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Antes da colheita existe um caminho a percorrer

por Adalberto Ceolin

Todo mundo busca a colheita. Mas para colher é preciso percorrer um caminho. Pode ser longo ou curto. Depende de quem esta na trilha. Nada na vida é por acaso e não existe nada que seja estático, somente a morte. Se esta vivo, vamos juntos nessa caminhada em busca dias melhores e uma colheita farta.

Os caminhos do autoconhecimento podem levar o buscador a uma ilusão. A ilusão de que um dia haverá um momento em que ele dominará tantas técnicas, tantas ferramentas, que não terá mais problemas com nada. O buscador às vezes se ilude, achando que será inabalável. Para não cair nessa cilada, basta lembrar que somos seres humanos, dotados se sentimentos, emoções, dores, alegrias etc, etc etc.

Então, por que mesmo buscar autoconhecimento?
Se isso não nos vai tornar imunes a problemas internos e externos, por que procurar os caminhos de evolução?
Qual é a diferença entre um buscador e uma pessoa não desperta?

Existem movimentos que não podemos controlar. Não depende da nossa vontade se irá chover, ou fazer sol, se irá nevar, se haverá uma tempestade, um furacão, um terremoto.

Diferenças de um lider

A diferença entre um líder buscador e as pessoas não despertas, reside exatamente na atitude diante das situações de adversidade. Não é possível controlar ou sempre prever um acontecimento desafiador, mas é possível ter estrutura e inteligência emocional para lidar positivamente com o acontecimento.
Isso se chama competência. Competência se resume em ter conhecimento, habilidade e atitude.

A competência é o grande diferencial do líder buscador em relação aos demais.

“O que importa não é o que acontece, mas sim como você reage” (Bruce Lee)”.

O líder que detém competência sabe o momento em que está diante de uma situação que não pode controlar e então, não desperdiçará energias em vão. Ele simplesmente concentrará suas energias na direção de uma solução.


“Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar onde quer” Confúcio
Isso é liderança.

A perfeição da liderança reside exatamente no ponto em que entendemos e reconhecemos que o mundo não é perfeito, que as pessoas não são perfeitas e nós também não.

Já nesse nível, começamos a colher os frutos do autoconhecimento. E garanto a você buscador, que não existe nada mais prazeroso.

Creio que se você está lendo este artigo, provavelmente algo te levou a se iniciar nesse maravilhoso caminho sem volta. A cada passo dado à frente, à cada fase, à cada aprendizado, à cada experiência, é como se passássemos por uma ponte que em seguida se queima, não permitindo mais voltar a sermos o que éramos.

Autoconhecimento e os testes

É exatamente nesses picos do autodesenvolvimento é que somos testados. E o aplicador do teste capcioso é o nosso ego. Os testes muitas vezes surgirão em forma de autoquestionamento.
Por mais evoluído que o líder esteja nesses assuntos, dificuldades, situações desafiadoras, revezes da vida, irão muitas vezes agitar as águas por onde o buscador navega, fazendo com que ele se questione, fazendo surgir um monstruoso racionalismo que o faz colocar em cheque, toda sua caminhada, em um momento de fraqueza.

Esse racionalismo exagerado e incontestável nada mais é do que a mente fortalecendo ao ego. Quando isso ocorre, a mente cria um raciocínio tão lógico, lastreado em crenças limitadoras, que faz formar uma realidade do ponto de vista de quem está sofrendo os revezes da vida.

Esse é um momento em que o líder buscador saberá como transmutar todas as energias e observar sua mente pelo lado de fora dela.

Com toda certeza momentos assim farão parte do caminho.

Habilidade e ferramentas

Aí será o momento de usar todas as ferramentas da caixa, com habilidade. A essas alturas, já estarão reunidas competências que permitirão agir de forma criativa, usando todas as ferramentas de forma praticamente automática, tal como um lutador de M.M.A. que domina várias artes marciais diferentes. Quando está lutando, não há momento para ele dizer “agora em vou aplicar um golpe de Karatê; e agora vou dar uma chave de Jiu Jitsu”. O lutador simplesmente aplica as técnicas sem pensar, pois os golpes que conhece e treina, simplesmente saem de forma automática e espontânea no exato momento que ele precisa.

Há momentos que somente resta ao líder confiar nas suas ferramentas. Isso revela uma postura de liderança segura, diante de qualquer situação adversa.

