Menino de 10 anos morreu após ter uma parada cardíaca, enquanto brincava com os amigos em Cubatão (SP). Neste sábado, a mãe da criança relatou o sofrimento da família ao perder o menino poucos dias após o aniversário dele.
Nicollas Rafael completou 10 anos no dia 17 de agosto. Ele não quis festa, já que sonhava ganhar um videogame da família. Com muito esforço e trabalho, a autônoma Bruna Rosane, de 35 anos, mãe da criança, conseguiu presentear o filho com o que ele queria, além de lhe dar um novo cachorrinho.
Nicollas, considerado uma criança feliz e animada, ficou ainda mais alegre desde então. Na noite da última terça-feira (7), ele saiu de casa para brincar com os amigos. Algumas horas depois, Bruna foi surpreendida com gritos de socorro. “Eles vieram aqui e gritaram para ajudá-lo”, relembra.
O menino passou mal enquanto brincava, chegou a pedir água para os amigos, ficou fraco e desmaiou. As crianças chamaram os responsáveis e a família o levou para o Pronto Socorro Infantil de Cubatão. Eles chegaram no local pouco antes de 0h, porém, a 0h50, a morte do menino foi confirmada.
A princípio, os médicos relataram à família que a morte havia sido motivada por causas naturais. No entanto, após exames, foi constatado que ele teve uma insuficiência cardíaca e um edema agudo pulmonar bilateral, que causa acúmulo de líquido no tecido pulmonar, desencadeado por uma miocardiopatia hipertrófica assimétrica, doença que dificulta o bombeamento de sangue pelo coração e, muitas vezes, não é diagnosticada.
Desolada com a morte repentina do filho, Bruna ressalta o quanto ele era feliz e como ela tem se sentido após a perda. “Não chega a ser dor, é um vazio, me sinto oca por dento, achando que a qualquer hora vou acordar e ver ele”, lamenta.
Miocardiopatia hipertrófica assimétrica
De acordo com o cardiologista Luiz Cláudio Behrmann Martins, especialista em arritmia da Santa Casa de Santos, Nicollas possuía uma miocardiopatia hipertrófica assimétrica, que causou arritmia e levou a criança a ter uma parada cardíaca.
A incidência anual da doença é de 0,3 a 0,5 casos a cada 100 mil crianças, sendo considerada uma doença rara. Segundo o cardiologista, a miocardiopatia hipertrófica é genética e pode ser identificada ainda na gestação, com o exame ecofetal. Após o nascimento, a criança inicia o tratamento, onde a medicação visa, justamente, evitar os casos de morte súbita, que representa o quadro mais temido da doença.
“A arritmia é o coração batendo em uma frequência muito alta e piora muito o quadro da criança. A medicação para a miocardiopatia vai prevenir a morte súbita. No caso da criança (Nicollas), ela teve um edema de pulmão e coração dilatado devido à arritmia, que acabou levando à morte súbita”, explica.
Conforme esclarece o especialista, crianças com essa condição podem reclamar de falta de ar e dores no peito, porém, em alguns casos, o primeiro sintoma da doença pode, como no caso de Nicollas, ser o mal súbito.
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