Diferentemente de outras partes do Estado, o Litoral Paulista está com uma condição menos pior em relação a ocupação dos leitos para pacientes com COVID-19. Mas o lockdown já é defendido por especialistas na Região por causa da tendência de alta.
Diversos infectologistas se reuniram em Santos com outros secretários de saúde e representantes dos hospitais para discutir o assunto. Santos é quem possui a maioria dos leitos para pacientes com COVID-19, mas eles podem estar com 100% de toda capacidade ocupada.
Na coletiva de imprensa desta quinta-feira (18) todos falaram da necessidade do lockdown. “Não há rotatividade de leitos. O nosso grande medo é termos óbitos sem assistência. Por isso, estamos aqui hoje”, anunciou Adriano Catapreta, secretário de Saúde de Santos.
O titular da pasta da cidade explicou que o Governo do Estado preconiza de 10 a 30 leitos COVID-19 a cada 100 mil habitantes. Santos tem, atualmente, 77 leitos a cada 100 mil habitantes. No entanto, a média de internação na UTI é de 21 dias por paciente.
Pedido de lockdown
Segundo o médico infectologista Marcos Caseiro, cerca de 38% dos pacientes com a doença que precisam ser internados acabam morrendo durante o tratamento. A taxa de óbitos para os que vçao para a UTI sobe para 59% e, dos entubados, chega a 80%. “Nós não precisamos apenas de leitos. Nós precisamos não chegar a esse ponto (de ir para a UTI)”, apontou o médico.
Ainda durante seu pronunciamento, ele pediu por lockdown. “Espero que a gente determine o lockdown como única medida para frear a pandemia“, disse. Evaldo Stanislau, diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, também pediu pela medida. “Teremos um caos sanitário e, quem sabe, um caos social se nós não formos muito rigorosos”.
A situação dos hospitais
O diretor-presidente da Unimed Santos, Claudino Guerra Zenaide, afirmou que quatro pacientes da Baixada Santista aguardam vaga em leitos Covid-19 e que nenhuma outra unidade da rede consegue transferência, neste momento. “Acabando aqui, terei que correr atrás da situação desses pacientes”.
A diretora do Hospital Guilherme Álvaro, Monica Mazzurana, afirmou que, além da ala de UTI Covid-19, as alas de UTI cardiológica e geral também estão lotadas. “Desde a semana passada, com 48 leitos de UTI lotados, trabalhamos incessantemente por 48 horas para entregar mais 10 leitos de UTI, que lotaram em seguida”.
“Conforme a situação que enfrentamos no dia a dia, fazemos a ampliação de leitos conforme necessário”, disse diretor administrativo e financeiro da Santa Casa de Santos, Augusto Capodicasa.
O diretor clínico do Hospital São Lucas afirmou que a unidade conta com aproximadamente 100 leitos. “Desses leitos, não tenho nenhum disponível para atender pacientes com Covid-19 e, principalmente, pacientes que não tenham nada relacionado à Covid-19, o que é ainda mais preocupante”.
Ele contou ainda que, ao longo da duração da coletiva de imprensa, recebeu 12 pedidos de vagas de pacientes a serem transferidos. “Eu recusei porque não tenho onde colocá-los dentro do hospital”, disse.
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