Saúde

Conheça e aprenda a usar a máscara PFF2/N95

Objeto é essencial para a proteção contra a COVID

A máscara se tornou um objeto indispensável quando precisamos sair de casa. Mas agora a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o modelo PFF2/N95 sejam utilizadas devido a maior eficácia e proteção contra a COVID-19. Mas afinal como ela é e como fazer o melhor uso dela? Conheça os detalhes e saiba como utilizar.

1) O que é uma máscara N95/PFF2? Como ela funciona?

A sigla PFF significa “peça facial filtrante”. No Brasil, existem 3 tipos: as PFF1, PFF2 e PFF3. As máscaras desse tipo são uma peça facial constituída parcial ou totalmente de material filtrante que cobre o nariz, a boca e o queixo.

“Portanto, necessariamente, uma PFF deve possuir uma camada de filtro, sendo que, normalmente, essa camada filtrante encontra-se entre outras duas camadas: uma de cobertura, a parte externa, e outra camada que fica em contado com a face, a camada interna”, explica Vladimir Vieira, servidor aposentado da Fundacentro, órgão do atual Ministério da Economia que elabora estudos sobre proteção respiratória, segurança, higiene e outros assuntos relacionados à medicina do trabalho.

Na camada filtrante é onde será retido o material particulado. Essa camada pode ser composta de vários polímeros: polipropileno, poliéster ou polietileno.

2) Ela me dá maior proteção contra o coronavírus do que as máscaras de pano e as cirúrgicas?

Se estiver bem vedada, sim. Isso porque, quando está bem aderida ao rosto, a máscara impede que o vírus entre pelas “folgas” que acabam sendo criadas pelas máscaras de pano ou cirúrgicas. Para isso, é preciso ajustar bem o clipe nasal, o pedacinho de metal que as PFF2 têm. Algumas delas têm o clipe nasal na parte de dentro.

“As PFF2 são uma alternativa segura, barata fácil de se encontrar para as máscaras de pano e as máscaras cirúrgicas, principalmente porque essas não oferecem o mesmo grau de proteção contra a COVID”, explica Beatriz Klimeck, doutoranda em Saúde Coletiva na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)

3) Se eu usar uma PFF2, vou também proteger outras pessoas?

Sim – desde que a máscara não tenha válvulas e esteja bem aderida ao rosto. Um estudo publicado na revista científica ‘Science’ mediu o quanto máscaras de vários tipos conseguiam impedir que as gotículas expelidas por uma pessoa ao falar se espalhassem pelo ambiente. A PFF2 – sem válvula – foi a que melhor cumpriu esse objetivo.

4) Eu devo usar uma PFF2 com válvula?

Na pandemia, não. Isso porque a válvula de exalação serve para facilitar a saída de ar. Nessa saída, entretanto, se a pessoa que está usando a máscara estiver contaminada com o vírus, ela pode expelir partículas virais, ainda que em pequena quantidade, e infectar outras. Ou seja: a PFF2 com válvula protege a pessoa que está usando, mas não as que estão ao redor.

5) Como eu sei se a máscara está bem ajustada?

  • Faça o teste da vedação: com as duas mãos, cubra a maior parte possível da superfície da máscara e expire. Veja se há algum vazamento de ar nas laterais. Outra possibilidade é passar um espelho de mão próximo aos lados do rosto e verificar se houve embaçamento.
  • Veja se a máscara cede quando você inspira e se infla quando você expira. Se você usa óculos, um possível indicador é: se os óculos ficam embaçados, a máscara pode não estar vedando bem.
  • Ajuste o clipe nasal, com as duas mãos, para não sair ar.

6) Se eu sinto cheiros com a PFF2, significa que corro o risco de me contaminar?

Não. A máscara não foi feita para segurar cheiros, explica Vladimir Vieira. Por isso, sentir cheiro do cigarro de alguém na rua, por exemplo, não significa risco de contaminação se a pessoa estiver infectada. “A camada filtrante dela é para bioaerossol, para material particulado. Se a pessoa está contaminada e você está usando a PFF2 de forma correta, o fato de você sentir o cheiro porque ela está fumando, no caso, se você está com a máscara bem vedada, isso não teria problema nenhum”, afirma.

7) Posso usar duas PFF2 ao mesmo tempo?

