Política

Ex-governador de São Paulo morre aos 92 anos

Ele também teve passagens no Governo Federal

O ex-governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins morreu nesta sexta-feira (12), aos 92 anos. Ele esteve a frente do Palácio dos Bandeirantes entre os anos de 1975 e 1979 após ser nomeado pelo presidente Ernesto Geisel.

Apesar de vivenciar na época da Ditatura Militar (1964-1985), Paulo sempre criticou os excessos cometidos pela ditadura, como as punições rigorosas, prisões, torturas e mortes. Foi por meio dele que ele deu sustentação civil à “distensão” promovida por Geisel, como ficou conhecida a iniciativa que levaria à “abertura” e, finalmente, à redemocratização do país.

História

Nascido em 1928 em São Paulo, mudou-se com a família para Santos, onde passou a infância, e concluiu os estudos no Rio de Janeiro, formando-se engenheiro em 1951. Lá deu os primeiros passos na vida pública, atuando na contramão da política estudantil. Associado à UDN (União Democrática Nacional), integrou a diretoria da UNE (União Nacional dos Estudantes) que deu uma guinada à direita na entidade, numa reorientação que se revelaria fugaz.

No início dos anos de 1960, trabalhando na iniciativa privada, Paulo Egydio transformou seu escritório em São Paulo num ponto de encontro de líderes que participaram da conspiração que depôs o presidente João Goulart em 1964.

Identificado com o governo militar, Paulo Egydio disputou a Prefeitura de São Paulo no ano seguinte. Só que ele ficou apenas em quinto lugar. O primeiro cargo público foi o de ministro da Indústria e do Comércio, em 1966.

Foi filiado à recém-criada Arena (Aliança Renovadora Nacional), apoiou a política econômica estabilizadora e recessiva que marcou o início do regime militar. Próximo do grupo do presidente Castello Branco, Paulo Egydio se afastou do governo durante os períodos de Costa e Silva e Médici, quando o Brasil viveu entre o “milagre econômico” e o acirramento da repressão política.

O cargo de governador de São Paulo

Ele foi nomeado por Ernesto Geisel para assumir o governo paulista. A ação deflagrada por Geisel avançava e recuava, mas ele era constantemente pressionado de um lado pela oposição, só que também pelo outro pela linha-dura. Em sintonia com o presidente, Paulo Egydio também oscilava segundo o momento.

Denunciou a reorganização do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no estado e a infiltração de militantes na TV Cultura e no movimento estudantil. Mas isso fez com que a consequência o recrudescimento da repressão em São Paulo, que culminou com o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, e a invasão da PUC, em 1977.

Paulo Egydio teve papel coadjuvante no episódio que consolidou a distensão política. Na noite de 18 de janeiro de 1976, um domingo, ligou para Geisel para lhe informar que, poucos meses após a morte de Herzog, outro preso, o operário Manuel Fiel Filho, tinha morrido nas dependências do Segundo Exército.

No dia seguinte, o presidente exonerou o general Ednardo D’Avila Mello, impondo uma derrota importante, mas não definitiva, à linha-dura. Se dependesse só de Geisel, Paulo Egydio poderia até ter sido seu sucessor. Mas na prática isso se revelou impossível, de que o escolhido fosse um civil.

A vida pós-governo

Em 1979, logo após deixar o Governo de São Paulo, Paulo declarou apoio à anistia “ampla, geral e irrestrita”, uma bandeira erguida pela oposição, e em seguida, com o fim do bipartidarismo, se filiou ao efêmero Partido Popular (PP), de Tancredo Neves.

Nos anos seguintes, aderiu ao PDS (Partido Democrático Social) e ao PMDB e voltou a se dedicar à iniciativa privada no final dos anos 1980. Em 2005, acabou se filiando ao PSDB. Casado com Brasília Byington, teve sete filhos.

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