Conheça 10 dicas de proteção contra a importunação sexual no Carnaval
Pelo menos 45% das mulheres já relataram terem sofrido com importunação ou abuso
Foram dois anos sem a folia rolar solta nas ruas, avenidas, casas noturnas e clubes. Mas agora com a pandemia da Covid sem gerar tantas mortes, o Carnaval vai voltar ao formato tradicional e muita gente quer mais é curtir e cair no samba. Mas a folia pode não acabar bem para as mulheres, que ficam mais expostas ao assédio e ao desrespeito, seja em desfiles, eventos ou blocos de rua.
Segundo pesquisa do IPEC com o Instituto Patrícia Galvão, 45% das mulheres no Brasil já tiveram o corpo tocado sem consentimento em local público. Em relação às práticas invasivas (importunação, perseguição e assédio sexual), 41% das brasileiras já foram xingadas ou agredidas por dizerem “não” a uma pessoa que estava interessada nelas, 32% afirmaram ter passado por situação de importunação ou assédio sexual no transporte público e 31% declararam que já sofreram tentativa ou abuso sexual.
Mulheres têm direito à diversão sem importunação
Desde 2018 está em vigor a Lei 13.718, que criminaliza os atos de importunação sexual e divulgação de cenas de estupro, nudez, sexo e pornografia. A pena para as duas condutas é prisão de 1 a 5 anos. A importunação sexual foi definida em termos legais como a prática de ato libidinoso contra alguém sem a sua anuência “com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”.
Para prevenir e conscientizar a população sobre a importunação sexual, o Governo Federal passou a divulgar campanhas no carnaval, como “Não é Não!”, “Assédio é Crime ou #Nãotemdesculpa”.
“O objetivo é combater esse tipo de crime que, durante o carnaval, se esconde por trás de subterfúgios como: ‘achei que ela quisesse’, ‘foi só um beijinho’, ‘é carnaval’, e ‘foi o álcool’, afirma Claudia Petry, pedagoga com especialização em Sexologia Clínica, membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana) e especialista em Educação para a Sexualidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/SC).
Conheça dicas para se proteger no carnaval:
Cuidado com os golpes da bebida
Não deixe seu copo sozinho na mesa e jamais aceite bebidas de estranhos. “Essas são oportunidades para aplicarem o ‘Boa Noite Cinderela’ ou qualquer tipo de substância que te deixe desorientada e nas mãos do abusador”, pontua Monica Machado, psicóloga, fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.
Vá devagar na receptividade com estranhos
“Boa aparência não diz nada sobre a pessoa, já que ninguém vem com etiqueta na testa sobre suas verdadeiras intenções. Portanto, não seja tão aberta. Sua segurança vale mais do que qualquer paquera casual”, alerta Claudia Petry.
Aposte nos instrumentos de defesa
Leve na bolsa spray de pimenta e arma de incapacitação neuromuscular (armas de eletrochoque). Segundo o Projeto de Lei 161/19, ambos são autorizados no Brasil, exclusivamente para a defesa pessoal de mulheres.
Leve também um apito e uma caneta marca texto preta, para riscar um “X” (símbolo de socorro) na palma da mão e deixar visível, caso precise. “Estas técnicas já ajudaram muitas mulheres a se livrar de situações de risco”, ressalta Monica Machado.
Mantenha contato com seu grupo de amigos
Antes de sair, crie um grupo de WhatsApp com os amigos que estarão com você. Caso se perca deles ou precise de ajuda, contate-os pelo grupo. Vale também marcar um ponto de referência, de preferência, que seja movimentado.
“De qualquer forma, evite ficar sozinha. Mesmo em meio à multidão, você será um alvo fácil, principalmente para homens sob efeito de álcool/drogas”, aconselha a sexóloga Claudia Petry.
Cuidado deve ser redobrado para as adolescentes
Deixe o endereço do evento com seus pais ou responsáveis. “O ideal é que eles te levem e busquem. Caso não seja possível, use um aplicativo de celular para transporte e compartilhe sua viagem com alguém da família”, orienta Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, da Infância e Adolescência, supervisora na residência da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
Ela também adverte que, ao se sentir perseguida ou em situação vulnerável, busque um policial próximo ou entre em um estabelecimento. “Ligue para seus pais ou responsáveis, peça para te buscarem imediatamente e não saia de perto do policial ou de dentro do estabelecimento até eles chegarem”.
Evite beber demais
“O álcool em excesso gera a falsa sensação de poder e segurança, como se nada pudesse acontecer com você. Mas, na realidade, a embriaguez tira seu senso de atenção e perigo, tornando-a vulnerável aos riscos que te cercam”, diz Danielle Admoni.
Jamais volte para casa com estranhos
“Nunca pegue carona com estranhos, mesmo sendo o amigo do seu amigo. Já ocorreram milhares de abusos e estupros dessa maneira”, adverte Claudia Petry.
Atenção no transporte público
Na volta para casa, seja de metrô ou ônibus, procure sentar perto do motorista ou de outras pessoas, principalmente se for tarde da noite. Evite ficar isolada e dormir no banco.
Fique esperta no carro
Se você estacionou o carro na rua, certifique-se de que não há ninguém próximo ao ir embora. Se possível, peça ao seu amigo para te acompanhar até o carro. Abusadores ficam mais intimidados quando a mulher está acompanhada. Também evite estacionar em ruas desertas e sair tarde da noite.
“Em caso de abuso ou importunação, não deixe de falar com pessoas próximas e procure ajuda profissional. Muitas mulheres se sentem envergonhadas e preferem se calar. No entanto, essa ferida pode gerar um trauma e transtornos psicológicos. Guardar para si é alimentar a continuidade da situação e não pensar que alguém próxima também pode ser vítima algum dia”, reflete a psicóloga Monica Machado.
Como denunciar
Quem presenciar ou for vítima de importunação sexual pode denunciar pelo Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, chamar a Guarda Municipal da sua cidade ou a Polícia Militar, ligando 190.
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