Esporte

Zagallo: 90 anos sendo a lenda do futebol

Dono de quatro conquistas de Copa do Mundo celebra mais um ano de vida

Se o Brasil ostenta o fato de ter cinco títulos de Copa do Mundo e também a fama, embora com menor repercussão hoje em dia, de ser o país do futebol, muito se deve a Mário Jorge Lobo Zagallo. O Velho Lobo merece todas as referências e nesta segunda-feira (9) mais ainda porque comemora 90 anos de vida e cheio de histórias, aplausos e agradecimentos por tudo o que fez pelo futebol.

Saindo de Atalaia, Alagoas, Zagallo veio com o pai, Aroldo Cardoso Zagallo, se firmar no Rio de Janeiro. Inicialmente seria para se tornar um representante comercial dos Tecidos Alexandria, uma fábrica que pertencia ao seu cunhado, Mário Lobo, irmão de sua esposa, Maria Antonieta, em Alagoas.

Tendo ele estudado na Inglaterra e a mãe de Zagallo, dona Maria Antonieta, tendo sido aluna em um internato francês em Alagoas, os pais queriam dar aos filhos uma educação ao estilo europeu, para que eles seguissem uma formação cultural robusta e cursasse contabilidade, inclusive para ajudar na empresa.

Só que o amor pela bola falou mais alto e começava a despontar seu talento no futebol. Sem que ninguém da família soubesse, deu os primeiros chutes nas ruas da Tijuca e no terreno do Derby Club. Seu talento logo o levou a jogar pelo time amador do Maguary.

Sucesso no profissional

O talento era tão grande que ele foi parar no América do Rio. Os títulos começaram a surgir e em 1949, ele conquistou seus primeiros títulos, vencendo o Campeonato de Amadores do Rio de Janeiro e em seguida o Torneio Início do Campeonato Carioca.

A carreira dele, então, decolou. O América-RJ tinha visibilidade e, logo em 1950, ele foi para o Flamengo, por onde conquistou o tricampeonato carioca de 1953-1954-1955. Do Flamengo, a seleção brasileira.

Com a mesma confiança, acabou sendo uma das referências táticas do time campeão mundial de 1958, funcionando como um quarto meio-campista e já demonstrando talento para a função de técnico, que exerceria anos depois.

O técnico Zagallo

A carreira brilhante terminaria aos 35 anos no Botafogo, onde jogava ao lado de craques como Nilton Santos, Garrincha, Didi e Quarentinha. Mas começaria outra carreira brilhante: a de treinador. Começando no juvenil da Estrela Solitária, já mostrava o estilo de jogo direto e pragmático, que fez com que ele dirigisse o time profissional. E mais títulos vieram para Zagallo. Ele conquistou o bicampeonato carioca nos anos de 1967 e 1968.

A ligação dele com a Seleção Brasileira voltaria a acontecer e coube a ele dirigir a equipe que se tornaria a melhor de todos os tempos no futebol. Em 1970 Zagallo substituiu João Saldanha e tinha o desafio de encaixar craques como Pelé, Jairzinho, Gerson, Tostão e Rivellino a jogarem juntos. Parecia difícil se fosse nos tempos atuais. Mas Zagallo conseguiu escalar todos e o resultado todos sabemos. Brasil tricampeão mundial.

A partir da conquista do tricampeonato mundial com a seleção, Zagallo se tornou uma figura controvertida nos anos 70. A questão dele comandar o time nacional em meio a uma ditadura militar gerava críticas de alguns que o consideravam conivente com o regime.

Além disso, uma rivalidade entre paulistas e cariocas pautava as críticas às suas convocações. Assim como ocorreu quando seu sucessor Osvaldo Brandão, gaúcho, mas muito ligado ao futebol paulista, comandou a seleção. E depois, a mesma rivalidade predominou nos tempos de Cláudio Coutinho.

Foi quando essa atmosfera mais carregada começou a se instaurar que ele comandou a seleção na Copa do Mundo de 1974. A preparação foi marcada pelas polêmicas, como a do corte do volante Clodoaldo, que até hoje garante que poderia se recuperar.

Em campo, a seleção brasileira não reeditou as grandes atuações a acabou sendo eliminada pela Holanda na semifinal. Mas a lenda de que Zagallo não tinha conhecimento do esquema moderno do adversário, dirigido pelo inovador Rinus Michels, não se sustenta, conforme informou na época o próprio preparador-físico da seleção brasileira, Paulo Amaral, enviado por Zagallo para observar o adversário na partida entre Holanda e Uruguai, pelas quartas.

A volta com o tetra

Após passagens por seleções do Kuwait e Arábia Saudita, além de outros clubes, quis que os deuses do futebol levassem Zagallo novamente à Seleção Brasileiro. Desta vez como coordenador técnico, ajudou o Brasil a voltar a erguer uma Copa do Mundo depois de 24 anos. Nos Estados Unidos, ele, junto com Carlos Alberto Parreira dirigiram uma equipe que era pragmática, mas muito eficaz e que conquistou o título mundial.

Só que mesmo com a conquista, nunca deixou de ser questionado e criticado por algumas escolhas. A conquista da Copa América de 1997 ainda tem a voz ecoando de Zagallo com a singela frase “vão ter que me engolir”.

Zagallo comandou a Seleção Brasileira na Copa de 1998 e por pouco veio o pentacampeonato. A conquista viria se no outro lado não houvesse Zidane e companhia mostrarem um futebol mágico e eficiente aplicarem 3 a 0 no Brasil e a copa indo parar na França.

O Velho Lobo voltaria à Seleção Brasileira no ciclo da Copa de 2006. Tinha em mãos o famoso ‘quadrado mágico’, Kaká, Adriano, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho. Talvez foi o último momento em que o Brasil conseguia impor respeito e medo aos adversários. Era a principal favorita a conquistar o Mundial da Alemanha. Mas mais uma vez a França de Zidane estava no caminho e venceu novamente. Ali a história de Zagallo acabaria. Pelo menos presencialmente.

Porque por tudo o que ele fez como jogador, treinador ou coordenador de Seleção não irá ser apagado. Parabéns Velho Lobo e obrigado!

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