Suplicy é diagnosticado com linfoma não Hodgkin aos 83 anos: entenda a doença
Deputado estadual descobriu o câncer em julho deste ano; Doença é mais comum em pessoas acima de 60 anos
Nesta segunda-feira, 28 de outubro, Eduardo Suplicy, de 83 anos, revelou que está em tratamento contra um linfoma não Hodgkin, tipo de câncer que afeta as células do sistema linfático. O deputado estadual recebeu o diagnóstico em julho deste ano.
A doença, considerada rara e agressiva, foi descoberta logo no início, o que melhora o prognóstico do tratamento. Suplicy está realizando imunoquimioterapia, combinando medicamentos endovenosos tradicionais com drogas que estimulam o sistema imunológico a atacar às células cancerígenas.
Na última década, o termo Linfoma ganhou as manchetes após uma série de personalidades famosas revelarem o diagnóstico da doença. E não é à toa que ouvir falar sobre esse tipo de câncer está mais comum: no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2023-2025 sejam diagnosticados 12.040 de linfoma não Hodgking e 3.080 casos de linfoma de Hogdking. E, segundo a entidade, por motivos ainda desconhecidos, o número duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos.
De acordo com uma pesquisa feita pelo Observatório de Oncologia, entre 2008 e 2017, foi mostrado que o linfoma costuma ser diagnosticado tardiamente no Brasil. Cerca de 58% dos pacientes descobrem a doença em estágio avançado e 60% dos homens e 57% das mulheres têm um diagnóstico tardio.
Suplicy recebeu o resultado quando foi ao médico, em julho deste ano, recebeu o diagnóstico de linfoma não Hodgkin, um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático e que se espalha de maneira não ordenada.
Ele está sob o cuidado do médico hematologista Celso Arrais, e já recebeu 4 das 6 aplicações do ciclo de tratamento, apresentando bons resultados, informou a assessoria de imprensa do político.
Mas, do que se trata esse tipo de tumor?
De forma simplificada, os linfomas podem ser classificados como Hodgkin, mais raro e que afeta em especial jovens entre 15 e 25 anos e, em menor escala, adultos na faixa etária de 50 a 60 anos, ou não-Hodgkin, cujo grupo de risco é composto por pessoas na terceira idade (mais de 60 anos), como é o caso de Suplicy. Para Mariana Oliveira, onco-hematologista da Oncoclínicas São Paulo, apesar de não haver prevenção por desconhecimento do que leva ao surgimento da neoplasia, a chave para deter a evolução progressiva do tumor é o conhecimento. “A boa notícia é o fato de os linfomas terem alto potencial curativo. O diagnóstico precoce é fundamental para alcançar o êxito no processo terapêutico, por isso o esclarecimento à população é essencial”, afirma.
Sintomas e tratamento
Os sintomas em geral são aumento dos gânglios linfáticos (linfonodos ou ínguas, em linguagem popular) nas axilas, na virilha e/ou no pescoço, dor abdominal, perda de peso, fadiga, coceira no corpo, febre e, eventualmente, pode acometer órgãos como baço, fígado, medula óssea, estômago, intestino, pele e cérebro.
“As duas categorias – Hodgkin e não-Hodgkin -, contudo, apresentam outros subtipos específicos, com características clínicas diferentes entre si e prognósticos variáveis. Por isso, o tratamento não segue um padrão, mas usualmente consiste em quimioterapia, radioterapia ou a combinação de ambas as modalidades”, explica Mariana Oliveira.
Em certos casos, terapias alvo-moleculares, que tem como meta de ataque uma molécula da superfície do linfócito doente, podem ser indicadas. “Estas proteínas feitas em laboratório atuam como se fosse um ‘míssil teleguiado’ – que reconhece e destrói a célula cancerosa do organismo”, ressalta o médico. Ainda, dependendo da extensão dos tumores e eficácia das medicações, pode haver a indicação de transplante de medula óssea.
Diante dos desafios impostos pela crescente incidência da doença, novas alternativas terapêuticas vêm surgindo para combater os linfomas, especialmente para os que não respondem aos tratamentos convencionalmente indicados. “A medicina tem avançado nos últimos anos principalmente através da terapia celular”, afirma a especialista.
Ela conta que o autotransplante, tratamento no qual é realizada uma quimioterapia mais intensa seguida pela infusão da medula do próprio paciente, é uma delas. A terapia com imunoterapia é outra. Com bons resultados apontados por estudos e pesquisas de referência global, o tratamento estimula o organismo do paciente a reconhecer e combater as células tumorais. “De forma bastante simplificada, podemos dizer que os imunoterápicos desativam os receptores dos linfócitos e, assim, permite que as células doentes sejam reconhecidas. Isso faz com que o organismo volte a combater o tumor – e sem causar efeitos colaterais comuns a outras medicações habitualmente adotadas nos processos terapêuticos”, finaliza Mariana Oliveira.
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