*Por Adalberto Ceolin
Particularmente essa é a minha forma predileta de comunicação, pois creio que as metáforas tornam o assunto leve e divertido, percorrendo um caminho mais suave, do ponto de saída ao final.
O ponto de saída normalmente é a necessidade de conduzir o ouvinte (equipe, grupo, pessoas, família, indivíduo, etc…) a partir de um desafio, passando pela compreensão da situação, chegando a um destino, que nada mais é do que a solução de um problema.
Uma história com começo, meio e fim. E que esse final, sempre seja um final feliz.
Metáforas consistem no uso de palavras ou histórias fora do sentido literal e concreto, comparadas a uma situação real.
São exemplos comparativos que visam facilitar a explicação do ponto de vista do comunicador e, consequentemente, uma melhor absorção e entendimento da história ou instrução, por parte de quem seja destinatário da mensagem.
Durante a narrativa, o comunicador se utiliza de alegorias para dar seu recado e, de uma forma leve, traz sutilmente uma analogia de sua história, conectando-a ao cenário real e concreto, aproximando ambos de forma harmoniosa.
Dentro do ambiente da liderança, normalmente essas metáforas já trarão para o contexto atual, uma solução à questão enfrentada, visando assim, a aplicação concreta àquilo que precisa ser resolvido.
As metáforas são interpretadas pelas pessoas de forma a introduzi-las gradativamente dentro do contexto daquele determinado assunto. E mais do que isso, possibilita a abertura de filtros a partir das realidades individuais de cada um.
Essa abertura de filtros, quando é bem introduzida a partir da comunicação pelas metáforas, se transforma em criatividade, possibilitando assim, um olhar positivo em relação à situação em questão.
Uma dificuldade por exemplo, poderá ganhar um viés de desafio e aprendizado. Mais do que isso; quando uma adversidade é reconhecida como um aprendizado, logo as possíveis soluções para o problema, começam a surgir de forma criativa, leve e espontânea.
Tudo dependerá de como o líder conduz a situação. Se diante de um problema, ele se limitar a ficar caçando um culpado, mais distante estará da solução.
Claro que problemas acontecem e eram realmente um grande desperdício de energia. É nesse ponto que devemos parar. Energia? Que energia? E a resposta é simplesmente energia. Quando o líder se vê diante de uma situação desagradável e difícil, ela pode piorar ainda mais se ele transmitir isso aos seus liderados. É como estar diante de um incêndio e colocar mais lenha (repare que essa fala já é uma metáfora).
Se ao invés de ficar se lastimando, usar essa energia para lançar desafios de forma criativa, tornará tudo mais fácil e leve. Ao final, quando todo o problema passar, o grupo e o próprio líder se sentirão alegres por causa do resultado.
Essa prática sistematicamente irá condicionar o grupo, através de uma cultura, que situações problemáticas, podem, na verdade, levar a grandes vitórias.
E aqui tomo a liberdade de introduzir mais uma pequena metáfora para te
levar a sentir essa sensação.
Um campeonato de futebol ou qualquer outro esporte que venha á sua mente, é muito mais prazeroso no final, quando você ou seu time vence com dificuldades. Nesse ponto de vista, nada que é muito fácil lhe dará um grande prazer.
Ninguém pode negar que Jesus Cristo era um grande líder e seus ensinamentos perduram até hoje. Lembre-se que ele se comunicava através de parábolas, que na verdade nada mais eram do que sábias metáforas contendo ensinamentos preciosos que até hoje nos ajudam a compreender qualquer questão.
Se você gosta da ideia de se comunicar através de metáforas, é importante estar atendo a alguns detalhes.
Como não somos Jesus Cristo, é muito interessante que você goste de contar histórias. Também, usar uma linguagem de fácil compreensão é fundamental, pois se você utilizar uma forma de comunicação que esteja além ou aquém da compreensão do destinatário da conversa, isso não irá funcionar.
É nesse ponto que uma boa caixa de ferramentas pode ajudar e muito.
No capítulo das Ferramentas de Líder, abordamos algumas técnicas muito interessantes a quem é ou pretende exercer alguma posição de liderança. Técnicas como PNL, Coaching, Oratória, Eneagrama etc podem ser decisivas dentro de uma abordagem.
