Mais de 300 classes devem ser fechadas pelo Estado, anuncia Governo de SP
Um redimensionamento será feito nas unidades de ensino. Além de superlotação, há problemas de sucateamento
As escolas estaduais vão passar por profundas mudanças e mais de 300 classes serão fechadas. Das 35 regionais de ensino, nove não terão mudanças. O anúncio foi dado nessa sexta-feira (5) pelo Governo de São Paulo.
Segundo a Secretaria da Educação do Estado, os alunos não serão transferidos de escolas e turnos. Só que haverá um redimensionamento de 0,3% (312) do total de 104 mil classes.
De acordo com a gestão, a mudança segue as diretrizes de uma resolução de 2016, alterada em 2018, que estabelece que se, ao final de cada bimestre, constatar-se o aumento ou diminuição da demanda escolar, a Diretoria de Ensino deverá proceder o redimensionamento de classes.
Mas de acordo com um levantamento do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp),o número de classes fechadas será maior: 326.
Apeoesp
Para a entidade, a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) quer promover uma “reorganização disfarçada”. A entidade afirma que esse movimento pode causar o fechamento de escolas, e não apenas das classes.
De acordo com o levantamento do Sindicato, Araras é a região mais afetadas: 36 classes de 18 escolas serão fechadas. Em segundo lugar está Osasco, na Grande São Paulo, onde 9 escolas devem ter redução de classes.
Presidente da Apeoesp, a professora Bebel e alerta para o risco de sucateamento do ensino na rede pública.
“Quanto mais cheia é uma sala de aula, menos humanizado é o aprendizado”, diz. “A escola precisa de espaço e de contato com os alunos para trabalhar temas como ataques”.
A lotação das classes não deve passar o determinado por resolução, que varia de 30 a 45, dependendo do ano do ensino fundamental ou médio.
Segundo o sindicato, o fechamento poderá implicar em:
- Salas de aula mais cheias e, por isso, menos humanizadas;
- Sobrecarga de trabalho dos professores, que resulta em profissionais mais estressados;
- Alunos mais dispersos na sala de aula, porque um professor não consegue dar atenção;
- Menos liberdade para ensinar, porque atividades mais complexas como dissertações e redações levam mais tempo para serem produzidas e corrigidas, então um modelo mais rápido é escolhido;
- Demissão de professores.
Outro lado
A Secretaria Estadual de Educação confirmou o fechamento de 300 turmas, mas afirmou que “as classes serão incorporadas em outras da mesma unidade, não ultrapassando critérios das Resoluções SE nº2/2016”. A resolução estabelece:
- 30 alunos para as classes dos anos iniciais do ensino fundamental;
- 35 alunos para as classes dos anos/séries finais do ensino fundamental;
- 40 alunos para as classes de ensino médio;
- 45 alunos para as turmas de educação de jovens e adultos, nos níveis fundamental e médio.
A secretaria informou que vai manter até 30 alunos por classe, mas o sindicato defende que as turmas deveriam ter no máximo 25 estudantes.
“Não procede a informação de transferência de alunos entre escolas ou turnos. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informa que de 104 mil classes, 0,3% serão redimensionadas, em acordo aos critérios das Resoluções SE nº2/2016 e SE nº 62/2018. A Seduc-SP dialoga com a rede a otimização da formação de classes com até 30 alunos. Se ao final de cada bimestre, constatar o aumento ou diminuição da demanda escolar, a Diretoria de Ensino deverá reavaliar e proceder ao devido redimensionamento, adequando à realidade local e com total garantia pedagógica do ensino aos estudantes”, diz a secretaria.
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