O presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) voltou a criticar nesta quinta-feira (4) as medidas de isolamento social no Brasil e mesmo na pior fase da pandemia do coronavírus, ele se isentou da culpa e disse que os problemas precisam ser enfrentados pela população. O chefe do Executivo Federal esteve em São Simão, em Goiás para um evento.
“Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, questionou.
Na quarta-feira (3), Brasil registrou pelo segundo dia consecutivo de recorde de mortes por COVID-19 em 24 horas. Foram 1.840 óbitos confirmados. Mas o cenário em diversos estados o cenário da rede hospitalar é de colapso.
Vale lembrar que o Brasil está perto da triste marca de 260 mortos pela doença. Os óbitos superaram inclusive os Estados Unidos em número de novas mortes decorrentes da doença por grupo 100 mil habitantes.
Bolsonaro foi à cidade goiana participar da inauguração de um trecho de 172 quilômetros da ferrovia Norte-Sul, que ligará o município a Estrela D’Oeste (SP), o que permitirá o envio de cargas ao porto de Santos. Num discurso de cerca de 20 minutos, o presidente ainda elogiou produtores rurais – parte do público presente na inauguração do terminal ferroviário -, ao dizer que eles não se acovardaram na pandemia, e disse que até o final do próximo mês o país terá recebido ao menos 40 milhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus.
Vacinas
Sobre as compras de vacinas contra a COVID-19, Bolsonaro disse que até o final do próximo mês o país terá recebido ao menos 40 milhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus.
“Só este mês vamos chegar 20 milhões de doses para nós, no mínimo, o mês que vem, no mínimo, 40 milhões de doses. Somos responsáveis, estamos fazendo o que é certo”, afirmou. De acordo com ele, as vacinas começaram a ser compradas assim que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou e seu governo nunca se afastou delas.
“Nunca nos afastamos de buscar vacinas, mas sempre disse uma coisa: ‘ela tem que passar pela Anvisa’. A gente está vacinando seres humanos e a Anvisa é uma passagem obrigatória. E isso aconteceu tão logo a Anvisa começou a certificar as vacinas, nós passamos a comprá-las. Hoje somos um dos países que em valores absolutos mais temos gente vacinada.”
Lockdown
Bolsonaro ainda voltou a dizer que “lockdown não funciona” e disse, erroneamente, que teve a autoridade “castrada”. “Apelo aqui, já que foi me castrada a autoridade, para que governadores e prefeitos repensem a política do fechar tudo […] Vamos combater o vírus, mas não de forma ignorante, burra, suicida. Como gostaria de ter o poder, como deveria ser meu, para definir essa política.”
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, ainda em 2020, que estados e municípios têm autonomia para determinar o isolamento social em meio à pandemia. No evento, o presidente ainda criticou a imprensa e afirmou, ao se referir ao ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), que ele só sai do governo se “for elogiado pela Globo ou pela Folha”.
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