Tri da Seleção completa 50 anos
Equipe lendária de Pelé, Rivelino, Gerson e Tostão fez história no México
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O ano de 1970 para os brasileiros era de muita tensão por causa da Ditadura Militar que estava em seu começo e era selvagem. Com o AI-5, a censura estava instalada, direitos políticos haviam sido casados e o governo de Emílio Garrastazu Médici aplicava punições com violência, tortura e mortes àqueles que eram contra o regime. Muitos foram deportados e exilados para outros países. Mas nesse ano, o Brasil teve sim um ótimo motivo para sorrir e fazer história. A Copa do Mundo do México imortalizou uma equipe que fez arte com a bola e chegou ao título com total maestria.
Antes, de falar da campanha, vale lembrar que a Seleção Brasileira passou pelas Eliminatórias com supermacia. Foram 6 partidas e todas com vitória contra Colômbia, Venezuela e Paraguai. Mas em meio a este sucesso, teve um problema nos bastidores, com a saída do técnico João Saldanha. Ele teve divergências com o governo brasileiro, em plena ditadura e por isso a escolha foi por Zagallo. Isso ocorreu em março de 1970.
Depois a preparação dos atletas não era só tática, mas sim de como saber lidar com o rigor físico dos europeus, visto o passado traumático do Brasil no Mundial de 1966, na Inglaterra. Na ocasião, a Seleção caiu ainda na primeira fase. Todos os detalhes de como os europeus jogavam foram observados por uma tecnologia que não se compara aos dias atuais, mas foram suficientes para os brasileiros saberem enfrentar os adversários.
Chegou o tão esperado 31 de maio daquele ano e a Copa, que chegava na sua nona edição teve momentos memoráveis, como o alemão Beckenbauer, que mesmo com o ombro deslocado, ainda assim jogou até o fim a semifinal contra a Itália e muitos gols.
A estreia do Brasil foi no dia 2 de junho contra a Tcheco-eslováquia e logo de cara um 4 a 1 de cartão de boas vindas. Rivelino, Pele e Jarirzinho duas vezes fizeram os gols brasileiros. Depos chegou a vez de encarar o até então campeão mundial, a Inglaterra. A partida foi intensa, dura e com direito a uma defesa considerada a melhor feita de todos os tempos. No cabeceio de Pelé, o goleiro Gordon Banks foi até o seu limite defender a queima roupa. Só mesmo Jairzinho, que seria chamado de Furacão no Mundial e por ser artilheiro para conseguir abrir o placar, definir a vitória por 1 a 0.
Fechando a sua participação, um jogo complicado contra a Romênia, mas com importante vitória de 3 a 2. Pelé duas vezes e Jairzinho anotaram os gols. Nas quartas e nas semifinais vieram uma sequência de duelos Sul-americanos: Peru e Uruguai. Os brasileiros mostraram toda sua sinfonia com um jogo objetivo, de troca de passes e gols que encantavam pela simplicidade e o entrosamento no posicionamento dos atletas. Contra os peruanos foi 4 a 2 e contra os uruguaios foi 3 a 1 o placar.
Mas no caso do Uruguai o resultado poderia ter sido ainda maior, se os deuses da bola permitissem que Pelé tivesse sucesso em dois lances. Um em um drible que ele fez contra o goleiro sem tocar na bola, deixando que ela passasse de um lado e ele fosse de outro. A finalização não teve sucesso por centímetros. O outro lance foi um chute da área da marca central do campo. Ela ia encobrindo o goleiro, mas caprichosamente não entrou. Hoje vemos diversos jogadores conseguirem fazer este tipo de gol. E por isso é chamado de “O gol que Pelé não fez”. De qualquer forma foram momentos épicos;
A final foi contra a Itália que havia superado a Alemanha Ocidental de Beckenbauer, aquele que foi citado que mesmo com ombro machucado, ainda assim jogou até o fim. Os italianos vinha embalados por terem conquistado a Eurocopa de 1968. O duelo também seria um desempate no número de títulos mundiais. O Brasil havia ganho bi mundial em 1958 e 1962. A Azzurra levou o caneco em 1934 e 1938. Quem ganhasse seria o soberano em Copas do Mundo.
Era esperado um jogo muito equilibrado. Mas no estádio Azteca, o que mais de 107 mil pessoas foram assistir era um show de como jogar futebol. Sem toda essa velocidade e rigor físico que vemos hoje em dia. Mas com toques de bola, o jogador saber onde o outro estar sem precisar “olhar”, dribles objetivos e gols que até hoje marcam, como a bola de pé em pé até o gol de Carlos Alberto avançando pela direita batendo forte.
Pronto, a Jules Rimet, nome da taça da Copa do Mundo estava em mãos do país do futebol, da nação que com sua alegria, ousadia e talento jogavam futebol com uma leveza e ofensividade brilhantes. A campanha foi de seis vitórias nos seis jogos, 19 gols anotados e 7 sofridos e a imortalidade ser chamada de melhor seleção de todos os tempos. Parabéns ao esquadrão liderado por Carlos Alberto, Brito, Piazza, Felix, Clodoaldo, Marco Antônio, Jairzinho, Gerson, Tostão, Pelé e Rivelino. Mas sem esquecer também dos goleiros Ado e Leão, os laterais Zé Maria e Everaldo, dos zagueiros Baldocchi, Fontana e Joel Camargo, do meia Paulo César e dos atacantes Roberto, Edu e Dario. Todos comandados pelo mestre Zagallo.