Trans: a busca pelo respeito
No dia em que é lembrada a Visibilidade, eles buscam viver sem discriminações, violência e com igualdade

Esta sexta-feira (29) é lembrado o Dia da Visibilidade Trans e a data serve para conscientizar e também é uma luta para que homens e mulheres trans e as pessoas transexuais tenham garantidos o respeito, o direito, a dignidade e a liberdade de ir e vir, de se expressar e também de poder estudar e trabalhar sem qualquer tipo de retaliação.
Muita coisa avançou e melhorou ao longo dos últimos anos, mas o caminho ainda é longo e o Brasil infelizmente ainda é um dos países que mais cometem violência contra estas pessoas. Só no Estado de São Paulo, o aumento foi de 17% em 2020. Já os casos de homicídios também cresceram de 124 para 175 entre os anos de 2019 e 2020.
Outro aspecto que gera preocupação é a transfobia. Além de ofensas, isso também provoca agressões físicas. Mas engana-se que este problema só ocorre com pessoas estranhas. Até dentro do próprio lar e com a família, a escolha de mudança de sexo pode não ser bem compreendida.
História de vida
O jovem Dante Lucas Detter, de 24 anos conta como foi conviver com esta situação e desabafa.
“Eu passava por situações que qualquer pessoa do gênero passa, mas com um desconforto maior que eu não entendia. Hoje olhando pra trás reconheço que se eu tivesse me entendido como trans mais cedo, eu teria sofrido bem menos. Nada nunca estava bom, sabe? Se eu aceitava a pressão social e me comportasse e me vestisse como uma ‘boa menina’ eu sentia nojo de mim mesmo. Se eu me revoltava contra a expectativa da sociedade e pintava o cabelo (naquela época não era tão comum ainda) e usava roupas mais despojadas, eu me sentia ‘forçada’ demais”, desabafa.
“Eu nunca estava satisfeito, nunca gostava do que eu era em situação alguma. Eu achava que era só por causa de depressão minhas eventuais crises de choro em frente ao espelho. Mas nunca foi tão simples assim. Minha família teve um tempo de resistência, mas em pouquíssimo tempo minha mãe me aceitou. Ela me disse uma frase que foi extremamente marcante: ‘se eu acredito que amor de mãe é incondicional, por quê eu estava tentando condicionar ele?’
O jovem lembra que foi graças a mãe que recebeu o nome de Dante. Ele lembra a importância que isso gerou na vida do rapaz. “Eu juro que não precisava da aprovação de ninguém, mas foi um alívio tão grande saber que eu posso contar com ela. Hoje ela tem uma página no instagram chamada Mãe de Trans (@maedetrans) pra ajudar outras mães e familiares de pessoas LBGT+ a entenderem um pouco mais do assunto e a entender seus filhos e parentes”.
Transfobia no trabalho
A vida das pessoas trans quando o assunto é ingressar no mercado de trabalho também não é nada fácil. A imagem, a reação do público e o ambiente com os companheiros de emprego nem sempre são os mais amistosos e respeitáveis possíveis.

Dante Lucas conta como foi uma das experiências e pede justiça, respeito e igualdade no tratamento, assim como ocorre com outras pessoas. Hoje ele é um ilustrador e tem se garantido no serviço de home office.
“Eu trabalhei como temporário em uma cafeteria em Santos onde a equipe e boa parte dos clientes mais frequentes me tratava super bem e de forma respeitosa, mas não eram todos os clientes. Em pouco tempo eu comecei a ficar muito mal, porque as pessoas não estão nem aí se você tem uma placa com um nome masculino no seu uniforme, elas olham pro seu corpo e seu rosto, julgam como bem entendem e te chamam como elas acham certo”
Campanha por mastectomia
Outro desafio enorme que a população trans enfrenta é na saúde. Para conseguir certos tratamentos, as vezes a burocracia para comprovar a identidade e assim realizar exames e procedimentos cirúrgicos não é uma tarefa das mais fáceis.
Dante conta que busca realizar a mastectomia que é uma cirurgia de retirada dos seios. O procedimento é comum para as mulheres vítimas de câncer de mama precisam passar por ela em sua versão parcial ou completa. Mas no caso dele o procedimento é para fazer a mastectomia masculinizadora.
Além da burocracia, a questão financeira pesa demais. Para isso o jovem criou a campanha de arrecadação financeira online na plataforma Vakinha. “A meta é chegar a R$10.000,00 que é uma média razoável dos custos da cirurgia pelo particular. Porém, como nada é totalmente fixo nessa vida, eu prometi que se eu conseguir passar dessa meta ou conseguir a cirurgia de outra forma sem custos, eu vou reverter todo o dinheiro em doações para outras pessoas trans que buscam a mesma conquista”.
Aos interessados em querer ajudar o jovem a realizar a cirurgia basta acessar o link http://vaka.me/1561852.
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