Saúde

Vive se automedicando? Cuidado! A prática não é saudável, principalmente na pré-eclâmpsia

As gestantes estão mais sob riscos de perderem o bebê e também ter novas complicações

Historicamente, a pré-eclâmpsia é a principal causa de morte materna no mundo. Caracterizada pela elevação da pressão arterial durante a gravidez, a doença pode ser identificada precocemente durante a realização do pré-natal, por meio da aferição da pressão e avaliação durante as consultas.

Entre os principais sintomas estão dor de cabeça, dor na boca do estômago, alterações na visão (com pontos de luz ou “estrelinhas”), e inchaço dos membros inferiores.

“São condições que parecem simples e isoladas, então sem orientação médica, muitas gestantes acabam se automedicando em casa e mascarando a real situação, que é relacionada à elevação da pressão arterial”, alerta Soubhi Kahhale, Coordenador Científico de Obstetrícia da Maternidade São Luiz Star e professor Associado Livre Docente da Faculdade de Medicina da USP.

Pré-natal

Por isso a importância da realização correta do pré-natal e a busca por atendimento ao identificar qualquer sintoma ou alteração durante a gestação. “É uma doença rápida e muito perigosa, mas se identificada precocemente, é possível adotar medidas de controle que possibilitam uma gravidez segura”, complementa o médico.

O alerta acontece na semana em que é celebrado o Dia Mundial de Pré-eclâmpsia na segunda-feira (22), data voltada para a conscientização sobre a doença, que afeta de 5 a 10% das gestações no mundo.

De acordo com a percepção do especialista, que atua há 50 anos na área e já coordenou um grupo de pesquisa no Hospital das Clínicas de São Paulo sobre hipertensão e pré-eclâmpsia, fatores relacionados à pandemia aumentaram o receio das gestantes em buscar atendimento hospitalar, influenciando na gravidade dos casos.

Levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta queda de 13% nas consultas de pré-natal no ano de 2020, em relação a 2019, de acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS).

“O que temos visto em hospitais são gestantes que chegam com quadros graves de pré-eclâmpsia, como a Síndrome Hellp, que evolui com problemas de coagulação e a eclâmpsia quando apresenta convulsões. Ou seja, quadros gravíssimos e muitas vezes irreversíveis”, destaca

Dados apontam que cerca de 20% das internações na UTI da Maternidade Star são relacionadas com síndromes hipertensivas na gravidez.

Recomendações

“Use máscara, álcool em gel e outras medidas para se sentir mais segura, mas vá ao médico. Jamais tome medicamentos por conta própria, pois isso pode agravar o quadro clínico”, orienta o professor Soubhi.

Já Mariza Loesch, coordenadora médica da Unidade de Terapia intensiva, lembra que o cuidado com a hipertensão não se encerra no parto. “O puerpério é um período extremamente conturbado e estressante, e os riscos relacionados à doença continuam. Por isso, é extremamente importante seguir com os cuidados após a saída do hospital, com acompanhamento médico ambulatorialmente”, explica a especialista.

Entre as complicações estão principalmente problemas cardiocirculatórios, como derrame cerebral. “Após o nascimento a mãe tem uma série de preocupações com o bebê e a nova rotina, mas não pode deixar de lado os cuidados com a sua saúde”, alerta Mariza.

De acordo com levantamento do Observatório Obstétrico Brasileiro, com dados do Ministério da Saúde, a razão de mortalidade materna nacional aumentou 94% durante a pandemia da Covid-19, passando de 55.31 a cada 100 mil nascidos vivos em 2019, para 107.53 em 2021.

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