Cachoeiras da Serra do Japi precisam ser preservadas
Apesar de ser um santuário ambiental, local vem sofrendo ameaças ambientais

As cachoeiras da Serra do Japi, em Jundiaí, são uma das mais belas de todo o Estado e isso se deve ao trabalho de preservação feito pela Divisão Florestal, da Guarda Municipal. Mas ainda assim os cuidados devem ser recorrentes, por conta de excursões e churrascos feitos pelos visitantes e isso implica em degradação no bioma, especialmente nas águas.
É explicado como é feito o trabalho de preservação e a atenção contra as práticas de prejudicam o meio ambiente. Segundo o subinspetor Darlei Antônio, responsável pela Divisão Florestal, a fiscalização é recorrente, principalmente nos trechos entre Jundiaí e Cajamar.
No local existem várias nascentes com um único curso d’água que leva às cachoeiras. As placas existentes ao longo da avenida Luiz Gobbo orientam sobre a proibição de acesso nas propriedades e também para que não se pratique desmatamento, caça ou manifestações religiosas. No entanto, os abusos são facilmente identificados.
Na mata, logo ao entrar na trilha para chegar à primeira cachoeira, foi possível identificar latas de cerveja e sacos plásticos. Um pouco mais à frente se via uma garrafa de cachaça, louças quebradas, plástico e velas. “Quando encontramos alguém, a primeira coisa a fazer é orientação. Explicamos que a pessoa não deve estar ali e, principalmente, não deixar nada que possa comprometer a integridade da mata e dos animais. Mas até churrasco já flagramos, aqui”, revelou Darlei.
Na curva
Na Cachoeira da Curva, a situação não foi diferente. Próximo às águas estava um prato com flores, frutas e velas. Ao lado dele, uma garrafa de bebida alcoólica. Uma marmitex também evidenciava que alguém se alimentou ali e abandonou a embalagem. Um pouco à frente, em dois pontos próximos a uma queda d’água havia carvão. A churrasqueira foi improvisada com pedras.
Localizada à margem da avenida Luiz Gobbo, a cachoeira tem este nome porque o ponto de maior visitação fica numa curva. A passagem estreita serve de circulação para veículos de grande porte, como ônibus e caminhões. No sentido de evitar que veículos parassem ali por causa da cachoeira, atrapalhando o trânsito, a Prefeitura reforçou a sinalização com placas de proibido estacionar. Todas, no entanto, foram arrancadas pelas pessoas que insistem em frequentar ali.
Morangaba
O último ponto visitado foi a Cachoeira de Morangaba, a mais famosa até pela história que carrega. A área era particular e reunia muitas pessoas aos finais de semana, que pagavam para se refrescar na cachoeira, na década de 1980. Devido aos acidentes e mortes ocorridas após quedas das pedras, a Prefeitura de Jundiaí desapropriou a área e a manteve desde então fechada à visitação.
No local, o portão com cadeado e uma placa já identificam que o local não deve ser frequentado. Mesmo assim, foi possível encontrar embalagens de marmitex, garrafas, chinelos e até máscaras de proteção contra a Covid-19.
Excursão
Em uma rápida procura nos sites de busca é possível localizar publicações que retratam as belezas das cachoeiras e até incentivam as pessoas a se aventurar e nadar nestes locais. Nos aplicativos de GPS, algumas cachoeiras estão identificadas com fotos e avalições de quem já as visitou. Um incentivo e tanto para fomentar as visitas que, sem autorização, não devem acontecer.
“É possível, sim, conhecer as trilhas e cachoeiras, mas tudo de maneira correta e previamente autorizada. No momento, por causa da pandemia, todas as visitações estão suspensas“, destacou Darlei.
Toda esta exposição levou ao absurdo dos guardas municipais terem encontrado, certa vez, um ônibus fretado com dezenas de passageiros prontos para invadir a área de preservação. “Era um pessoal de outro município. Impedimos a descida das pessoas e orientamos o responsável pela excursão que aquilo não era permitido”.
Castelo de águas
Toda a área de preservação é descrita pela Fundação Serra do Japi (órgão da Prefeitura de Jundiaí) como um raro remanescente de Mata Atlântica no interior do Estado de São Paulo.
“De beleza paisagística inegável, formada por uma pequena cadeia montanhosa, a Serra do Japi possui uma formação rochosa composta por diferentes tipos de solo. Sua riqueza hídrica – fator que levou a denominação de ‘castelo de águas’ por parte dos naturalistas europeus, conforme relata o professor Aziz Ab’ Saber, numa clara referência à qualidade e à quantidade de água da região”, diz o texto de apresentação, publicado no site da fundação.
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