Estamos sozinhos?
Nossa Constituição federal, aquela no ápice da pirâmide das normas, afirma que "segurança pública, dever do estado, direito e responsabilidade de todos"

*Por Ernesto Puglia Neto e Frederico Afonso Izidoro
Mal enterramos um herói e já estamos velando outro! Algo impensável para uma sociedade civilizada que não está vivendo um estado de guerra. Pelo menos, não uma guerra declarada… As lágrimas, o amargor e a revolta pelos acontecimentos se misturam e se somam. Para consolar as famílias e amigos enlutados, contamos somente com nós mesmos.
Não há cobertura da imprensa glorificando os atos desses heróis que tombaram; não há grupos de defesa de direitos humanos clamando por justiça; não há clamor popular pelas mortes de seus defensores. Como sempre ocorreu ao longo da história: ESTAMOS SÓS!
Hoje talvez a diferença seja o apoio sincero de um secretário de segurança pública que, literalmente, sentou em uma viatura policial e sabe o que é tomar tiro, sabe o que é enterrar um companheiro de farda (aliás, não temos memória recente da presença de um secretário de qualquer pasta, em um velório de policial) e sabe o que é ter que dar uma notícia de morte para uma família…
E de um governador que sabe o que é está engajado numa luta desigual, cujas regras de engajamento são diferentes entre as partes: as forças de segurança respeitam as leis, já os infratores, ora, o próprio nome já diz o que eles são.
Ocorre que somente esse apoio do poder executivo não nos basta e não estamos sendo ingratos, pois, por décadas nem isso tínhamos. Precisamos de toda sociedade. Precisamos do poder judiciário. E precisamos, especialmente, do poder legislativo!
Precisamos mudar as leis que permitem que alguém atire em um policial (não interessa o adjetivo que vem depois desse substantivo). Precisamos de leis que garantam que aquele que se atreva a executá-lo seja preso rapidamente. E mais, precisamos que ele fique preso o tempo suficiente para que os outros tantos se desestimulem a tentar algo parecido.
Mas, por enquanto, veja bem, por enquanto, estamos sós!
E por estarmos sós, nos resta fazer o que sabemos de melhor: nos protegermos!
Você que nunca viu um irmão tombar ao seu lado; que nunca ouviu o choro desesperado de uma viúva e de seus filhos ao saber da morte daquele que era esteio da família; você que nunca chorou ao ouvir o toque silêncio e a salva de tiros em homenagem ao herói tombado, vai falar que a nossa reação é desmedida, que a nossa reação é exagerada, vai até nos acusar de violentos, truculentos e assassinos! Lamento, estimado leitor, estimada leitura, mas não estão errados!
Somos unidos, somos justos e somos legalistas! O que não somos é covarde! Não deixamos e não deixaremos impune os nossos algozes. E quem tentar nos impedir vai enfrentar uma força que mesmo ferida, combatida em enlutada e enfraquecida pelos desafios que se impõem ao cumprimento do nosso dever e constitucional (nossa lei maior), vai atuar de forma aguerrida para proteger a sociedade!
Mas que garantia a sociedade terá de que a protegemos, se não protegermos a nós mesmos? Estamos sozinhos? Será? Nossa Constituição federal, aquela no ápice da pirâmide das normas, afirma que “segurança pública, dever do estado, direito e responsabilidade de todos”, vejam bem, de todos!
Como diria Gabriel o pensador em sua música palavras repetidas “nem sempre a fraqueza que se sente quer dizer que a gente não é forte!” Mesmo se tivermos sós, estaremos Fortes! Mas e você por que não está conosco?
LEIA MAIS
O Significado real acerca da morte de um policial de Serviço