Brasil tem nova queda de desemprego, mas ainda há 13,7 milhões de pessoas sem trabalho
A renda do trabalho teve queda chegando a 10,2%. É o menor índice desde 2012
O Brasil apresentou mais um recuo na taxa de desemprego, devido a um aumento de gente conseguindo trabalho. Agora ela está em 13,2% no trimestre encerrado em agosto. Mas é cedo para comemorar porque ainda há 13,7 milhões de desempregados. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a taxa mais baixa desde o trimestre encerrado em maio de 2020 (12,9%).
Apesar da queda do desemprego, a informalidade cresceu e o rendimento real dos brasileiros teve uma queda histórica.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego estava em 13,7%, atingindo 14,1 milhões de pessoas.
A previsão inicial de 25 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data era de uma taxa de desemprego de 13,5% no trimestre terminado em agosto. Mas o desemprego recuou mais do que o esperado pelos especialistas.
Rendimento médio sofre queda
O Brasil tem até o momento, 90,2 milhões de pessoas ocupadas. Isto simboliza um aumento de 4% em relação ao trimestre móvel anterior. Ou seja, um adicional de 3,4 milhões.
“O nível de ocupação subiu 2 pontos percentuais para 50,9%, o que indica que mais da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país. Em um ano, o contingente de ocupados avançou em 8,5 milhões de pessoas”, destacou o IBGE.
O rendimento médio real do trabalhador foi de R$ 2.489 no trimestre encerrado em agosto. Isto corresponde a uma redução de 4,3% em 3 meses e de 10,2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Esse resultado sinaliza uma corrosão da renda proveniente no trabalho em um ambiente de inflação nas alturas.
Segundo o IBGE, “foram as maiores quedas percentuais da série histórica”, iniciada em 2012, em ambas as comparações. A massa de rendimento real, que é soma de todos os rendimentos dos trabalhadores, recuou 0,7% na comparação anual, atingindo R$ 219,2 bilhões, o que corresponde a R$1,5 bilhão a menos no bolso da população ocupada.
A queda no rendimento está mostrando que, embora haja um maior número de pessoas ocupadas, nas diversas formas de inserção no mercado e em diversas atividades, essa população ocupada está sendo remunerada com rendimentos menores. A ocupação cresce, mas com rendimento do trabalho em queda”, afirmou Adriana Beringuy.
Segundo o IBGE, frente ao mesmo trimestre de 2020, as maiores reduções no rendimento médio ocorreram em ocupações na indústria (-13,8%, ou menos R$ 396), no segmento de alojamento e alimentação (11,6%, ou menos R$ 196), no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-9,6%, ou menos R$ 207) e na construção (-9,2%, ou menos R$ 187).
Recordes na conta própria e trabalho doméstico
O aumento da ocupação no país tem sido puxado pelo principalmente pela expansão do trabalho por conta própria e do emprego sem carteira assinada.
O trabalho por conta própria atingiu novamente patamar recorde, somando 25,4 milhões de pessoas, com aumento 4,3% (mais 1 milhão de pessoas) em 3 meses. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o contingente avançou 3,9 milhões, alta de 18,1%.
O número de trabalhadores domésticos (faxineiras, passadeiras, jardineiros, etc.) aumentou 9,9% no trimestre, somando 5,5 milhões pessoas. Frente ao mesmo período do ano anterior, cresceu 21,2%, um adicional de 965 mil pessoas. As expansões trimestral e anual foram as maiores em toda em toda a série histórica da ocupação dos trabalhadores domésticos.
O número de empregados sem carteira cresceu 10,1% na comparação com o trimestre móvel anterior e 23,3% na comparação anual, somando 10,8 milhões. Já o número de trabalhadores com carteira assinada aumentou em 1,1 milhão (4,2%) em 3 meses e em 1,9 milhão (6,8%) em 1 ano, totalizando 31 milhões de pessoas.
Aumento na subocupação
A mão de obra ‘desperdiçada’ no país encolheu. O contingente de pessoas subutilizadas, aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial, somou 31,1 milhões, queda de 5,5% em relação ao trimestre anterior.
A taxa composta de subutilização para 27,4%, ante 30,6% há 1 ano.
Já os trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas, aqueles que trabalham menos horas do que poderiam trabalhar, atingiu o número recorde de 7,7 milhões de pessoas, um aumento de 4,7% (mais 343 mil pessoas). Na comparação anual, o indicador subiu 29,2% (1,7 milhão).
Os desalentados – pessoas que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado – somaram 5,3 milhões, uma redução de 6,4% em relação ao trimestre encerrado em maio e de 8,7% em 1 ano.
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