É um momento de entrega, de rendição e confiança em um plano maior. Quando você tem certeza em sua consciência de que fez tudo o que era necessário fazer, resta se entregar e confiar numa rendição total ao plano divino.

Seria mais ou menos como se você conversasse com Deus, ou com seu Eu Maior, ou o que ainda lhe fizer sentido e nessa conversa ou prece, você dissesse: “eu sei que fiz tudo o que era certo e necessário, agora por favor, me guie, me ajude”.

Isso é um ato de rendição ao Plano Maior.

Um caso prático de colheita

Certa vez, eu estava trabalhando em uma Unidade que havia me custado muito esforço para consertar as coisas por lá. Expedientes atrasados, plantão sem preparo, comunicação nota zero, produtividade sofrível e

péssimo ambiente de trabalho. Após um ano, trabalhando junto a uma equipe de encarregados muito competentes, conseguimos fazer com que a Unidade se tornasse umas das melhores da região para trabalhar, em todos os sentidos.

Quanto tudo estava praticamente perfeito é que tive contato com a minha própria tempestade.

Um dia fui chamado pelo meu chefe. Ele disse que precisaria dos meus préstimos em uma outra cidade. Nessa outra cidade, apesar de ser uma Unidade bem menor que aquela que havia comandado anteriormente, os problemas eram piores em todos os sentidos, com um agravante: O número de funcionários eram muito aquém do que deveria haver para os padrões mínimos de funcionamento descente, entre outras mazelas.

Quando me vi diante dessa situação, o meu lado mental começou a dominar, me levando a raciocinar logicamente de uma maneira bem negativa. O meu ego me dominou por alguns dias, construindo raciocínios e estratégias mentais limitantes, como falta de reconhecimento por parte do meu chefe, que não haveria nada a fazer para melhorar uma Unidade abandonada, que a responsabilidade por este estado de abandono não era minha entre outros pensamentos que na verdade, somente justificavam uma forma de eu me esquivar do problema.

A reflexão

Fiquei lambendo minhas feridas durante vários dias, num estado de consciência muito baixa, mergulhado em uma auto vitimização sem fim.

Após alguns trabalhos fortes de muita meditação, alguns auxílios terapêuticos buscados até mesmo em outras caixas de ferramentas que não a minha, consegui sair desse estado de “mi mi mi”.

O primeiro passo foi dado. Serenar a mente e sair desse estado mental, passando a olhar todo esse “mi mi mi” de fora. Mente serenada, passei a uma fase de organização.

Não é o ideal, mas ainda dá para jogar futebol com menos de onze jogadores. Trabalhamos com o efetivo reduzido, mas com atitude, liderando pelo exemplo.

Com o efetivo reduzido, porém organizado, passamos a agir, conseguindo os primeiros resultados positivos, a partir do ambiente de trabalho, depois direcionando comportamentos, habilidades e assim por diante, já me utilizando aqui, da ferramenta de níveis neurológicos.

Isso somente foi possível porque durante os trabalhos terapêuticos, meditação, e do uso de ferramentas, tal como o lutador de M.M.A., consegui atingir um estado de rendição ao plano maior. Eu fiz tudo o que era necessário fazer. Por favor me ajude agora.

Trouxe para minha consciência que sendo um líder desperto, simplesmente não tinha o direito de permanecer no “mi mi mi” mental para sempre. Isso não pertence aos líderes.

Mi mi mi….

.

É claro que haverá situações que ensejarão muito “mi mi mi”, lamentos, reclamações, justificativas, blá blá blá, mas pode durar apenas por 05 minutos.

Acolha, aceite e respeite o seu próprio “mi mi mi”, mas depois chega!!!. Já se descabelou! Agora deu né! Essa choradeira de justificativas pode incomodar muito.

Traga para sua consciência que isso não lhe pertence e simplesmente saia dessa energia de lamúrias, aquiete sua mente, organize-se e parta para a ação certa.

Em situações cuja solução parece não existir, somente é possível lidar dessa maneira. Se entregando a Deus, ou ao Universo, ou ao seu Eu Maior, enfim, o que lhe fizer sentido, mas simplesmente confie e se renda.

 

Por Adalberto Ceolin.  Delegado de Polícia do Estado de São Paulo, coach, PNL Master Pratitioner, analista comportamental com eneagrama.

 

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