecei a ver que estava muito lascada, já pensando que teria de dormir lá, pois ninguém apareceria pra me salvar. Isso já eram 17:40h, comecei a ligar para as pessoas e ninguém atendia, já estava desesperada, chorando e toda louca rodeada dos gatos de lá, e conversando com eles dizendo que teriam de dividir o cantinho deles comigo, pois dormiria lá”, relata.
Até me perguntava qual era o motivo dessas coisas acontecerem comigo, pois o que eu estava passando naquele momento, deveria ser castigo divino.
A agonia no cemitério
Natany encontrava-se desesperava e imaginando que passaria a noite no Cemitério do Paquetá. Só que quando já estava se conformando com o ocorrido, eis que “o milagre” aconteceu.
“Meu pai me retornou a ligação e expliquei o que tava acontecendo comigo, falava ‘só me ouve, tá! Estou presa no cemitério, tudo trancado, não tem ninguém aqui. Socorro!, O que eu faço’. Do outro lado da linha, ele só faltava se engasgar de tanto dar risada, e eu me sentindo, naquele momento, a piada da vida. Ele me informa à ligar para 190 pra se informar sobre quem iria me resgatar dali, pois até o momento sabíamos que tínhamos que ligar para os GM, mas não tínhamos o telefone dele”s
“Então liguei pra polícia. Provavelmente foi a ligação mais bizarra que a atendente recebeu na vida. ‘Moça, por favor me ajuda, me chamo Natany, sou de Santos e estou presa aqui dentro do Cemitério Paquetá, o que eu faço?’. A moça coitada, ria de pena, eu ria de desespero e falava pra moça que só não tenho mais sorte, que se tivesse caía um meteoro na minha cuca”.
Na sequência, a mulher relatou o número dos guardas municipais de Santos e a jovem disse que se ninguém atendesse, eu teria de voltar a ligar pra eles, pra enviarem os bombeiros pra me resgatar.
“Mais de 26 minutos ligando pros GMs e mesmo eles me atendendo, mal me deram atenção. Foi ali que quase tinha certeza que ficaria ali a noite toda. Isso que o posto deles é atrás do cemitério. Mas até aí, já estava conformada com a situação. Nesse meio tempo, as pessoas que passavam na frente do portão, viam algo se mexendo lá na capelinha, que no caso era eu olhando pra ver se alguém vinha me socorrer, voltavam a olhar pra ver se estavam vendo mesmo algo ou coisa da cabeça deles, já estava lascada mesmo, só dava eu e os gatos dando risada do povo”.
“Eram umas 18:10h quando fui sentar pra perto do portão, pois até aquele momento, estava sentada em um banco de frente à secretaria de lá. Uns 5 minutos após eu chegar na frente do cemitério, vejo um carro chegando, quando olho, meu pai desce do carro, levanta os braços se perguntando e eu me perguntando, dando muita risada, Como que isso tinha acontecido comigo. Naquela altura do campeonato, já não sabia nem o que tava acontecendo com a minha vida, só tava aceitando o fato deu ser a maior azarada da história”.
“Nesse momento, chegou um senhor que já trabalhou por muitos anos lá e ficou conversando com a gente. Outro que só foi lá dar um pouco de risada da minha cara, ele chegou à comentar que uma senhora chegou à ficar presa lá, mas que pulou o muro, só que caiu do lado da rua. Pensei eu; se faço isso, do jeito que tô ‘abençoada’, assim que chegar do outro lado, caio de fuça no chão, não tava afim de arriscar mais nada. Só de ter ficado sozinha dentro do cemitério, quase escurecendo, já tava me bastando pra não passar nem um fio naquele lugar.
Chegada
Somente por volta das 18h30, que os guardas vieram e graças ao pai de Natany, que entrou em contato com os agentes. A equipe encontrou a jovem e a retiraram após horas e horas presa no cemitério.
“Quando chegaram, só agradecia e pedia pelo amor de Deus pra me tirarem de lá. Ainda demoraram pra abrir o gigante cadeado daquele portão, primeiro eles cumprimentaram todos na porta perguntando o que tinha acontecido. Pensei eu, já querendo chacoalhar o homem pra me libertar daquela minha prisão doida. Quando abriram o portão, só faltou ajoelhar no chão de tão aliviada que estava naquele momento. Só lembrei de me despedir dos gatinhos que ficaram comigo o tempo inteiro, e nem olhei pra trás”.
“Vou ser lembrada disso pra sempre, já passei por muita coisa maluca nessa vida, mas essa com certeza tá no top 3.
Meu pai insistiu em me levar pra casa, passei o caminho todo ouvindo ele é o parceiro de serviço dele tirando sarro da minha pessoa, de fantasminha do Paquetá à Noiva Cadáver. Eles nunca mais vão me fazer esquecer disso, aliás, até agora não acredito em como fui passar por algo assim. Deus deve olhar pra essa filha dele, dar risada e dizer: ‘Essa é a que dá mais trabalho, coitada’.
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