Servidores de ‘gabinete do ódio’ alimentavam sites bolsonaristas que lucravam até R$ 100 mil por mês

Depoimentos prestados no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga atos antidemocráticos afirmam que servidores do Palácio do Planalto, integrantes do chamado “gabinete do ódio”, são responsáveis por uma rede de informações privilegiadas sobre o presidente Jair Bolsonaro com blogueiros bolsonaristas. Sendo que, parte dos youtubers afirma receber até R$ 100 mil mensais com o conteúdo.
As informações foram reveladas pelo “Estado de S. Paulo” na sexta-feira. Segundo o jornal, o assessor especial da Presidência da República Tércio Arnaud Tomaz e o ajudante de ordens Coronel Mauro Cesar Barbosa Cid são os interlocutores do youtuber bolsonarista Allan dos Santos, investigado pelo Supremo.
De acordo com os depoimentos, Tércio seria o responsável por repassar informações privilegiadas do presidente para os blogueiros. O assessor especial compartilha vídeos do presidente e participa de grupo de mensagens com os blogueiros para “discutir questões do governo”, segundo disse em depoimento à Polícia Federal.
Cid, por sua vez, afirmou que atua como “mensageiro” de Bolsonaro. Sendo assim, segundo o ajudante de ordens, ele leva e traz recados de Allan para o presidente. Mas o blogueiro que se mudou para os Estados Unidos atuaria como uma espécie de representante das demandas dos demais canais de YouTube.
Calculava-se, que a Folha Política podia ter faturado entre US$ 6 mil e US$ 11 mil ao exibir o que disse o presidente durante a manifestação do dia 3 de maio, diz o inquérito. Enquanto o Foco do Brasil, segundo a PGR, o ganho pode ter alcançado algo entre US$ 7,55 mil e US$ 18 mil com uma transmissão feita no dia 19 de abril.
Segundo o “Estado de S. Paulo”, Anderson Azevedo Rossi, criador do canal “Foco do Brasil”, faturou R$ 1,7 milhão entre março de 2019 e maio de 2020. Sendo assim, Allan dos Santos disse aos investigadores que recebe R$ 12 mil por mês. Os donos da “Folha Política”, Ernani Fernandes Barbosa e Thaís Raposo, informaram rendimento de R$ 50 mil a 100 mil mensais.
Nota do Palácio do Planalto
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República afirmou, em nota, que a reportagem do “Estado de S. Paulo” é “pura ilação, enquanto não apresenta qualquer prova cabível e comprovação documental”.
“Jamais a Secom ou integrantes do Palácio do Planalto contribuíram com conteúdos antidemocráticos. Não há apoio do governo e nenhum centavo sequer destinado a qualquer blog ou canal digital. Diferentemente de outras gestões que patrocinaram com verbas públicas sites e blogs de esquerda”, disse.
“Fazer co-relação com vídeos e conteúdos disponíveis publicamente na rede, em blogs de terceiros, é mero exercício de ficção, querendo impor a esse governo relação com atos antidemocráticos”, acrescentou a Secom. (com informações do extra)
LEIA TAMBÉM