Sem nos aprofundarmos muito no assunto, um exemplo interessante é a forma de percepção e absorção das mensagens pelas pessoas. Alguns percebem o mundo mais pela visão (visuais), outros percebem o mundo com mais facilidade pelos sons (auditivos) e outros ainda através de sensações, como tato ou olfato (sinestésicos). Nem sempre é possível ao comunicador ter esse conhecimento sobre os destinatários de sua comunicação. Isso pode ficar mais complicado se o grupo for grande e tenha pessoas dos três grupos relacionados acima.
Assim, durante a fala, enquanto se comunica através da metáfora adequada à questão, o comunicador deve se utilizar de situações que atinja as pessoas de forma positiva através de sua forma de percepção. Por exemplos usar termos do tipo “… quando você ver o barco afundando…”, com certeza a questão será compreendida com mais sensibilidade por aqueles que são visuais.
“Um grupo engajado é como uma orquestra muito bem afinada. Se alguém não está engajado, ele mesmo e todos os outros logo percebem a desafinação”. Isso ficará melhor na compreensão daqueles que mais auditivos.
“Um ambiente de estresse gera uma energia muito negativa e pesada. Quando ingressamos em local assim, é como se sentíssemos um grande peso nas costas”. Essa comunicação com certeza será mais eficaz àqueles mais sensitivos ou sinestésicos.
Falando em metáforas, vamos a uma então
O RECLAMEJO E O BARRIL DE PÓLVORA
Zé Reclamejo (ou Zé Mimimi) Estava confortavelmente sentado sobre grande barril de pólvora.
O barril era um assento tão confortável, mas tão confortável que parecia ter sido feito sob medida para o perfeito encaixe de suas nádegas.
Um dia, Zé Reclamejo notou que o barril possuía um longo pavio e ele estava aceso.
– Ei, o pavio está aceso! Exclamou e reclamou o Zé Reclamejo.
– Ei, o pavio está aceso! Alguém tem que apagar!
Ei, o pavio está aceso merda! Será que ninguém viu isso?!
E sentir tirar sua bunda do confortável barril, Zé Mimimi continuava seu reclamejo, ou Zé Reclamejo continuava seu mimimi, já nem sei mais.
Enquanto Zé Reclamão seguia com seu blá blá blá, o pavio continuava a queimar e se aproximar do barril.
Eis que então, Zé Reclamão Mimimi teve uma ideia. – Vou procurar quem acendeu o pavio. E sem retirar a bunda od seu confortável barril, gritou: – Quem foi que acendeu esse paviu?
– Por que alguém acenderia esse pavio?
– Quando será que esse pavio foi aceso?
– Como será que esse pavio foi aceso?
– Ah, mas quem acendeu esse pavio deveria levar uma surra!
E pavio queimando e se aproximando cada vez mais.
Mas isso não parecia ser motivo para o Zé Mimimi sequer se mover, a final, alguém deveria fazer alguma coisa.
E o Reclamejo seguia firme e forte.
– Onde alguém estaria com a cabeça para acender esse pavio? Só pode ser obra de um idiota mesmo!
– Mas o pior é ficar aqui vendo que ninguém faz nada para apagar esse pavio.
– Que absurdo! Será que não estão vendo?!
– Isso vai explodir a qualquer momento e ninguém faz nada.
– Eí! Helo! Tem alguém aí? O pavio está aceso.
– Eí! BUUUUUUMMMMMMM!!!!!
E lá se foi pelos ares o Zé Reclamejo ou seria o Zé Mimimi. Nem sei mais. Só sei que foi pelos ares junto com sua bunda mole.
Quantas vezes percebemos uma situação desafiadora e ao invés de tirar a bunda do confortável assento e apagar o pavio, perdemos tempo e gastamos energia em querer saber quem criou o problema, por que criou, ou ainda através do que chamo raciocínio argumentativo progressivo (R.A.P. ou simplesmente papo furado), tentamos eleger e apontar um responsável para resolver aquilo que nos incomoda, a final, alguém deve arregaçar as mangas, se levantar e apagar o pavio não é?!
Aí, o barril explode e o Zé Mimimi ainda vai dizer: Tá vendo só?! Eu avisei
Adalberto Ceolin
Coach e PNL Master Practitioner e
Delegado de Polícia do Estado de São Paulo
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