Trabalho

O Barco Furado

Qualquer evento no mar ou não deve servir para as pessoas buscarem a solução.

Por Adalberto Ceolin

Era uma vez um barco enorme. Talvez fosse um navio, ou uma caravela. Talvez uma arca.
Por descuido, abriu-se um rombo enorme em seu casco e logo a água começou a entrar, inundando toda a casa das máquinas.

A água subia rápido, mas seus tripulantes pareciam iludidos. Diziam “nossa, como será que esse rombo apareceu aí?” E a água entrando. “quem será que fez esse furo? E a água entrando. “Por que alguém faria um furo destes no casco?” E a água entrando. “mas quando esse furo apareceu aí?” E a água entrando, entrando, entrando … e o barco cada vez mais pesado.
“Ahh, com certeza existe um culpado!!!” E a água tomando conta de todo o porão.

Outros ainda abandonaram o barco, sem se importar com os que ficaram para trás.
O comandante então reuniu-se urgentemente com a tripulação e todos rapidamente chegaram ao consenso de que deveriam concertar o rombo antes que fosse tarde demais.
Então o timoneiro disse: “Eu não posse auxiliar nos reparos porque já tenho minhas funções e sem mim o barco fica a deriva”. Os cozinheiros seguiram a mesma linha: “não podemos ajudar, pois quem irá fazer a comida?” Os faxineiros: “… porque nós temos que manter o convés limpo”.

Enquanto justificavam … a água continuava a entrar.
Então, o comandante teve uma ideia. “Todas as funções são importantes. Mas se ninguém se dedicar ao conserto do rombo no casco, não haverá mais nenhuma função, pois o barco irá afundar e todos morrerão.
Assim, o comandante conscientizou todos da importância em se dedicar ao conserto urgente do rombo e todos se revezaram se dedicando a soldar as chapas e assim, eliminaram qualquer entrada de água.

O barco voltou ao seu curso normal e todos voltaram às suas funções de origem.
Mas agora havia algo diferente no ar. Depois de vencer uma dificuldade juntos, toda a tripulação se sentiu muito mais unida e passou a valorizar e reconhecer e respeitar a importância da função dos outros também. O individualismo havia simplesmente desaparecido.

O barco seguiu sua viajem como tinha que ser.
Às vezes nos damos conta de um problema e automaticamente já procuramos eleger um culpado.
Assim, encontrando ou elegendo um culpado, já pensamos em nos eximir de resolver o problema. A final, “não fui eu que causei !”

É claro que de regra, quem causa tem a obrigação de sanar. Mas muitas vezes, principalmente quando se trata de causas urgentes e complexas, é idiotice ficar caçando um culpado enquanto o barco afunda.
Não vai adiantar nada. É pouco inteligente, num primeiro momento, caçar alguém para se eximir de resolver.
O foco deve estar em resolver a questão. Encontrar um culpado é dispensável e às vezes se torna até obsoleto.
Com certeza, depois que o casco estiver remendado e o perigo afastado, o menos importante será apontar um culpado.

Encontrar alguém para por a culpa, no início, só se fazia aparentemente necessário, não para puni-lo, mas para se eximir do trabalho de ter que consertar.
Com o problema sanado, ninguém nem se lembrara de culpados, se é que algum dia existiu algum.

Reflexão

Adalberto Ceolin
Coach e PNL Master Practitioner
Delegado de Polícia do Estado de São Paulo

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