ItatibaPolícia

Como o PCC manipulou licitações em Itatiba e outras cidades de SP

O esquema de fraude do PCC revelou uma rede de corrupção envolvendo licitações em várias cidades paulistas, incluindo Arujá, Cubatão e Poá

A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo (MPSP) investigam um esquema de fraudes em licitações envolvendo a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e agentes públicos em várias cidades paulistas. Itatiba, no interior do estado, se tornou um dos centros das investigações, revelando como a organização manipulou editais locais com ajuda de servidores municipais para vencer concorrências.

De acordo com o MPSP, em outubro de 2021, o Grupo Safe, de propriedade de Vagner Borges Dias, conhecido como “Latrell Brito” e ligado ao PCC, participou de um pregão em Itatiba para contratos de “controle de portarias.” A quadrilha marcou presença com três representantes de empresas diferentes, todas pertencentes ao mesmo grupo ligado ao PCC, segundo o Ministério Público.

No pregão, eles estavam posicionados na terceira, quarta e quinta colocações. Com a ausência do representante da primeira colocada, que não apresentou proposta, a expectativa era que a segunda empresa, não envolvida no esquema, saísse vencedora.

Diante disso, os integrantes da quadrilha se sentiram inseguros sobre o resultado e buscaram o aconselhamento do ex-secretário de Administração de Itatiba, Eduardo Antônio Sesti Júnior, sobre como proceder. Decidiram, então, intimidar o representante da segunda empresa, que acabou desistindo da licitação, abrindo caminho para que a facção garantisse a vitória no certame.

Criminosos trocam mensagens durante disputa por licitação, em Itatiba, e registram foto — Reprodução/MPSP
Reprodução/MPSP

 

 

 

 

 

 

Após a vitória no certame, dois membros da quadrilha foram a um bar celebrar. Contudo, a alegria foi curta, pois logo em seguida, a empresa ligada ao PCC foi desclassificada pela pregoeira responsável, devido ao não cumprimento de um dos requisitos do edital.

Buscando reverter a decisão, a empresa apresentou um recurso ao Tribunal de Contas do Estado, mas sem sucesso. A investigação revelou que essa reviravolta negativa para a facção expôs o envolvimento do ex-secretário Eduardo Antônio Sesti Júnior no esquema, especialmente por suas perguntas a Latrell Brito sobre o andamento dos processos e sua afirmação de que “precisamos de alguma coisa urgente” para alterar a decisão do Tribunal.

O esquema se estendeu para cidades de Arujá, Cubatão e Poá, onde os criminosos também aliciaram servidores públicos, secretários e vereadores para garantir o direcionamento de licitações. Em Poá, por exemplo, aproveitaram o afastamento de um vereador para inserir um aliado no comando da Câmara Municipal, reforçando a influência da facção no cenário político local.

O MPSP apontou que o grupo conseguiu faturar contratos milionários, com o Grupo Safe acumulando mais de R$164 milhões em contratos públicos. A operação segue com a prisão de vários envolvidos e cumprimento de mandados de busca.

Latrell permanece foragido, enquanto outros investigados enfrentam processos judiciais por corrupção e associação ao crime organizado. A prefeitura de Itatiba e o ex-secretário Sesti Júnior ainda não se pronunciaram oficialmente.

LEIA MAIS

 

 

Mostrar mais

Artigos relacionados

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo
Don`t copy text!

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios