Mais de 2,5 milhões de pessoas participam do Círio de Nazaré
Festa volta a acontecer com presença de público após três anos e com várias promessas


Desde 2019 que os católicos não puderam celebrar presencialmente a devoção por Nossa Senhora em Belém, no Pará. Mas neste domingo (9), aconteceu a Festa do Círio de Nazaré e mais de 2,5 milhões de pessoas, sejam paraenses, ou fieis de outras partes do Brasil, participaram da festa de edição 230.
Com o tema “Maria, Mãe e Mestra”, a 230ª edição do Círio de Nazaré homenageou a padroeira da Amazônia. Entre os promesseiros, pescador usou roupa com 200 caranguejos vivos e uma professora carregou cruz em agradecimento à saúde da mãe.
A romaria começou às 7h10, saindo da Catedral de Belém, após missa celebrada por Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará. E depois rodou cerca de 3.600 km levando bênçãos, agradecimentos e graças aos fieis.
A procissão seguiu rumo à Basílica Santuário, erguida no mesmo local em que a Imagem foi achada em 1700, pelo caboclo Plácido. Percorreu o Centro Histórico de Belém e alguns dos principais monumentos representativos da história da cidade, como o Ver-o-Peso, Estação das Docas, Praça da República, entre outros.
Às 12h20, a berlinda chegou à Praça Santuário, ocorreu a missa de encerramento da grande procissão, celebrada por Dom Antônio de Assis Ribeiro, Bispo Auxiliar de Belém do Pará.
Patrimônio mundial
Com a inclusão, a festa, que desde 2014 tem o certificado de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), passa a ter agora 14 carros.
Integram o conjunto de carros do Círio de Nazaré, além da Berlinda: Carro de Plácido, Barca da Guarda Mirim, Barca Nova, Cesto de Promessas, Barca com Velas, Barca Portuguesa, Barca com Remos, Carro Dom Fuas e Carro da Sagrada Família, os quatro Carros dos Anjos, que são conduzidos pela Catequese da Basílica Santuário de Nazaré, e o Carro da Saúde.
Conheça a história
A tradição da Festa de Círio de Nazaré teria iniciado, segundo historiadores, quando o caboclo Plácido encontrou a imagem de Nossa Senhora em uma bifurcação de um taperebazeiro (árvore do taperebá). Ele a levara para sua casa e a colocara em um pequeno altar de miriti, onde estavam um crucifixo e outras imagens de santos de sua devoção. No dia seguinte, a imagem teria sumido. Ao retornar ao local do achado, percebeu que ela se encontrava no mesmo lugar do dia anterior.
O fato repetiu-se durante alguns dias e a notícia do “desaparecimento” se espalhou, provocando a intervenção das autoridades civis e eclesiásticas, fazendo com que fosse levada para o Palácio do Governo, para o Paço Episcopal e à recém-erguida Catedral, de onde ela também sumiu, sendo encontrada no mesmo local de origem. Por conta dos desaparecimentos, Plácido teria entendido que a imagem deveria ficar no local onde fora encontrada e ali construiu uma ermida para abrigá-la. O local do achado é onde hoje se encontra a majestosa Basílica Santuário.
Atualmente a Imagem Original permanece o ano todo no Glória, na Basílica Santuário, estando próxima dos devotos em maio e outubro, e uma outra Imagem, chamada Peregrina, participa de todas as festividades do Círio.
Desde quando a Imagem Original foi entronizada no Glória, outra imagem, pertencente ao Colégio Gentil Bittencourt, passou a substituí-la nas romarias até 1969, quando foi confeccionada a Imagem Peregrina, que até hoje segue nas 13 romarias e visitas oficiais. A imagem possui status de Chefe de Estado, conferido por uma lei estadual paraense.
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