Governo de São Paulo anuncia mais leitos para pacientes com Covid-19
Ao longo de janeiro, o número de internações aumentou quase 200%
Janeiro tem sido marcado como o mês de recordes de casos e internações em razão da Covid-19. Para atender a demanda, o Governo de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (26), a abertura de 700 novos leitos exclusivos para os pacientes com coronavírus. Eles estarão implantados até o dia 6 de fevereiro. Do total, 266 serão Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 434 de enfermaria.
A gestão João Doria (PSDB) informou que os leitos serão abertos em hospitais estaduais de 14 regiões, incluindo capital e municípios da Grande São Paulo e as regionais de saúde de Araraquara, Baixada Santista, Barretos, Bauru, Franca, Marília, Presidente Prudente, Registro, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, Sorocaba e Taubaté.
O anúncio ocorre após as internações pressionarem o sistema de saúde pública e privada de São Paulo. Nesta quarta-feira (26), a taxa de ocupação de leitos de UTI chegou a 67,4% no estado e 72,3% na região metropolitana da capital. A ocupação de leitos de enfermaria foi de 68,2% no estado e 77,2% na Grande São Paulo. Os dados incluem hospitais particulares e públicos dedicados a pacientes com suspeita ou confirmação de coronavírus.
Crescimento espantoso
A alta de pacientes internados chegou a 194%. Para se ter uma ideia, nos primeiros 24 dias do mês, a média de pacientes foi de 1.052 para 3.093. Já o total de leitos aumentou apenas 9%, de 4.346 em 1º de janeiro para 4.724 na última segunda-feira (24).
Já se for comparar com o pior momento da pandemia no estado de São Paulo, em abril de 2021, o estado chegou a ter mais de 14 mil leitos de UTI destinados à Covid, com ocupação acima de 90%. Mais de 500 pessoas morreram na fila a espera de uma vaga devido ao colapso no sistema. Com o avanço da vacinação e com a diminuição dos casos, parte dos leitos exclusivos para Covid foi desativada nos meses seguintes.
O avanço da variante ômicron, no entanto, voltou a pressionar o sistema de saúde desde dezembro do ano passado.
Para o médico sanitarista Walter Cintra Ferreira, professor de administração hospitalar na Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma taxa de 65% de ocupação na UTI no estado ainda é considerada “confortável”, mas a tendência de aumento da demanda é o que mais preocupa.
“O que preocupa na verdade é a tendência. Deu uma subida abrupta, essa é a grande preocupação”, afirmou ele. “Com essa velocidade de subida a gente fica muito incomodado, fica preocupado, as autoridades precisam estar muito atentas, mobilizadas.”
Segundo ele, “está claro no gráfico que, se continuar com essa tendência, vamos chegar a 100% muito rápido e vai ter gente de novo morrendo por falta de UTI”.
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