Política

Ernesto Araújo deixa o Ministério das Relações Exteriores

Assessores próximos a ele confirmaram a informação, mas o Governo desmente

Nesta segunda-feira (29), o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo pediu demissão do cargo. Assessores próximos a ele foram comunicados sobre a decisão e apresentou o pedido diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (Sem partido). Mas o Governo Federal ainda não confirmou a demissão.

Ernesto Araújo vem sofrendo uma intensa pressão de políticos, especialmente dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP) e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM). Ele é apontado como um dos responsáveis pela má atuação do Brasil no cenário internacional, prejudicando a busca de doses da vacina contra a Covid-19.

Ernesto adotou em sua gestão os mesmos princípios da política externa do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Só que essa postura gerou atritos com importantes parceiros comerciais, como a China, principal destino das exportações brasileiras, além de maior produtor de insumos para vacinas no mundo.

Sem clima

A última semana mostrou que a paciência do meio político com Ernesto havia chegado ao limite. Ele foi cobrado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, por uma atuação mais efetiva na busca pelas vacinas. A cobrança foi feita em meio a uma reunião no Palácio da Alvorada, onde Jair Bolsonaro estava presente, além de outros chefes de poderes e ministros.

Ernesto Araújo participou de uma sessão do Senado e ouviu de senadores pedidos para deixar o cargo. O próprio líder do governo do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP), disse que “Ernesto Araújo não tem ambiente” para negociar ajuda internacional ao Brasil para acelerar a chegada de vacinas.

O último episódio ocorreu no fim de semana, quando Ernesto se envolveu em um atrito com a senadora Kátia Abreu (PP). O ministro escreveu em uma rede social que, em um almoço no início de março, a senadora, presidente da comissão de relações exteriores, lhe disse que ele seria o “rei do Senado se fizesse um gesto em relação ao 5G”.

A declaração de Ernesto sobre a senadora foi vista como desespero por senadores, uma tentativa de tirar o foco da pressão por sua demissão. Kátia Abreu respondeu a postagem do ministro e disse que é “uma violência resumir três horas de um encontro institucional a um tuíte que falta com a verdade”.

Vários senadores prestaram solidariedade a Kátia Abreu, e o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM), criticou a fala de Ernesto, a qual chamou de “cortina de fumaça”.

Conheça Ernesto Araújo

Ernesto Araújo foi anunciado como ministro das Relações Exteriores de Jair Bolsonaro durante a transição de governo, em novembro de 2018, e assumiu o ministério com o início do mandato de Bolsonaro. Enquanto ministro, Ernesto Araújo criticou a política externa adotada pelo Brasil em governos anteriores.

Mas o ministro causou polêmicas com falas sobre comunismo e ao dizer que o fascismo e o nazismo eram de esquerda. Araújo iniciou a carreira no Itamaraty em 1991. Foi diretor do Departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do Itamaraty por dois anos antes de ser ministro.

Com quase três décadas de carreira, chegou ao topo da hierarquia diplomática em junho de 2018, quando foi promovido a embaixador. Já atuou nas embaixadas do Brasil em Washington (EUA) e Ottawa (Canadá).

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