Cultura

Livro revela uma entrevista com Macunaíma

Obra do jornalista Renato Pirauá será lançada no Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente

Em tempos atuais, um personagem que certamente renderia visualizações nas redes sociais, coleções de curtidas, compartilhamentos e ainda ganharia audiência nas emissoras de TV, certamente seria Macunaíma. O ícone criado por Mário de Andrade causaria espanto com diversas ações que realizou, junto com Curupira. Mas já pensou se uma entrevista com ele fosse possível? É o que o livro “Entrevista com Macunaíma” vai contar.

Em São Vicente, Litoral de São Paulo, o jornalista Renato Pirauá fez questão de fazer a publicação da obra após uma coleta de informações para uma matéria especial. Renato viajou até o estado de Sergipe para entrevistar o ex-cangaceiro. Seu Mair faz revelações surpreendentes, envolvendo dois anti-heróis do século XX, Lampião e Macunaíma, personagens que carregam a brasilidade de um país permeado desde sempre pela miséria, e que clama por justiça – muitas vezes confundida com vingança – e igualdade.

Se o destino providenciasse que os caminhos desses dois vultos se cruzassem, certamente ambos teriam muito a ensinar e a aprender um com o outro. O lançamento será no Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente no dia 16 de abril.

À Rede Notíciaz, Renato Pirauá conta como foi a realização do trabalho, as curiosidades e histórias que ele descobriu com a produção. Acompanhe:

1) Porque a escolha do tema do livro?

O que me motivou a escrever o livro foi a proximidade do centenário do Modernismo no Brasil. Embora o início do movimento tenha surgido na Semana de 1922, o Macunaíma é o grande personagem dessa primeira fase modernista.

O “herói sem caráter” do Mário de Andrade está para a literatura como Lampião está para o cangaço. Então pensei: ‘por que não juntar os dois na mesma história, imaginando-se que Macunaíma tenha existido?’.

2) Como foi o trabalho de pesquisa e quanto tempo durou até a conclusão?

A pesquisa demorou mais que escrever o livro, em si. Macunaíma eu já conhecia bem. Mas Lampião, precisei buscar muita informação. Foram cerca de seis meses de pesquisa e, simultaneamente, quatro de produção do livro.

3) O que mais te chamou a atenção na pesquisa e na hora da escrita?

Não cheguei a me surpreender com as atrocidades relatadas sobre Lampião, mas mesmo assim fiquei imaginando como possa ter existido uma pessoa tão cruel e, ao mesmo tempo, tida como justa por algumas pessoas. Creio que nada justifica as atitudes desse ícone do cangaço, mas entendo que a história mundial é permeada de pessoas assim.

Créditos: Divulgação.
4) Esta é a sua primeira publicação? Como foi se aventurar nesta nova iniciativa e o que motivou?

Sim. É minha primeira publicação. Tentava há tempos escrever uma história com mais de cinco laudas, mas sempre emperrava no processo de criação. Minha esposa, Luciana, foi a minha grande incentivadora nesse período de reclusão provocada pela pandemia. Ela que me estimulou a me dedicar até cinco horas diárias na produção do livro.

5) O que o leitor irá poder encontrar na publicação? Um resumo da obra.

O leitor vai encontrar uma história leve, num ritmo e a brasilidade de uma crônica. Suprimi algumas páginas para ficar bem leve, focando mais no olhar de cada personagem

6) O que o leitor pode esperar?

O leitor pode esperar uma leitura bem gostosa, com um final voltado à reflexão. Não tenho a pretensão de surpreender o público, mas sim possibilitar que reflita sobre questões éticas, morais e até mesmo sociais. Porque Macunaíma e Lampião são frutos de um Brasil injusto, são a resposta para a desigualdade que historicamente prevalece no país.

Nada justifica a violência de Lampião ou as artimanhas de Macunaíma. Mas a personalidade de cada um deles foi moldada pelas circunstâncias, pela vida sofrida que viveram. Somos fruto do meio em que vivemos e reagimos conforme a pancada que levamos. Julgar é necessário. Mas como condenar desconsiderando fatores tão pertinentes?

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