CulturaJundiaí

Uma família que acredita na arte e respira teatro há 30 anos.

Ele era apenas um adolescente com sonhos. Foi apresentado ao teatro, ainda na escola, e virou referência como ator e diretor profissional. E já se vão 30 anos de uma carreira sólida. Estamos falando de Alexandre Ferreira, 47 anos, pedagogo especialista em Arte Educação.  atualmente, faz a segunda graduação em Artes, para complementar o currículo.

Ele diz que tudo começou no Colégio Divino Salvador, em 1990. Nossa! Já faz 30 anos…  Impulsionado por uma namorada na época, um anjo que me levou para a profissão que tanto amo. Fiquei com a profissão e hoje somos grandes amigos…

Alexandre reforça o que ele acredita para iniciação dos jovens na arte. No Teatro em Escolas/Colégios as pessoas tem sonhos e podem se entregar as interpretações com mais determinação. O ambiente escolar é um local de formação de Artes no geral podem dar. O Teatro, a Música, a Dança e as Artes Visuais são terrenos livres para discutir sobre a vida e o ser humano, longe de pré-conceitos, dogmas e imposições que a sociedade tem.

O Ator e diretor de teatro já coordenou uma rede de ensino por 15 anos (Rio de Janeiro, São Paulo e Jundiaí), “toquei” o prédio do Complexo Fepasa por 10 anos, fomentando Arte em nossa cidade, (Jundiaí) trabalhei ao lado de um dos maiores diretores teatrais do mundo – Antunes Filho – que faleceu no ano passado (e eu estava  com ele no hospital), enfim, vivo com esse trabalho honesto que amo… Olha, só tenho a agradecer. Hoje leciono no Colégio Santa Catarina, no bairro da Mooca-SP e no Atelier de Artes Alice Vilhena, em Jundiaí, além de ser ator no CPT (Centro de Pesquisa Teatral do Sesc-SP) e liderar a Cia. de Teatro Práxis-ReligArte.

Alexandre revela que o Teatro, para ele, é vida! É um constante fluxo de yin e yang, um vai e vem de sentimentos, sensações. É emoção, catarse, tudo junto e misturado. Diz ainda que a arte para ele é analógica, não digital. “Teatro é contato, olho no olho, sangue, suor e lágrimas; festa: alegria de viver. É uma procura espiritual… Iluminação.”

O Diretor fala que no teatro sempre vai levar uma mensagem para a alma das pessoas, o espírito e o coração! Reforça que a vida é passageira, passa rápido demais e as pessoas precisam  deixar as tentativa de convencer, para comover com exemplos, atitudes: ação.

Alexandre revela que numa carreira tão extensa e de muito sucesso existem algumas peças que me marcaram. Ele lembra de  “Memórias de Maria”… uma peça escrita por ele, que teve a direção e ainda interpretou Jesus. Trabalho repetido por dezoito anos. Na última versão, em 2018, no Teatro Polytheama, eu estava diante de minha filha, que deu vida à Maria… Não tenho palavras para explicar o que é isso. Jesus é o Pai/Filho, Maria é a Mãe/Filha… Dá para imaginar isso?! Realmente só tenho a agradecer.

Na linha de memórias, Alexandre lembra de outro trabalho exibido em Jundiaí.  “A Trajetória do Dr. Fausto”. A peça usava 18 salas no Complexo Fepasa que serviram de cenário para contar essa história. Era um espetáculo itinerante e interativo que ficou dezoito meses em cartaz, de terça a domingo, com ingressos vendidos só para o mês seguinte. Teve uma boa crítica no Estadão, na época. A peça tinha como novidade a movimentação do público que caminhava pelas ambientes – salas antes abandonadas pela Prefeitura e recuperadas pela ReligArte… Triste reforça que que não temos muitos registros.  Uma equipe de São Paulo veio gravar e fotografar o espetáculo, mas ao voltar para a capital um assalto fez com que tudo fosse perdido.

Alexandre mergulha nas memórias e faz uma relação de trabalhos realizados: Em São Paulo –  “A Grande Viagem de Merlin”, do Ricardo Karman e Otávio Donasci; “Blanche”, de Antunes Filho, e o monólogo “Vincent Willem Van Gogh”, peça escrita por Alexandre, baseada nas cartas que Van Gogh escrevia para o irmão. Em Jundiaí,  “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuan, “Vereda da Salvação”, de Jorge Andrade; “Hamlet”, de William Shakespeare”; “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll; “A Trágica História do Rei Édipo”, de Sófocles, “A Queda para o alto”, versão de Claudio Melo… Entre tantos trabalhos, ele destaca também a peça de  “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare, todo encenado com trilha sonora de Linkin Park… Era alucinante! A platéia enlouquecia, batia os pés no chão, as pessoas acendiam as luzes dos celulares… Uma loucura!

O último trabalho feito por ele em Teatro, com platéia, antes da pandemia foi “A Trágica História do Rei Édipo”, de Sófocles, no Sesc Jundiaí em Setembro de 2019. Alexandre conta que atuou com a filha querida – Sofia Savietto, fruto do casamento a ex-mulher, Maria Eugenia Savietto, faz questão de destacar como uma mãe extraordinária, uma guerreira!

A menina Sofia sempre esteve lá, acompanhou toda a trajetória, nos camarins, nas aulas… Olhando tudo aquilo. Apaixonou-se pela Arte que faz o ser humano pensar, refletir…  Hoje Sofia  faz Artes Cênicas na Unesp, canta, dança, interpreta… Ama musicais. Ele diz que a filha superou o pai e a mãe. Assim deve ser: cada geração deve ir além da anterior. Evolução.

 

A filha – Sofia Savietto

A atriz, bailarina e cantora é orgulho do pai Alexandre. Tem 22 anos.  Diz que a carreira no teatro começou muito cedo, logo na barriga da mãe, quando ela subiu ao palco, ao lado do pai, para interpretar Sandra Mara Herzer na peça “A Queda Para o Alto”.

 

 

O privilégio de ter nascido numa família tão ligada à arte reflete toda a minha trajetória como pessoa e artista. Cresci imersa nas Artes, no plural: sempre acompanhando de perto o trabalho teatral do meu pai (que seguiu no teatro profissionalmente, diferentemente da minha mãe, que acabou tomando outro rumo), e também fazendo aulas de dança, música, assistindo a peças de teatro, filmes, enfim, respirando arte a todo momento. Era de se esperar que acabasse seguindo esse caminho, certo?

Como integrante da Cia Práxis-Religarte, em Jundiaí, participou de inúmeras peças dirigidas pelo próprio pai, desde criança. Segue a lista – Memórias de Maria, A Trágica História do Rei Édipo, As Peripécias de Seu Ripió e Compadre Lacraia, A Trilogia Shakespeare, entre tantas outras. Ela diz que tudo o que aprendeu e aprende na Religarte e com o pai deixa marcas muito grandes na vida. Hoje, como consequência do caminho trilhado pela família, Sofia curso Licenciatura em Arte-Teatro na UNESP e busca aprimorar as habilidades em canto e dança também… Revela que tem  um pé que a puxa para a área de Teatro Musical.

Alexandre e Sofia… São família e personagens de uma carreira vitoriosa de 30 anos, no teatro, que continua rendendo aplausos… A própria história poderia virar uma peça. Para comover e não convencer.  Leituras de vida onde a arte faz amigos e peças inesquecíveis. Quantos espetáculos estão por vir ?   Esta trajetória, desde o teatro escola, forma cidadãos ou guerreiros do teatro que podem mudar as relações e o mundo pela arte… Até o próximo ato !

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