
A pandemia nem acabou e já da para perceber que ela foi arrasadora com o comércio. Segundo pesquisa do Sebrae, pelo menos 600 mil micros e pequenas empresas fecharam as portas e 9 milhões de funcionários foram demitidos durante a pandemia. Estes números podem ser bem maiores, já que a pesquisa foi feita no meio da pandemia.
O fechamento das lojas e a interrupção do atendimento físico foi de repente. Muitos comerciantes já estavam em uma situação ruim antes da pandemia e com o fechamento a crise só piorou. Muitos não tinham caixa para se manter por tanto tempo de portas fechadas. Mas muitos também não estavam preparados para vender no online.
A crise antecipou os desafios digitais. Os comerciantes tiveram que fazer em 30 dias uma transformação digital prevista para daqui 5 anos. E nestes meses a inovação fez toda a diferença e ajudou até mesmo alguns a aumentarem o faturamento.
O comércio em Jundiaí
Um pouco diferente do cenário nacional, em Jundiaí o número de aberturas de empresas registrado de janeiro até junho (2621) ainda supera o de encerramento de atividades (1422), segundo dados fornecidos pela Prefeitura de Jundiaí. O presidente da ACE – Associação Comercial e Empresarial – Mark William Ormenese Monteiro imagina que o número de empresas que fecharam as portas este ano pode ser um pouco maior, mas não aparece nas estatísticas municipais porque o encerramento das atividades ainda não foi oficializado. “Muitas empresas já estavam em uma situação difícil antes da pandemia e com a crise instalada, não conseguiram se manter. Simplesmente interromperam as atividades e não tiveram nem condições de providenciar a parte burocrática do fechamento”, diz. “É por isso que defendemos a retomada da economia o mais rápido possível. Do contrário, o número de baixas de CNPJ será cada vez maior daqui para frente.”

Quando se analisa a questão do emprego, comparando dados de julho de 2019, o cenário para o comércio neste ano, mesmo com a pandemia, está melhor. As medidas adotadas pelo governo minimizaram as demissões e apesar do mercado não estar aquecido, a pandemia trouxe várias oportunidades de novos empregos. Setores como transporte e delivery foram beneficiados e segmentos da área de tecnologia e marketing se destacaram por conta das vendas online. “Agora, com a flexibilização dos horários e mudanças de fase a tendência é de um cenário melhor e esperamos que o comércio consiga um movimento próximo do que apresentava antes da pandemia”, diz o presidente da ACE, Mark William Ormenese Monteiro.
Logo no início da pandemia o Governo Federal aprovou a medida provisória 927/2020, que definiu alternativas para teletrabalho, banco de horas, férias, feriados e acordos coletivos, flexibilizando a lei trabalhista para manutenção de empregos e com o objetivo de reduzir os impactos da quarentena na economia. Outra medida do Governo foi a 936/2020, que estabeleceu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, prevendo recursos e regras para a preservação de 8,5 milhões de empregos, beneficiando, ainda, 24,5 milhões de trabalhadores em regime CLT. Esta medida, segundo o presidente da ACE, foi muito importante para a apoiar os empreendedores neste cenário de pandemia e contribuiu para reduzir o índice de demissões, inclusive em Jundiaí.
A MP 936 foi alterada esta semana e o decreto 10.470 prorroga por mais tempo a autorização para que empresas e empregados firmem acordos de redução de jornada e salário ou suspensão de contrato de trabalho.
Expectativa de recuperação
A ACE Jundiaí fez uma pesquisa com associados, da área do comércio e prestadores de serviço, que apontou que a inovação ajudou as vendas. Para alguns ajudou, até mesmo aumentou o faturamento. A crise abriu oportunidades para setores como transporte, por conta do delivery, e área de tecnologia e marketing.
Nesta pesquisa da ACE, 14,71% dos entrevistados não realizaram nenhuma ação no período. As situações de crises são sempre muito desafiadoras. Mas o mais importante para os momentos de adversidades é tentar enxergar o cenário por diversos ângulos, descobrir o que há de positivo na dificuldade e tentar se reinventar.
O ideal é inovar. E a inovação nada mais é do que fazer o que já faz, mas de uma forma diferente. Seja inovarno produto vendido, no atendimento ou até mesmo na maneira como embrulha e entrega o produto para o cliente. Não importa, o empreendedor só não pode ficar parado esperando a crise passar.
Muito tem se falado do novo normal. O que seria isso? Que as empresas não serão mais as mesmas. A pandemia impulsionou tendências, alterou comportamentos e relações comerciais e acelerou a adoção de novas tecnologias. O comércio físico vai acabar? Não vai! Mas se a pessoa não encontrar um produto de qualidade e bom preço na sua loja, ela vai para o online porque ela viu que funciona. O consumidor está cada vez mais crítico e exigente. Se ele não for bem atendido, ele vai reclamar nas mídias sociais. O lojista tem de se adaptar às novas transformações. Quem não se modernizar vai ficar para trás.
Quais as perspectivas de futuro?
Com a flexibilização dos horários e mudanças de fase, agora estamos na fase amarela, a tendência é de um cenário melhor. Esperamos que nos próximos meses o comércio consiga um movimento próximo do que apresentava antes da pandemia.