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Racismo: o maior adversário de Vini Jr. e de toda sociedade

Atacante brasileiro sofreu mais um ato e ainda acabou sendo expulso em jogo do Campeonato Espanhol

A maldita cultura do racismo, que foi se desenvolvendo especialmente nas eras de colonizações do europeus nas descobertas das Américas, principalmente no Brasil e nos continentes africanos e asiáticos, é um mal que só vem aumentando e se tornou o maior desafio em busca de uma sociedade democrática, justa, com respeito e boa convivência. Neste domingo (21), mais uma vez a Espanha foi o grande holofote deste ato ultrapassado, primitivo e que envergonha a humanidade. O palco? Estádio Mestalla, em um jogo de futebol de LaLiga, entre Valencia e Real Madrid.

O Valência venceu o duelo por 1 a 0 dos merengues pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol. Mas o que chamou a atenção, mais uma vez foram os atos de racismo contra Vinícius Júnior. Ao longo da partida era possível ouvir alguns gritos de “mono” (macaco, em espanhol). No entanto, a situação explodiu aos 24 minutos do segundo tempo.

Numa jogada pela esquerda, Vinicius Junior foi atrapalhado por uma segunda bola dentro de campo. O atacante do Real Madrid reclamou disso com a arbitragem, e parte da torcida mais perto do gol do Valencia o hostilizou fortemente com xingamentos racistas.

Vinicius puxou o árbitro Ricardo De Burgos Bengoetxea para denunciar um determinado torcedor atrás do gol.

O árbitro então conversou com jogadores e com os técnicos dos dois times, além do quarto oficial. O sistema de som do Mestalla emitiu dois avisos: um de que a partida tinha sido paralisada por causa desse episódio de racismo, e o segundo de que ela só voltaria caso os xingamentos e cânticos fossem encerrados.

Foram cerca de oito minutos entre o início da confusão da segunda bola em campo, passando pela denúncia de racismo, até a retomada do jogo.

O segundo tempo continuou, e por volta dos 48 minutos do segundo tempo, começou mais uma confusão na área do Valencia. O goleiro Mamardashvili partiu para cima de Vinicius Junior. Ambos receberam cartão amarelo inicialmente, e outros atletas foram envolvidos.

No meio do empurra-empurra, o atacante Hugo Duro deu um mata-leão no brasileiro, segurando-o pelo pescoço. Ao se desvencilhar, Vinicius acertou o rosto do adversário. Acalmados os ânimos, o VAR chamou Burgos Bengoetxea, que reviu o lance e decidiu expulsar o brasileiro.

Reações

Após a partida, Vinícius Júnior não deixou pro menos e se manifestou. “O prêmio que os racistas ganharam foi a minha expulsão! ‘Não é futebol, é LaLiga'”, disse o jogador, em referência ao slogan usado pela liga espanhola em campanhas publicitárias.

“Vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, afirmou Vinicius Junior.Em seguida, o atacante também fez um novo post, mas desta vez mais longo, explicando todo o contexto.

“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”.

A declaração rendeu repercussão ao presidente de LaLiga, Javier Tebas, que não poupou críticas. Segundo o dirigente o atacante do Real Madrid exagera nas acusações de negligência da liga nos casos de racismo e disse que o brasileiro não entende a competência da entidade no futebol espanhol.

“Já que aqueles que deveriam não te explicam o que é que LaLiga pode fazer nos casos de racismo, tentamos nós explicarmos, mas você não se apresentou em nenhuma das datas acordadas que você mesmo solicitou. Antes de criticar e injuriar LaLiga, é necessário se informar adequadamente, Vini Jr, escreveu Tebas.

Vini Jr reagiu. “Mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da LaLiga aparece nas redes sociais para me atacar. Por mais que você fale e finja não ler, a imagem do seu campeonato está abalada. Veja as respostas do seus posts e tenha uma surpresa… Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove.

O técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, também não poupou críticas ao racismo e saiu em defesa do brasileiro. “Não quero falar de futebol. Vocês querem falar de futebol? Foi mais que uma derrota. Não parece? Eu sou muito calmo, mas aconteceu algo que não pode acontecer. Um estádio gritando “macaco” a um jogador, e um treinador pensar em ter que tirá-lo por isso. Algo está muito errado nesta liga. Nada acontece”, desabafou Ancelotti.

Clubes brasileiros, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e vários atletas, como Neymar, Mbappé e Richarlison se manifestaram de forma solidária a Vini Jr e todos cobraram uma postura mais firme contra os atos de racismo.

Já o Valencia também se manifestou sobre o caso. por meio de um comunicado condenando “qualquer tipo de insulto, ataque no futebol”. O clube se declarou contrário à violência física e verbal nos estádios e lamentou o ocorrido no jogo contra o Real Madrid. Porém, classificou o caso como “episódio isolado” e prometeu tomar “as medidas mais severas” após investigação. Além disso, condenou qualquer ofensa e pediu “respeito máximo” à sua torcida.

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