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Hospital de Jundiaí alerta sobre cuidados com a saúde da população negra

Algumas doenças que atingem mais este público são fatais

Nesta semana diversos temas em alusão ao Dia da Consciência Negra estão sendo abordados. Mas além do respeito e da busca da igualdade e o fim da violência, outro alerta essencial que deve ser lembrado é sobre a saúde desta população. É o que lembra o Hospital São Vicente de Paulo, em Jundiaí.

Desde  2009, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) para o Sistema Único de Saúde (SUS). As diretrizes incluem ações de cuidado, atenção, promoção à saúde e prevenção de doenças, além de outras instruções essenciais para o desenvolvimento das práticas.

De acordo com dados do órgão nacional, atualmente o tratamento pelo SUS de doenças que mais afetam a população negra, como é o caso da anemia falciforme, por exemplo, alcança cerca de 40 mil pessoas. Na lista, ainda constam outras quatro doenças.

“As morbidades, como a obesidade e o sedentarismo, são fatores de risco para desencadeamento das patologias, principalmente nos casos de hipertensão e diabetes. Sabemos que muitas doenças são genéticas ou hereditárias, mas, segundo o Ministério de Saúde, o processo de adoecimento dos indivíduos negros também possui forte influência dos fatores de risco modificáveis, como estilo de vida, fatores ambientais e ocupacionais, por exemplo”, explica o nefrologista e clínico médico, Dr. Reneu Zamora Júnior.

Anemia Falciforme

Predominante entre negros, a doença genética e hereditária, é caracterizada por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma arredondada e elástica, adquirem o formato de ‘meia lua’ e endurecem. Isto dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e, consequentemente, a oxigenação dos tecidos. A prevalência da anemia falciforme na população negra e mestiça dá-se por conta de uma mutação genética que surgiu no continente africano ainda no período da escravidão.

Dentre os sintomas estão cansaço, palidez, sono, dores nos ossos e articulações, olhos e pele amarelados e infecções frequentes. No tratamento são utilizados medicamentos e em alguns casos pode ser necessária a transfusão sanguínea. O transplante de medula óssea também é uma opção indicada para alguns casos graves e selecionados pelo especialista.

Hipertensão Arterial Sistêmica

Conhecida popularmente como “pressão alta”, a doença crônica é caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. É comum entre as doenças cardiovasculares e o principal fator de risco para diversas outras complicações que levam à morte, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e pacientes que precisam de tratamento com diálise.

Prevalente na população negra, o estudo da revista Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research (BJSCR), aponta que a condição pode estar relacionada ao fato dos negros possuírem uma falha hereditária na captação do sódio e cálcio, bem como em seu transporte renal, o que auxilia no desenvolvimento da patologia.

A pressão arterial dificilmente apresenta sinais ou sintomas, por isso é importante que a população realize a aferição da pressão com frequência e acompanhe as possíveis oscilações. Em casos mais graves, os pacientes podem sentir enjoos, tonturas, dores de cabeça e na nuca, dificuldade para respirar, dores no peito e zumbido no ouvido. A doença não é curável, mas é possível mantê-la controlada por meio de medicamentos prescritos por um médico especialista e um estilo de vida saudável.

Diabetes Mellitus (tipo II)

É definida pela produção insuficiente de insulina, pelo pâncreas, ou pela incapacidade do organismo de utilizar a insulina produzida de forma eficiente. A patologia, que também é crônica, atinge com mais frequência os homens negros (9% a mais que os homens brancos) e as mulheres negras (em torno de 50% a mais do que as mulheres brancas).

Silenciosa, na maioria dos casos, os sintomas da doença só aparecem quando ela já está avançada. O enfermo pode notar sede constante, boca seca, perda de peso, formigamento em pernas e pés, feridas que demoram a cicatrizar e cansaço frequente. O tratamento é feito com antidiabéticos orais prescritos pelos médicos, monitoramento constante dos níveis de açúcar no sangue e hábitos de vida saudáveis.

Glaucoma

 O glaucoma é uma doença provocada pelo aumento da pressão ocular, causando danos ao nervo e fazendo com que o paciente reduza aos poucos o campo visual. Se não tratado, o glaucoma pode levar à cegueira. De acordo com o Estudo de Avaliação de Descendência Africana e Glaucoma (ADAGES) III, os negros têm quinze vezes mais chances de desenvolver deficiência visual associada ao tipo primário de ângulo aberto. As pesquisas apontam que o índice pode estar relacionado ao tamanho do disco óptico, grande volume de copos ópticos e a estrutura do tecido que dá suporte ao nervo dos olhos.

Alguns dos sintomas de glaucoma são perda gradual da visão, dor forte e súbita no fundo dos olhos, diminuição do campo de visão, olhos vermelhos e inchados, lacrimação e dificuldades para enxergar em ambientes escuros. Entre as opções de tratamento prescritos por especialistas estão o uso diário do colírio, medicação oral, terapia laser e, em casos avançados, cirurgia.

Câncer de Próstata

É o tumor que afeta a próstata, glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra, canal que liga a bexiga ao orifício externo do pênis. Ocorre quando há uma multiplicação desordenada das células da próstata, culminando em tumor maligno que pode acometer apenas a glândula ou se estender local ou sistemicamente. De acordo com estudos populacionais, só no Brasil, cerca de 60% dos casos de câncer na próstata são em pacientes negros. O dado ainda gera dúvidas nos especialistas, já que não existem diferenças biológicas entre as raças.

No estágio inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas, que só são identificados em casos mais graves. O paciente pode observar micção frequente, fluxo urinário fraco ou interrompido, sangue na urina ou no sêmen e disfunção erétil.

Os tratamentos mais utilizados são as cirurgias e a radioterapia. Em casos avançados, quando o tumor já passou da próstata e se espalhou para outros órgãos, o tratamento mais indicado passa a ser a hormonioterapia. A quimioterapia só é indicada para casos onde a hormonioterapia já não resolve mais.

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