Projeto para despoluir Rio Capivari será lançado em Louveira
O descarte irregular de esgoto e a proteção da mata ciliar serão os principais desafios
O Rio Capivari é um dos marcos das regiões de Jundiaí e Campinas. Mas devido ao crescimento desordenado, sofreu com a poluição e a degradação devido ao descarte do lixo, esgoto e o desmatamento, devido a ocupação irregular. No entanto, a recuperação dele pode estar próxima.
No sábado (27), a Prefeitura de Louveira irá lança o Projeto Tabarana, que foi batizado em alusão ao peixe com esse nome. Segundo relatos históricos, ele era encontrado em abundância no rio em um passado recente. Mas nos tempos atuais, ele desapareceu por conta da poluição.
O Capivari é um dos principais mananciais hídricos do município, atrás apenas do Córrego Fetá. Sua água é captada pela Secretaria de Água e Esgoto e distribuída, depois de tratada, para a população. Ele tem 180 quilômetros entre a nascente, em Jundiaí, e a foz, no município de Tietê. O Rio Capivari passa pelos municípios de Vinhedo, Valinhos, Campinas, Monte Mor, Elias Fausto, Capivari e Rafard.
O projeto de despoluição é encabeçado pela Secretaria de Gestão Ambiental, prevê esforços de todas as secretarias municipais e conta com o envolvimento da população. Foi concebido com etapas de execução de curto, médio e longo prazo, já que envolve ações imediatas e também medidas que demandam mais tempo para serem viabilizadas.
Descarte irregular
O despejo irregular de esgoto é a principal causa do comprometimento da qualidade da água do Capivari. Em geral, esses lançamentos são feitos a partir de ligações clandestinas que ficam em áreas irregulares.
Para a despoluição, a Prefeitura já está trabalhando para identificar essas ligações clandestinas e interromper o descarte. A previsão é de que o trabalho seja efetivado até 2025 e o descarte irregular seja reduzido de forma significativa ao longo desse período.
Além de reduzir esses lançamentos, o projeto de despoluição prevê também investir para preservar a mata ciliar do rio e das nascentes do seu entorno e recuperar essa mata em trechos onde isso for possível. Essas ações serão coordenadas pela Secretaria de Gestão Ambiental.
O projeto prevê mapear também as famílias que vivem às margens do rio e iniciar um trabalho de conscientização ambiental sobre a importância de preservar as águas do Capivari. Essa ação será realizada pela Secretaria de Assistência Social e deve começar ainda neste ano.
“Ações entre as diferentes secretarias da Prefeitura terão como objetivo a educação ambiental da população, incluindo as pessoas que vivem próximas ao rio, para sensibilização e criação de um sentimento de pertencimento do seu espaço. Dessa forma, esperamos que essas pessoas reconheçam a importância dos recursos hídricos naturais e nos ajudem na sua preservação”, disse a secretária de Gestão Ambiental, Rose Celidonio.
Lançamento
Na cerimônia de lançamento do projeto, no dia 27 de novembro, na Estação Ferroviária, serão apresentados os detalhes de sua execução. O evento está marcado para começar às 8h30.
Em seguida, será realizado um mutirão de limpeza e coleta de resíduos num trecho entre a Estação Ferroviária e a Fazenda Santo Antônio (duas importantes referências culturais e históricas da cidade).
Qualidade da água
Na prática, o objetivo inicial do Projeto Tabarana é a recuperação da classificação de enquadramento do Rio Capivari, que hoje se encontra na Classe 3, que é apenas a quarta melhor em uma escala de cinco níveis, de acordo com a Resolução 357 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
Segundo a secretária de Gestão Ambiental, com o Capivari limpo será possível reduzir os custos do tratamento da água distribuída para a população e até aumentar o volume de captação.
“Com um rio de águas limpas, Louveira ganha também em qualidade ambiental e sustentabilidade. Além disso, a fauna silvestre utiliza desses córregos para beber água e vai ser beneficiada. Teremos ainda o retorno da ictiofauna (dos peixes)”, afirmou.
Uma água de classificação 3 como a do Capivari tem mais restrições de uso do que as classes 2, 1 e Especial, que são melhor avaliadas devido aos menores índices de poluição detectados.
Na Classe 2, as águas podem ser destinadas ao abastecimento para consumo humano após tratamento simples/convencional. Mas também para recreação de contato primário, como natação e prática de atividades como esqui aquático e mergulho. Além disso, podem ser também destinadas à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas, além de parques e jardins com os quais o público possa ter contato direto.
Já na Classe 3, a água para consumo humano precisa de tratamento mais avançado, a irrigação só está permitida para culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras e a recreação é liberada com restrições, especificamente em casos de contato secundário (veja mais sobre as classificações no final deste texto).
Entre as ações previstas pelo projeto estão:
- Secretaria de Água e Esgoto: plano de regularização de lançamentos irregulares de esgoto com cronograma já em execução e com ações programadas até 2025;
- Gestão Ambiental: trazer conhecimento técnico e propostas de reintrodução e enriquecimento da ictiofauna local (conjunto de peixes de uma região ou ambiente).
- Educação: ações junto aos professores de arte para conhecimento do assunto e desenvolvimento de ações junto aos alunos da Rede Municipal de Ensino;
- Cultura: responsável pela identidade visual oficial do projeto, desenvolvimento de vídeos e demais ações culturais; históricos da existência do peixe tabarana no passado em Louveira;
- Assistência Social: responsável pelo envolvimento dos grupos e associações e desenvolvimento de projetos junto ao público em geral. Propostas futuras de inclusão produtiva;
- Desenvolvimento Econômico: com a participação da Divisão de turismo, responsável por dar visibilidade do Projeto Tabarana aos turistas, nos eventos realizados no Município onde há grande circulação de pessoas de fora; históricos da existência da tabarana no passado em Louveira.
O Rio Capivari
O Rio Capivari nasce em Jundiaí, na Serra do Jardim, a uma altitude de 750 metros, e deságua no Rio Tietê, na cidade do mesmo nome, no Interior de São Paulo.
Ele tem cerca de 180 km entre a nascente e a foz e corta os municípios de Louveira, Vinhedo, Valinhos, Campinas, Monte Mor, Elias Fausto, Capivari e Rafard antes de chegar a Tietê.
O nome Capivari é de origem tupi e significa capivaras, que são roedores de grande porte que ainda podem ser encontrados em suas margens.
Seus principais afluentes são o Ribeirão Sapesal, Córrego Piçarrão, Areia Branca, Rio Capivari-Mirim e Córrego Água Choca.
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