Polícia

Hora de dar um basta ao racismo

A cultura da segregação e violência racial não podem mais ser aceitas

Vivemos o Século 21, considerada a era contemporânea e que em tese com tanta tecnologia tudo estaria sendo considerado evoluído. Entretanto ainda há costumes que parecem ainda estar enraizados e difíceis de serem eliminados, como o racismo.

Este crime está presente em todas as esferas da sociedade e em todos os setores. Nas escolas, nos ambientes de trabalho, na cultura, na saúde e no esporte, infelizmente surgem diariamente denúncias de ofensas, injúrias, discriminações e violência física, onde boa parte das vezes termina em morte. E o que é feito para combater estes problemas ligados ao racismo? Pouca coisa.

É verdade que os governos municipais, estaduais e federal, além das empresas, clubes e confederações esportivas criam campanhas cada vez mais midiáticas e que são disseminadas nas redes sociais para alertar a todos que racismo é crime e que o basta é necessário. A repercussão é grande, mas não colocada em prática. Diversos discursos são feitos com uma tremenda elegância, só que não tem a eficácia esperada para que o respeito, a união e a justiça prevaleçam em todos os cantos da sociedade.

Caso do racismo na PM

No último dia 9, o tenente-coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Evanilson Correa de Souza foi
agredido durante evento organizado pela Universidade de São Paulo (USP) e transmitido ao vivo pela internet.

Na ocasião, durante a palestra “A estruturação do programa de combate ao racismo desenvolvido pela Polícia Militar do Estado de São Paulo”, ele foi alvo do mesmo racismo que pretende combater. A transmissão foi hackeada, e sobre os slides que ele exibia, foi escrita a palavra “macaco”.

Quando um policial militar é vítima de agressão, são raras as demonstrações de solidariedade. O comum são as
manifestações de pessoas que até cumprimentam o criminoso com frases do tipo “bem feito, a PM é racista, ele
teve o que mereceu”. Só que, neste caso, a agressão transcende o policial.

O tenente-coronel Souza é negro, sofreu agressões racistas ao longo de sua vida. Por sua capacidade ímpar de
tratar do assunto, foi escolhido pela Polícia Militar para coordenar a revisão dos protocolos da PM para
atendimento ao público, o “Manual de Direitos Humanos e de Cidadania aplicado à Atividade Policial”.

Reação

Como o próprio Souza afirmou recentemente, em entrevista a um portal de notícias, “o negro tem pressa porque é muito tempo sofrendo a mesma coisa. O racismo está enraizado nas pessoas histórica e culturalmente e elas não percebem isso”.

O que aconteceu no evento da USP foi lamentável. Ver uma atitude dessas ser perpetrada contra um negro, em
qualquer circunstância, já é aviltante. Mas, quando acontece contra quem quer mudar o status quo, nos faz perder ainda mais a esperança de que o mundo possa ser modificado para melhor.

Quem quer que tenha agido criminosamente contra o tenente-coronel Souza, contra todos os negros e contra
todos os policiais militares, deverá sentir o peso da justiça. Não somente pelo crime que cometeu, mas pelo que
representa atacar os que querem melhorar o mundo à sua volta.

Quando se trata do racismo e discriminação, não bastam proibições, é preciso desenvolver políticas públicas que garantam a inclusão social de todos. E, aqui, devemos usar a interpretação que o Supremo Tribunal Federal deu ao tema, englobando praticamente toda a forma de discriminação nesse crime tão vil e nefasto à sociedade.

Defenda PM

A Defenda PM, Associação de Oficiais Militares do Estado de São Paulo em Defesa da Polícia Militar, presta sua
solidariedade e apoio ao tenente-coronel Souza e a todas as vítimas de racismo, e reforça que não adianta
ficarmos somente na indignação. Precisamos corrigir aqueles que não conseguem enxergar que as diferenças
servem apenas para mostrar que devemos ser respeitados como indivíduos para termos uma vida coletiva
harmoniosa.

Que eventos como esse nos inspirem a agir de forma enérgica contra todos os que não consigam coexistir com
quem é diferente de si. É preciso agir contra toda forma de discriminação.

Com informações do Estadão e escrito por Ernesto Puglia Neto e Frederico Afonso Izidoro

Leia também

PM sofre ofensa racial durante palestra

Mostrar mais

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo