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Chefe da OMS diz que a pandemia da Covid-19 está no platô

Tedros Ghebreyesus diz que o nível é 'inaceitavelmente alto'

Nesta segunda-feira (10), a Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que o mundo chegou a um platô no número de casos e mortes causadas pela Covid-19. Existem quedas nestes indicadores em vários países, inclusive na Europa e nas Américas.

Ainda assim, segundo o chefe da OMS, Tedros Ghebreyesus, não é motivo de comemorar, pois o patamar de ocorrências segue muito alto. “Mas é um platô inaceitavelmente alto, com mais de 5,4 milhões de casos relatados de Covid-19 e quase 90 mil mortes na semana passada”, disse o diretor-geral da OMS.

A preocupação da Organização Mundial da Saúde agora é com a Índia. Só no último sábado, foram mais de 4 mil mortes por Covid-19 em 24 horas e mais de 400 mil novas infecções. Só que os especialistas acreditam que os números oficiais sejam muito subestimados. Ou seja, as ocorrências podem ser muito maiores do que o registrado.

Temor com a nova variante

A OMS disse nesta segunda-feira (10) que a variante B.1.617, identificada primeiramente na Índia no ano passado, está sendo classificada como um tipo digno de preocupação global.

“Nós a classificamos como uma variante preocupante em nível global”, disse Maria Van Kerkhove, autoridade técnica da OMS em Covid-19, em uma entrevista coletiva. “Existe alguma informação disponível que indica uma transmissibilidade acentuada.”

A nova variante do coronavírus detectada no país é mais contagiosa e tem características que podem tornar as vacinas menos eficazes, contribuindo para a expansão da pandemia no país de 1,3 bilhão de pessoas, alertou a cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Soumya Swaminathan. Em entrevista à AFP, Swaminathan, pediatra e pesquisadora indiana, disse que a variante B.1.617, detectada pela primeira vez em outubro em seu país, é, sem dúvida, um fator que agravou a epidemia.

Essa variante poderia ser classificada pela OMS na lista das variantes consideradas mais perigosas que o coronavírus original, devido a sua maior disseminação e sua potencial capacidade de anular as defesas fornecidas pelas vacinas, aumentando a taxa de mortalidade entre os pacientes afetados, considerou a cientista.

A variante B.1.617 “apresenta mutações que aumentam a transmissão e que também podem torná-la potencialmente resistente aos anticorpos desenvolvidos por vacinação ou contaminação natural”, explicou.

Contágio pode chegar a enormes proporções

Em um país tão vasto como a Índia, o contágio pode continuar silenciosamente por meses. “Esses primeiros sinais foram ignorados até (as transmissões) atingirem um ponto de decolagem vertical”, continuou.

Por enquanto, é muito difícil combater o vírus “porque a epidemia atinge milhares de pessoas e está se multiplicando a um ritmo muito difícil de conter”, disse Swaminathan, alertando que a vacinação sozinha não será suficiente para retomar o controle da situação.

Até o momento, a Índia, maior produtor mundial de vacinas, inoculou duas doses em apenas 2% de sua população. “Demoraria meses, talvez anos, para chegar a um índice de 70 a 80%” da população imunizada, segundo a pesquisadora.

Num futuro próximo, serão necessárias medidas sociais e sanitárias já comprovadas para combater a epidemia, alertou. Além disso, o nível da epidemia na Índia aumenta o perigo de surgimento de novas variantes ainda mais perigosas.

“Quanto mais o vírus se replica, se espalha e é transmitido, mais aumenta o perigo de mutações e adaptações”, destacou a cientista. “Variantes que sofrem um grande número de mutações podem eventualmente se tornar resistentes às vacinas que temos hoje”, disse. “E isso será um problema para todos”, acrescentou Swaminathan.

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