Não. Por dois motivos: a de cima pode deslocar a de baixo e há um aumento da dificuldade de respirar. Uma saída possível, explica Vladimir Vieira, é usar uma máscara cirúrgica por cima da PFF2. Isso porque a máscara cirúrgica não aumenta tanto a dificuldade de respirar quanto o outro tipo.

8) Para quais ambientes a PFF2 é recomendada?

Principalmente para locais fechados e/ou mal ventilados e com muitas pessoas – como, por exemplo, o transporte público ou aviões e aeroportos.

Locais fechados e mal ventilados trazem maior risco de contaminação porque os aerossóis emitidos pelas pessoas ao falar, respirar ou tossir, por exemplo, ficam mais tempo em suspensão, ao invés de evaporarem ou serem dispersados. Se esses aerossóis estiverem carregando o coronavírus, outra pessoa, no mesmo ambiente, pode inalar essas partículas e se contaminar. É assim que funciona a transmissão pelo ar – o contágio sem que se tenha contato direto com uma pessoa infectada.

Se estiver cuidando de uma pessoa com COVID em casa, a PFF2 também é recomendável, desde que seja usada de maneira correta.

9) Por quanto tempo eu posso ficar com a máscara antes de trocar?

Em uso comum, fora de ambiente hospitalar, não existe uma regra. O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) diz que uma consideração importante para o uso prolongado seguro das N95 é que a máscara deve manter seu ajuste e funçãoExperiências em indústrias, por exemplo, apontam que elas continuam funcionando por 8 horas de uso contínuo ou intermitente.

“Assim, a duração máxima de uso contínuo em locais de trabalho de saúde sem poeira é normalmente ditada por questões de higiene (por exemplo, o respirador foi descartado porque ficou contaminado) ou por considerações práticas (por exemplo, necessidade de usar o banheiro, intervalos para refeições etc.), em vez de um número predeterminado de horas”, considera o órgão.

Em áreas de alto risco, com maior chance de contato com aerossóis, a recomendação é diminuir o tempo de uso.

10) Como reutilizar a máscara?

Reutilizar, para uso fora de hospitais, é possível; lavar, não. Não use álcool, sabão ou qualquer produto de limpeza.

Veja algumas recomendações de reuso da máscara:

  • Não lave, passe álcool ou qualquer produto químico.
  • Não molhe.
  • Deixe em local ventilado, arejado e longe da luz solar intensa e prolongada.
  • Deixe descansando por, no mínimo, 3 dias, e, se possível, 7. Uma opção é separar uma máscara para cada dia da semana e numerá-las.
  • Não reutilize em sequência (por exemplo: se você saiu com a máscara 1, não a utilize da próxima vez que sair, mesmo que tenha usado por pouco tempo).

11) Crianças podem usar PFF2?

Depende do tamanho da máscara e do rosto da criança, diz Beatriz Klimeck. Algumas marcas, por exemplo, produzem máscaras de tamanhos diferentes, o que pode facilitar o ajuste. Não existem, entretanto, PFF2 feitas especificamente para crianças– porque elas são, primeiro, um instrumento de trabalho.

“‘Criança’ é uma categoria muito ampla. Uma criança de 7, 8 anos consegue usar, perfeitamente, uma PFF2, se bem ajustada ao rosto. Às vezes a gente recebe foto de [criança com] 5, 6 anos, com um rosto bem ajustado numa PFF2″, afirma.

A gente sempre fala que uma máscara boa para criança é uma que ela não fica tentando tirar e que consegue deixar no rosto. Para uma melhor vedação – a melhor opção nesse caso, sem ser uma PFF2, seria uma máscara cirúrgica por baixo e uma de pano por cima, bem ajustadas ao rosto”, afirma Klimeck.

12) Quanto custa, em média, uma PFF2? Onde encontro mais barato?

Segundo Beatriz Klimeck, o preço médio vai de R$ 1,80 a R$ 10. Ela alerta para lojas que têm praticado preços abusivos – como R$ 30, R$ 40 ou mais.

As máscaras podem ser encontradas em farmácias, mas, como é um equipamento de proteção individual (EPI) para trabalho, lojas específicas de EPIs ou de materiais de construção, por exemplo, podem ter preços menores. Procurar on-line também é uma opção.

“Se essa máscara não é acessível, o ideal é que você preste muita atenção na vedação e que tenha uma máscara que seja um pouco mais grossa”, recomenda Vitor Mori.

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