Política

Ministro amigo de Bolsonaro ofende senadora

Wagner Rosário chamou Simone Tebet de 'descontrolada' e causou uma enorme confusão

Era mais um dia quente de CPI da Covid no Senado. Mas ele ficou vulcânico após o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, chamar a senadora Simone Tebet (MDB-MS) de “descontrolada” durante a reunião. A ofensa provocou um grande tumulto e ele também foi ofendido e assim deixou a sessão.

Pra piorar, Wagner virou mais um investigado da CPI a pedido do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), que converteram a condição do ministro.

Tudo começou depois que Wagner Rosário fez a declaração após Tebet ter criticado a atitude do ministro em relação ao presidente Jair Bolsonaro e ao processo de aquisição pelo governo federal da vacina Covaxin. A senadora afirmou que a CGU “não foi criada para ser órgão de defesa de ninguém”, sugerindo que Rosário atua para atender aos interesses do presidente Jair Bolsonaro.

“Temos um controlador que passa pano, deixa as coisas acontecerem”, afirmou Simone Tebet.

Segundo a senadora, o ministro não pode se comportar como “advogado do governo”.

Caso Covaxin

De acordo com Simone Tebet, foram usados documentos falsos no contrato para a aquisição da Covaxin, não detectados, segundo ela, pela CGU.

De acordo com a senadora, das três versões de “invoice” (nota fiscal de importação) que teriam sido elaboradas, somente a primeira era verdadeira – o documento cobrava um pagamento antecipado de US$ 45 milhões, o que não estava previsto em contrato, com benefício para uma empresa localizada em Singapura. A CPI apura se esse dinheiro seria desviado do contrato.

“Bem, senadora, com todo o respeito à senhora, eu recomendo que a senhora lesse tudo de novo porque a senhora falou uma série de inverdades aqui”, disse o ministro.

Tebet respondeu: “Não faça isso. O senhor pode dizer que eu falei inverdades, mas não me peça para fazer algo porque eu sou senadora da República”. Tebet disse ainda que Rosário estava “se comportando como um menino mimado.”

“A senhora me chamou de engavetador, me chamou do que quis”, retrucou o ministro. “Me chama de menino mimado, eu não lhe agredi. A senhora está totalmente descontrolada, me atacando”.

A confusão

Após a declaração polêmica do ministro, houve um grande tumulto na CPI da Covid. Senadores foram em defesa de Tebet e chamaram Wagner Rosário de “machista”. A sessão acabou suspensa pelo presidente da CPI, Omar Aziz.

O senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que o ministro quis “agredir” Simone Tebet (MDB-MS) e a instituição Senado Federal. Na retomada da sessão, Aziz disse que o ministro veio com “quatro pedras”, peitando senadores e o grande final da participação de Rosário foi um ataque a uma senadora.

Após sugestão de Aziz, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) aceitou transformar Rosário em investigado pela CPI. Na sequência, a reunião da CPI foi encerrada.

Após a reunião, em entrevista, Simone Tebet (MDB-MS) voltou a dizer que Rosário “passou pano” sobre irregularidades. Ela revelou, no entanto, ter se entendido com o ministro, depois do bate-boca.

“Eu digo aos próximos depoentes: ‘não venham armados. Venham desarmados para responder’. Esta Casa não aceita arrogância, petulância, desrespeito. Ele fez um pedido privado [de desculpa], acho que tinha que ser publicamente. Mas dou como página virada, assunto encerrado”, declarou a emedebista.

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