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LG vai encerrar as operações e Brasil será afetado

A fábrica deve ter até mil demissões de funcionários

A LG anunciou nesta segunda-feira (5) que vai encerrar a produção de celulares em todo o mundo. A decisão o impacto vai afetar o Brasil, já que a fábrica montada em Taubaté, no Interior de São Paulo é a única em funcionamento para a produção do setor. A previsão é que até mil pessoas sejam demitidas.

Só que a produção de monitores não deve ser afetada pela medida. O anúncio desta segunda também não deve afetar a outra fábrica que a LG mantém no país, que fica em Manaus (AM) e produz aparelhos de ar-condicionado, geladeiras e outros eletrodomésticos da chamada linha branca.

Com o anúncio desta segunda-feira, a LG se torna a primeira grande empresa que produz celulares a se retirar deste mercado.

Justificativa

A LG explicou, em nota, os motivos para que as operações de celulares parem neste ano. A justificativa são os prejuízos constantes que a empresa sofre. Embora tenha cogitado vender todo o setor, não houve sucesso.

“Desde o segundo semestre de 2015, o nosso negócio global de celulares tem sofrido uma perda operacional por 23 trimestres consecutivos, resultando em um acumulado de aproximadamente US$ 4,1 bilhões de dólares  [em perdas] até o final de 2020”, informou a LG em nota.

Os trabalhadores da divisão de celulares da fábrica de Taubaté aprovaram estado de greve em 26 de março. Na ocasião, eles buscavam negociação com a empresa diante das incertezas.

Fracasso em negociações de venda

O futuro da LG já era especulado pela imprensa internacional desde o início do ano. Em fevereiro, uma notícia veiculada pelo jornal “The Korea Times” informava que a LG havia iniciado as negociações para a venda da produção global de celulares da marca.

No entanto, no fim de março a Bloomberg publicou que após o fracasso das negociações com uma empresa alemã e outra vietnamita, a empresa sul-coreana iria fechar o setor em vez de vendê-lo.

Sindicato

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, além deles há ainda outros 430 funcionários de três fábricas terceirizadas exclusivas da LG que estão com os postos em xeque com o anúncio do fim da divisão de smartphones.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Weller Gonçalves, afirma que o fim das atividades em Taubaté vai afetar a Blue Tech e a 3C, em Caçapava, e a Sun Tech, em São José dos Campos.

“Tem duas coisas que eu acho muito importante: 90% dos trabalhadores dessas três empresas são mulheres. Na maior parte, são mães solteiras. Elas dependem desse sustento. Outra questão é que essas três fábricas produzem, de fato, os celulares. O celular vai para a LG só para ser carimbado e enviado para as lojas. Quem põem a mão na massa são essas trabalhadoras”, disse.

Greve

De acordo com o sindicato, os trabalhadores das três terceirizadas da LG na região devem entrar em greve a partir desta terça-feira (6). A greve foi anunciada no início da tarde desta segunda-feira (5), logo após o anúncio da LG.

A paralisação deve começar às 6h, na entrada do primeiro turno das empresas. O sindicato também informou que, ainda nesta terça-feira, tem uma reunião marcada com representantes das empresas terceirizadas para discutir sobre a manutenção dos postos de trabalho.

Poder público

Em nota, a Prefeitura de Taubaté informou que está em tratativas com a LG desde início de fevereiro e que a montadora sinalizou que tem interesse em reativar a operação da linha branca (geladeiras e lavadoras) na planta, mas que isso dependeria de redução do ICMS pelo Governo de SP.

“A Prefeitura está praticando a política de redução de impostos municipais, no limite na lei, para que a empresa permaneça na cidade e os empregos sejam mantidos. A Secretaria de Desenvolvimento e Inovação já informou ao Estado que, caso haja negociação sobre ICMS na planta de Taubaté, a LG informou que há condições de reativar a produção de linha branca”, diz nota.

Já o Estado informou que “acompanha a situação e está em diálogo com a prefeitura de Taubaté para apoiar a recolocação dos trabalhadores da fábrica e a atração de investimentos para mitigação dos impactos na região”.

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