Cultura

Cardeal Cláudio Hummes morre aos 87 anos em São Paulo

Ele foi decisivo na escolha do nome do Papa Francisco

Morreu aos 87 anos nesta segunda-feira (4), aos 87 anos, o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo emérito de São Paulo. A informação foi confirmada pelo atual Arcebispo, o Cardeal Dom Odílio Scherer. Cláudio foi vítima de câncer e ele ficou famoso por defender os povos indígenas, além de influenciar na escolha do nome do Papa Francisco.

O corpo do arcebispo será velado na Catedral Metropolitana de São Paulo, onde serão celebradas Santas Missas. Franciscano, “Dom Cláudio”, como era conhecido, era um dos arcebispos mais influentes na Santa Sé. Em 2013, no Conclave que escolheu o Papa Francisco, Cláudio estava sentado ao seu lado. Em entrevista para a imprensa, Jorge Bergoglio revelou que a escolha do nome Francisco foi inspirada por Cláudio.

A vida

Nascido em 8 de agosto de 1934, em Montenegro (RS), Cláudio Hummes dedicou-se à vida da Igreja desde os 17 anos de idade, quando ingressou na Ordem dos Frades Menores – franciscanos – em 1º de fevereiro de 1952, e manteve-se na ativa até março de 2022, quando já com a saúde debilitada, em decorrência do câncer, renunciou ao cargo de Presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama).

Aos 17 anos de idade, Cláudio ingressou, em 1952, na Ordem dos Frades Menores – franciscanos. Ordenado sacerdote em 1958, foi enviado a Roma, onde obteve o doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em 1963.

Nomeado Bispo por São Paulo VI, em março de 1975, Dom Cláudio Hummes assumiu a Diocese de Santo André (SP), em dezembro do mesmo ano, e ali permaneceu por 21 anos, até 1996, quando foi nomeado para a Arquidiocese de Fortaleza (CE).

NoABC, Dom Cláudio Hummes acompanhou de perto o movimento operário no Brasil, incluindo a histórica greve geral do metalúrgicos do ABC no fim da década de 1970. Muitas vezes, ele abriu as portas da Catedral de Santo André para assembleias, presidiu missa com a participação dos grevistas e posicionou-se contra as demissões dos manifestantes.

Em Fortaleza, entre 1996 e 1998, Dom Cláudio coordenou um trabalho com as famílias mais pobres.

Em 1998, São João Paulo II o nomeou como Arcebispo de São Paulo, onde permaneceu até 2006, tendo sido feito cardeal pela Papa em 2001.

Entre 2006 e 2010, nomeado pelo Papa Bento XVI, Dom Cláudio foi o Prefeito da Congregação para o Clero, no Vaticano. À época, o Cardeal Hummes foi responsável por mais de 400 mil sacerdotes espalhados pelos cinco continentes.

Na COP21, em dezembro de 2015, o cardeal manifestou irrestrito apoio ao modo de vida dos indígenas: “é preciso defendê-los, defender seus direitos, dar-lhes de novo a possibilidade de serem os protagonistas de sua história, os sujeitos de sua história. Deles foi tirado tudo: a identidade, a terra, as línguas, sua cultura, sua história, tudo”.

A volta ao Brasil

De volta ao Brasil, foi nomeado Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cargo que exerceu até 2019.

Em junho de 2021, após Dom Cláudio Hummes ter recebido o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional de Rosário (UNR), da Argentina, o Papa Francisco escreveu-lhe, agradecendo-o pelo “exemplo que me deu durante a sua vida”, e recordando duas frases que ficaram na história, pronunciadas pouco depois de ter sido eleito Papa, quando Dom Cláudio lhe disse: “é assim que o Espírito Santo age”; e “não se esqueça dos pobres”.

Histórias

Hummes também ocupou a função de Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, da CNBB, e da recém criada Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). Em 2019, no Sínodo da Amazônia, em Roma, Dom Cláudio defendeu a demarcação de terras indígenas.

“Nós sabemos que, para os indígenas, isso é fundamental. Também as reservas geograficamente delimitadas são importantíssimas para a preservação da Amazônia”, declarou em coletiva de imprensa no Vaticano no Sínodo.

Outro momento marcante foi quando no último dia 29 de abril, o cardeal encontrou o líder espiritual e temporal do povo tibetano, o dalai-lama Tenzin Gyatso.

Dom Claudio abriu a celebração e ressaltou o “forte simbolismo” daquele encontro. Para o Cardeal, aquele ato era manifestação “de que nos respeitamos e queremos que nossas religiões cultivem a tolerância e o respeito mútuos”.

Dom Cláudio lembrou que considera “sua Santidade dalai-lama como alguém mundialmente reconhecido como construtor da paz e da tolerância entre os povos e religiões” e que, “nós cristãos, por nossa própria fé, estamos comprometidos com a construção da paz, do amor, da solidariedade”.

Ao encerrar, Dom Cláudio pediu a Deus “que abençoe esse nosso encontro e o faça frutificar”. “Caro, dalai-lama, Vossa Santidade é muito bem-vinda entre nós”.

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