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Dono da Havan é ouvido na CPI, mas sessão é suspensa após tumulto

Ele nega financiamento com esquema de fake news

Nesta quarta-feira (29) está ocorrendo o depoimento do empresário Luciano Hang, o dono da rede de lojas Havan, na CPI da Covid. Ele é acusado de financiar um esquema de divulgar fake news a favor do presidente Jair Bolsonaro. Mas a sessão foi interrompida após uma enorme confusão.

Ele começou o depoimento se defendendo das acusações. “Quero afirmar aqui nesta Casa, com a consciência tranquila e com a serenidade de quem tem a verdade a seu lado, que não conheço, não faço e nunca fiz parte de nenhum gabinete paralelo. Nunca financiei nenhum esquema de fake news e não sou negacionista”, declarou Hang no início do depoimento.

Em maio deste ano, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Luciano Hang. A operação mirou o suposto envolvimento de políticos, empresários e blogueiros na disseminação de conteúdo falso na internet.

Na fala aos senadores nesta quarta, o empresário disse que não é e “nunca” foi contra vacinas. “Tanto que disponibilizei todos os nossos estacionamentos como pontos de vacinação. Além disso, juntamente com outros empresários, fizemos campanha para que a inciativa privada pudesse comprar e doar para acelerar o processo de imunização”, declarou.

Segundo Hang, as opiniões deles são publicadas em redes sociais. “Como qualquer brasileiro, resguardado pela nossa Constituição e pela democracia, não abro mão da minha liberdade de expressão”, afirmou.

As contas no exterior

O relator Renan Calheiros (MDB-AL) fez o questionamento a Luciano Hang sobre as contas no exterior. O empresário então, indagou se a resposta deveria ser “sim” ou “não”.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), então, abriu o microfone e afirmou: “Não interessa. Tem ou não tem? Sabe por que ele está perguntando? Porque a gente tem indícios de que vossa excelência usa suas contas no exterior para financiar fake news”.

Hang, na sequência, se dirigiu a Aziz e declarou: “Não, não. Omar, eu tenho tudo, eu estou tranquilo. Senador, eu tenho todo tempo do mundo para responder a todas as perguntas de maneira lógica para quem está nos vendo atrás das câmeras. Tenham a tranquilidade de receber a informação correta. Faz a pergunta e eu respondo”.

“O senhor tem conta no exterior?”, indagou novamente Renan Calheiros.

“Temos”, respondeu o empresário.

A Havan

Ainda no depoimento, Luciano Hang disse que a rede Havan é conhecida, mas o dono, “desconhecido”. Segundo ele, há uma fake news segundo a qual a rede pertence aos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à filha da ex-presidente Dilma Roussef.

“Quem falava isso?”, indagou Omar Aziz.

“O povo”, respondeu Hang.

“O povo não vai inventar uma história dessas”, respondeu Aziz.

O senador Humberto Costa (PT-PE), então, disse que quem fez a afirmação foi a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP).

“É isso, Humberto, até a deputada caiu na fake news”, disse Luciano Hang.

“Ela não caiu, ela criou. É diferente”, respondeu Humberto Costa.

Morte da mãe

O nome de Luciano Hang também apareceu, na CPI, durante as investigações sobre a operadora de plano de saúde Prevent Senior. A mãe do empresário, Regina Hang, falecida em fevereiro após complicações da Covid, era cliente do plano de saúde.

Durante o depoimento desta quarta, Hang disse que a morte da mãe dele foi usada politicamente. O presidente da CPI, Omar Aziz, então, respondeu: “Não fomos nós que trouxemos sua genitora para o debate.”

A confusão

Luciano Hang provocou irritação na CPI da Covid depois que levou placas com dizeres como: “Não me deixam falar”. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), pediu para que as placas fossem retiradas e suspendeu a sessão. Omar também pediu que um advogado de Hang, que se envolveu em discussão com o senador Rogério Carvalho (PT-SE), deixasse a sessão.

A sessão começou tumultuada e se manteve tensa durante todo o tempo até a suspensão. Logo em sua fala inicial, Hang mostrou, com autorização de Omar, um vídeo sobre sua empresa. Senadores protestaram e argumentaram que se tratava de propaganda.

Dessa forma a sessão está suspensa e os senadores discutem os próximos passos.

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