Ex-soldado ameaçada de estupro revela grupo criado contra ela
O sargento envolvido no caso teria criado o grupo no WhatsApp

A ex-soldado da Polícia Militar, Jéssica Paulo do Nascimento, revelou ao seu advogado que surgiu um grupo de WhatsApp denominado ‘Todos odeiam Jéssica’. Ela recebeu prints (imagens retiradas do celular), onde o criador foi o tenente-coronel que a ameaçou de estupro e ainda cometeu assédio sexual. O oficial foi denunciado pelo advogado de Jéssica após a informação.
A ex-soldado trabalhava no 45º Batalhão da Polícia Militar do Interior, em Praia Grande. Só que ela sofreu este assédio, quando ainda trabalhava em São Paulo com o tenente-coronel Cássio Novaes. Ele está afastado do comando do batalhão onde trabalhava e a Corregedoria da Polícia Militar continua investigando.
Jéssica Nascimento disse que recebeu uma denúncia anônima de que um grupo de WhatsApp administrado pelo sargento ao qual respondia quando ainda estava lotada no 45° Batalhão da Polícia Militar do Interior, em Praia Grande, foi criado para disseminar ódio contra ela na web. Em prints que obteve, aparece o nome deste grupo, denominado “Todos Odeiam Jéssica”.
A origem da denúncia
Conforme a denúncia, foram adicionados alguns policiais nesse grupo, que deixaram o grupo aos poucos, restando apenas o sargento e outra PM. No grupo, eram compartilhadas reportagens sobre a denúncia que Jéssica fez contra o tenente-coronel Cássio Novaes, e também sobre seu relato da perseguição que sofreu dentro da corporação após acusar o superior publicamente.
Para Jéssica, o grupo de WhatsApp comprova a perseguição que relata ter sofrido antes de ser exonerada. “Eu senti medo. Mesmo pedindo exoneração por causa dele [tenente-coronel], o homem criou um grupo para me humilhar, cujo título dizia que todos me odeiam. Porém, não é bem assim, porque tem pessoas lá dentro que me respeitam e me consideram, tanto que muitos saíram do grupo indignados, e ainda recebi print de tudo. Espero que a justiça seja feita, e que seja provado que esse homem é outro obcecado e vem me perseguindo”, afirma.

Já o advogado da ex-soldado, Sidnei Henrique, disse que que as medidas cabíveis já foram tomadas junto à Corregedoria, a partir da petição, protocolada na noite desta segunda-feira (6). No documento, o advogado requereu a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar os novos fatos, bem como a instauração de um processo administrativo regular para verificar a conduta desse policial militar.
Foi reiterado, também, o pedido de imposição de medidas protetivas em favor de Jéssica, tanto com relação ao tenente-coronel já acusado anteriormente quanto em relação, também, ao sargento responsável pelo grupo de WhatsApp.
Polícia Militar
A PM explicou por meio de nota que recebeu a denúncia e imediatamente instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar rigorosamente os fatos. O oficial foi afastado do comando do batalhão e a investigação é conduzida pela Corregedoria da Polícia Militar. Segundo a corporação, todos os fatos são sigilosos, conforme prevê a legislação.
Disse, ainda, que o pedido de exoneração é de autonomia exclusiva de um policial militar e dentro dos trâmites administrativos legais. Sobre as advertências, a corporação informou que quaisquer punições administrativas, quando aplicadas, seguem o rito legal e o direito constituído à ampla defesa preceituado no Regulamento Disciplinar da Policia Militar (RDPM).
Ainda, sobre seu pedido de afastamento médico quando ainda atuava como soldado, a PM afirmou que afastamentos médicos seguem critérios profissionais. Sendo assim, são elencados sob o crivo dos Conselhos de Medicina.
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